Números da pandemia em Minas Gerais sugerem estabilização da doença

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Quinta-feira, 23 de julho de 2020, atualizada às 14h52

Números da pandemia em Minas Gerais sugerem estabilização da doença

Agência Minas

Os dados da pandemia em Minas apontam para uma estabilização, conforme divulgado na quarta-feira, 22 de julho, pelo secretário de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), Carlos Eduardo Amaral. Embora o momento seja de alerta devido ao número alto de casos, o estado não ultrapassou o registro de 60 mortes por dia por data de óbito e mantém, nos últimos sete dias, uma média diária de 59 pacientes mortos pela covid-19, o que sugere um platô da epidemia.

A Secretaria de Saúde acompanha constantemente a evolução no número de óbitos causados pelo coronavírus. Quando um paciente morre supostamente por causa da doença, porém sem que haja uma confirmação, são feitos exames para investigar a causa da morte, o que pode demorar muitos dias para o resultado. Confirmada a causa pela covid-19, o óbito, então, é registrado no boletim epidemiológico da SES, o que não significa que a pessoa morreu naquele dia.

Por esse motivo, a SES faz o monitoramento do cenário pandêmico baseando-se na data do óbito do paciente. Na terça-feira (21/7), por exemplo, morreram duas pessoas no estado infectados pela covid-19. Trata-se de uma mulher de Betim, de 51 anos, e um homem, de 82, da cidade de Uberlândia. Ambos tinham confirmação para a infecção.

No entanto, o boletim epidemiológico de quarta-feira, 22, divulgou o acumulado dos últimos dias, o que totalizou em 95 registros de mortes nas últimas 24 horas. A alta se deve ao acúmulo de dados represados pelos municípios, tanto por falta de profissionais para atualização aos sábados e domingos quanto por resultado de confirmação dos óbitos pela covid por laboratório.

Caminho da informação

A SES exolica que o sistema de coleta de dados, inicialmente, quando o número de mortes causadas pelo coronavírus é informado por cada município, que preenche uma planilha diariamente a cada nova confirmação.

Essas informações não são atualizadas pela maioria das equipes de vigilância epidemiológica municipais aos finais de semana, já que, em muitas localidades, há profissionais que não trabalham aos sábados e domingos.

Esse intervalo sem dados gera acúmulo das informações ao longo da semana. “Depois do fim de semana, as equipes preenchem os dados nas planilhas nas segundas-feiras, passam para as regionais e, assim, os dados são atualizados para nós às terças-feiras à tarde. É por isso que há um número mais alto de óbitos quando divulgamos os boletins epidemiológicos nas quartas-feiras”, explica a médica epidemiologista da SES-MG, Tânia Marcial.

Além disso, para a confirmação dos óbitos causados pela doença, em muitos casos, deve-se considerar também a demora dos resultados divulgados pelos laboratórios. Segundo comentou o secretário Carlos Eduardo Amaral, em coletiva virtual, 22, a média de atraso nessas confirmações em relação à constatação da morte está em torno de dez dias para 80% dos óbitos.

Média móvel

Uma das formas de se conhecer o comportamento mais próximo da realidade da pandemia é a chamada Média Móvel, um indicador usado por especialistas e em divulgações internacionais. Considerando as variações que ocorrem para os registros de casos e óbitos nos boletins epidemiológicos, como os atrasos nos preenchimentos das planilhas e a demora dos resultados dos laboratórios, há um acúmulo na divulgação dos casos, o que prejudica a real dimensão da doença.

Com a Média Móvel, é possível calcular uma média mais aproximada da realidade do estado, ao se somar o número de mortes ou casos nos últimos sete dias e dividir o resultado por sete. Em Minas Gerais, nos últimos sete dias, foram registradas 332 novas mortes, subindo de 1.752 na última quarta-feira, 15, para 2.166 nesta quarta-feira (22/7). Ao dividir esse número por sete, há uma média de 59 mortes por dia.

Inclusive, de acordo com dados do Ministério da Saúde, Minas Gerais apresenta a 2ª menor taxa de óbitos (9,78) por 100 mil habitantes, ficando atrás somente do Mato Grosso do Sul (8,92). O resultado de Minas é 77% menor que a média dos estados (41,70), e 75% menor do que a média brasileira (38,78).