O Ping-Pong nas relações afetivas

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Ana Stuart 10/6/2009

O Ping-Pong nas relações afetivas

Em vários livros de autoajuda, como também nos grupos anônimos de mútua ajuda, tem se divulgado e questionado as relações afetivas com seus respectivos jogos.

Quem entrar no site do MADA (Mulheres que Amam Demais Anônimas) encontrará uma vasta bibliografia interessantíssima a respeito.

Mas do que se trata este interessante jogo de Ping Pong nas relações afetivas? Na verdade trata-se da imaturidade e da dificuldade de lidar com a famosa e difícil "intimidade".

Ou seja, se ele liga e vem atrás, ela se afasta e faz o jogo do "to nem aí" e depois aparece com cara de paisagem...

Ou ela manda torpedo ou uma mensagem no orkut, ele dá um tempo e depois aparece fazendo o mesmo joguinho...

Não pensem que isto só acontece com adolescentes, isso ocorre em todas as faixas etárias.

No jogo de sedução é que se avaliará a maturidade do outro e a sua própria.

Neste jogo encontraremos pessoas bem sucedidas, totalmente autônomas, mas que não sabem lidar com a intimidade.

Como também encontramos jovens sem nenhuma autonomia, mas super capazes de "enfrentar" a intimidade.

Observa-se que são comportamentos baseados no comportamento familiar muitas vezes intrínsico.

Em estudos feitos na Itália por Andof na década de 60 foi detectada a "trama familiar", ou seja, toda familia carrega seu segredo e muitas vezes este segredo só é revelado na intimidade.

E o ping-pong afetivo costuma ser um deles.

Portanto quando alguém no contexto familiar percebe e se incomoda, é porque este é um comportamento comum entre eles, "não dito".

Toda cautela é pouca ao se ouvir os sofrimentos e questionamentos alheios quando se trata de relações afetivas.

Parentes e amigos que observam de fora tentam dar conselhos e orientações que costumam ser em vão. Na terapia, a pessoa ou o casal ou a família irá falar da intimidade e desprogramar o comportamento viciado e detectar onde está a verdadeira causa ou a "trama".

Muita gente se reporta ao passado dizendo que as relações eram mais fáceis, menos voláteis.

Pela minha experiência, observo que hoje as relações são mais difíceis porque são mais corajosas e verdadeiras.

Mas como Vinícios de Moraes já dizia " para se viver um grande amor é preciso ter peito de remador!" e viva a intimidade!!



Ana Stuart
é psicóloga e terapeuta familiar

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