Filhos criados é sombra da fam?lia ficam fragilizados emocionalmente
Famílias estendidas
Nossos ancestrais moravam todos juntos na mesma tribo, se defendiam juntos, comiam juntos, caçavam juntos, sobreviviam juntos.
Os orientais costumam dizer que a família é uma árvore frondosa que faz muita sombra, e quando suas sementes caem e crescem nessa sombra, ficam tenras e frágeis. Ao passo que, quando o vento leva as sementes para longe, estas tornam-se tão fortes e frondosas quanto a árvore de origem.
Temos aí um impasse. Num mundo onde a insegurança está cada dia maior devido ao desemprego, às dificuldades interrelacionais e outros fatores de estresse, podemos observar que a família estendida se apoia. Mas, ao mesmo tempo, estes filhos criados à sombra da família ficam fragilizados emocionalmente.
Onde os apelos do consumo se sobrepõem aos valores essenciais da alma humana, as famílias estão cada dia mais ansiosas e competitivas.
Muitas vezes, a proximidade nubla o prazer do diálogo tranquilo e despojado.
Os interesses ficam voltados para presentes, heranças, cobranças.
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Fisicamente, famílias distendidas tão próximas, mas, emocionalmente, tão distantes uns dos outros.
Por isso, quando um filho vem de longe e é tratado com tanto carinho, os mais próximos se incomodam, mas não percebem que não estão sabendo lidar com a simples intimidade.
Valores como respeito e gratidão ficam em segundo plano devido a conflitos inconscientes.
Na maioria das vezes a proximidade é confundida com invasão de privacidade, e pelo bom nome da família todos se suportam sem o diálogo franco e aberto, aumentando dessa forma a distância emocional.
Pais e mães equivocadamente suprem seus filhos maiores tornando-os árvores tenras em sua sombra. Quando noras e genros entram, querendo modificar todo o esquema de dependência, não percebem que muitas vezes a simbiose é tão doentia que acabam entrando para a zona de conforto ou não suportam e acabam se excluindo ou sendo excluídos.
É necessário o enfrentamento sincero e firme, corajoso e sem grosserias — de preferência, com amor.
Afinal, se não nos perdermos, como nos encontrarmos?
Ana Stuart
é psicóloga e terapeuta familiar