Maior parte dos processos judiciais são provenientes da carência afetiva
Carência afetiva e o direito
A idéia do livro é a de que a carência afetiva causa males incontáveis.
No fórum, a maior parte dos processos são provenientes da carência afetiva. Como no caso dos casais que partem para o litígio, onde no fundo não é realmente a partilha dos bens que os move, mas a relação mal resolvida em que um dos parceiros não elabora a "rejeição".
No caso dos danos morais, se formos olhar mais profundamente, veremos que a carência afetiva causou o real dano interior.
Há pessoas que fantasiam suas relações e, ao se depararem com a realidade dos fatos, não aceitam a negação e decidem partir para a disputa judicial.
Ele cita o vício da mendacidade que é o vício da mentira, quando as partes mentem ou omitem por não confiarem uns nos outros, mas, na verdade, é a falta de assertividade ou de firmar-se como ser integral, admitindo-se tal qual é, que dificulta muitos resultados justos.
Por detrás de todo e qualquer vício, está enraizada a carência afetiva.
Outros fatores que leva aos tribunais são os preconceitos que nada mais são do que a própria carência refletida no outro.
A maior parte das pessoas que procuram o fórum, na verdade, precisam de tratamento através do autoconhecimento e, desta forma, de diminuir a demanda forense.
Um dos fatores que mais assusta o ser humano é a "intimidade", vivê-la é muito difícil, exige muito de cada um de nós, pois na intimidade todas as máscaras caem. Aquele que nos conhece sem máscara torna-se uma ameaça quando se afasta e se, nesse momento, estamos na carência afetiva negativa, corremos o risco de cometermos injustiça contra o outro e nós próprios.
Podemos sim transmutar a carência afetiva negativa em positiva, quando partimos para a "conciliação".
Existem situações em que é necessário dormir para tomar providências ao amanhacer, com a cabeça mais fria e lúcida, enxergando com clareza a situação antes de tomarmos uma providência impensada que possivelmente trará consequências desastrosas.
Certamente outras situações devem ser enfrentadas corajosamente após vários amanheceres bem pensados.
O que devemos perder de vista é a carência afetiva que nos leva a buscar "nossos direitos" quando na verdade devemos buscar o "autoconhecimento".
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Ana Stuart
é psicóloga e terapeuta familiar