Casal bem mineiro se encontra em receita de fam?lia
Casal bem mineiro se encontra em receita de família
Há uns anos, aprendi a fazer essa broa com a minha mãe, que, por sua vez, aprendeu com a minha tia-avó. A história toda, com quem começou, eu desconheço. Só sei que é fácil de fazer, super prática e rápida – o tempo de preparo varia de 10 a 15 minutos e mais 30 a 40 minutos de forno. Dispensa batedeira, usa poucos ingredientes e, em teoria, não faz muita sujeira.
Pode ser servida ao receber visitas de última hora, para colocar a prosa em dia com os amigos ou como opção para o café da manhã, da tarde, lanche da noite. O fato é que não precisa de ocasião, nem de desculpa. É boa a qualquer hora, acompanhada de um café preto ou com leite.
Como não podia deixar de ser, mudei uma coisa aqui, acrescentei outra ali e ficou incrível. Na verdade, foram poucas alterações na receita original: optei pelo leite azedo, que deixa a broa mais úmida, cremosa e perfumada e troquei a erva-doce pela semente de endro, que é mais suave e cumpre muito bem a função. Além disso, "para piorar", coloquei o dobro de goiabada. Hummm!!!
Durante as minhas experimentações, percebi que quanto menos processado, mais rústico e grosso for o fubá, melhor. Resumindo, quanto mais "da roça", mais saborosa fica. Já o leite azedo, foi uma dica da minha sogra. Comprei um leite que talhou, mas nada de jogar fora. Aproveitei para fazer a broa e ainda bem que fiz isso. O problema é que, depois, tive que passar a azedar o leite todas as vezes. Vou explicar como fazer mais adiante, no passo a passo. O processo é bem simples e funciona com os leites gordurosos, como o pasteurizado e os integrais longa vida. Se usar o desnatado, o leite não vai talhar.
Aliás, essa é uma dica importante. Quando uma receita pedir leite, a não ser que seja especificado o desnatado, prefira aqueles que tenham gordura. O sabor e a qualidade mudam, para melhor.
O endro, tanto sua semente como as folhas, é muito popular na Europa Oriental e do Norte, sendo indispensável na culinária russa e escandinava. É conhecido também como dill, aneto ou camomila europeia. No Brasil, só recentemente passou a ser mais conhecido e encontrado em supermercados.
A semente de endro é bem semelhante à erva-doce. Eu prefiro fazer essa substituição, pois seu sabor é mais delicado e sutil, mas sem deixar de ser forte e característico. É mais fresco e bem aromático, diria que levemente mentolado.
Agora, pegue o liquidificador porque já vamos começar.
Ingredientes
- 1 limão;
- 1 xícara de leite (integral ou pasteurizado);
- 200g de goiabada;
- 100g de queijo Minas Padrão ou Meia Cura;
- Manteiga ou margarina para untar;
- 1 xícara de óleo;
- 3 ovos em temperatura ambiente;
- 1 xícara de açúcar cristal;
- ¾ de xícara de farinha de trigo;
- 1 ¼ de xícara + 3 colheres de sopa de fubá;
- 2 colheres de sopa de queijo parmesão ralado;
- 1 colher de sopa de fermento químico em pó;
- 2 colheres de sopa de semente de endro (ou uma colher de chá de erva-doce).
Passo a Passo
Vamos começar azedando o leite, que vai precisar de, pelo menos, 10 minutos de descanso. Corte um limão ao meio e, em uma tigela, esprema o suco de uma metade. Acrescente uma xícara de leite e coloque o suco da outra parte do limão. Não precisa mexer. Deixe reservado.
Unte a forma com manteiga ou margarina e polvilhe fubá. Eu usei duas formas de bolo inglês, mas você pode usar qualquer uma. Apenas observe que o tempo de cocção pode variar um pouco com o tamanho da forma. Ajuste a prateleira do forno, deixando-a no centro e pré-aqueça em temperatura média, entre 180°C a 200°C.
Em seguida, pique 200g de goiabada em pedaços grosseiros e 100g de queijo Minas em cubos pequenos. Ao assar, isso vai diminuir a formação de uma grande massa de queijo derretido no fundo da forma. Você pode escolher outro queijo ou usar aquele que está sobrando na geladeira. Tanto o queijo prato e muçarela ou mozzarella dão certo também, mas devem ser utilizados em menor porção, pois, ao contrário do Minas, derretem mais, acabam sumindo na massa ou grudam na forma.
Depois de tudo picado, enfarinhe com três colheres de sopa de fubá. Pode ser feito com farinha de trigo também, mas já estamos usando o fubá mesmo, não é?
Reserve. A essa altura o leite está no ponto. Coloque no copo do liquidificador o leite azedo, a xícara de óleo, três ovos em temperatura ambiente, uma xícara de açúcar cristal, ¾ de xícara de farinha de trigo, uma xícara e ¼ de fubá e duas colheres de sopa de queijo parmesão ralado.
Bata por um minuto para misturar tudo. Depois acrescente uma colher de sopa do fermento químico em pó e bata, por uns 10 segundos. Por último, acrescente duas colheres de sopa de sementes de endro e com a ajuda de um pão duro ou colher de pau, misture para incorporá-las à massa. Se você preferir, use uma colher de chá de erva-doce. Por ser mais forte, a quantidade deve ser menor para que o sabor não predomine. A massa tem que ficar mole, até por que o fubá demora para cozer e precisa de bastante líquido para evitar o ressecamento. O angu não me deixa mentir.
Agora despeje a massa até a metade da forma. Quando colocar a goiabada e o queijo, ela deve subir e chegar a 2/3 da forma, que é o ideal. Não precisa afundar o recheio. Isso acontece naturalmente. À medida que for assando, a massa vai subir e abraçar o queijo e a goiabada.
O fubá que sobrou no fundo pode ser espalhado por cima da massa. Leve ao forno e asse por 30 a 40 minutos ou até que esteja dourado. Retire e deixe esfriar por uns 10 minutos. Essa parte é difícil. Eu não consigo esperar esfriar. É melhor que a broa seja consumida em até dois ou três dias. Passado esse tempo, ela começa a ficar seca. Mas é provável que ela não dure um dia. Você verá!
Felipe Reis é jornalista, pós-graduando em Comunicação Empresarial, trabalha com consultoria de comunicação na área política e aventura-se pela cozinha. Acredita que cozinhar é uma saída criativa que desperta os sentidos no fim de longos dias.