FIFA x PES: qual o melhor simulador de futebol de 2017?
FIFA x PES: qual o melhor simulador de futebol de 2017?
30/09/2016
O mês de setembro, para os gamers, é marcado pelos grandes lançamentos dos dois títulos de futebol mais famosos, Pro Evolution Soccer (PES) e FIFA. Nas últimas duas semanas, chegaram PES 2017 e FIFA 17 e tive a oportunidade de testar ambos.
Apesar da rivalidade dos fãs de um ser do nível Flamengo e Vasco, vou me arriscar a compará-los, ponto a ponto, trazendo ao jogador qual deles me agradou mais.
Jogabilidade
Ao meu ver, o ponto mais importante para um jogo de futebol. E a vitória é do FIFA. Enquanto o PES evoluiu bem pouco, ao meu ver, o FIFA 17 trouxe evoluções notáveis no quesito.
De acordo com a KONAMI, produtora de PES, a jogabilidade foi alterada, tanto que o slogan do jogo passou a ser “realidade e controle”. A ideia é de que o gamer estaria como se estivesse dentro do campo de futebol, mas não foi o sentimento que tive quando joguei.
A versão de demonstração, lançada no fim de agosto, trouxe uma jogabilidade mais cadenciada, próxima da realidade. Já na versão completa, vimos algo completamente diferente. A velocidade foi aumentada e tornou-se fácil perder a bola, bastando um encontrão do adversário para roubar. Isso aumentou a dificuldade de se acertar um drible, por exemplo. Os chutes saem verdadeiros “foguetes”, uma desproporção à quantidade de força que você aperta no botão para o jogador finalizar ou tocar.
Os goleiros foram ajustados para melhor, mas ainda precisa-se de mais ajustes para estar adequado ao dinamismo inserido no gameplay. Dá-se a impressão de que na mesma hora em que os eles operam milagres, podem levar frangos no lance seguinte. E essa sensação é a todo momento, já que cada chute traz uma surpresa! Continua sem nenhuma segurança neles.
Já no FIFA 17, acabou aquela correria das versões anteriores. O jogo está mais cadenciado, tornando a experiência de simular uma partida de futebol próxima da realidade. A movimentação, agora com a engine Frostbite, está mais fluída, os toques e o controle de bola mais reais e a física dos chutes e passes melhoraram.
O principal fator para o fim da correria foi uma valorização da proteção de corpo. Quando oplayer utiliza os botões L2/LT (na configuração alternativa, meu caso), seu jogador irá usar e abusar deste recurso. No futebol, é chamado de pivô. Então, aquele atacante grandão, lento, que só servia para cabecear nos FIFA’s anteriores, ganhou uma enorme e justa importância. Afinal, no futebol moderno e seus pontas abertos, exercer essa função é fundamental para o poder ofensivo da equipe.
Esse trabalho de pivô, embora comum para atacantes, trouxe uma nova forma de marcação. Eu, que sempre marquei com R1/RB + X/A, estou me reinventando. Só cercar não terá efetividade e o seu companheiro do R1 não dará o bote se o adversário fazer bem o pivô. Quando dobra a marcação, a defesa deixa mais espaços, principalmente se seus laterais/volantes tiverem maior capacidade ofensiva do que defensiva. Partidas contra a CPU estão mais difíceis por isso. No online, meus primeiros jogos no Temporadas foram árduos e levei algumas goleadas, mas depois que me acertei taticamente e entendi o sistema de jogo, encontrei um equilíbrio.
Outra mudança notável no gameplay foi em relação às bolas paradas, conforme já havia sido mostrado na demo. Nas faltas, você utiliza os dois analógicos do controle, um para escolher o posicionamento do batedor, outro para de fato bater na bola. O sistema de pênaltis mudou e te deu mais controle sobre força e direção do chute, principalmente se estiver com o “modo treinador” ativado (vale ativar só pra cobrar um, ein?) e os escanteios te deram um controle maior para o cabeceador, visto que você mira onde joga a bola e muda o controle para o jogador mais próximo.
Licenciamento
Neste quesito, os dois jogos pecam. PES 2017 se orgulha por ter todos os times do Brasileirão licenciados, mas alguns times contam com jogadores genéricos e outros faltam estrelas (caso de Paolo Guerrero, do Flamengo, que está na Seleção Peruana, mas no clube é um atleta genérico). O principal problema é a ausência de grandes clubes do mundo, como o Real Madrid, que se tornou MD White, e Manchester United, o Man Red.
Já o FIFA 17 trouxe 23 clubes brasileiros para escolher (18 da Série A e 5 da Série B). No entanto, até a publicação desta análise, todos estão com jogadores genéricos, gerando até um desequilíbrio, como a média do lanterninha do Brasileirão 2016, o América-MG, ser maior que a do Atlético-MG, atual colocado e dono de um elenco poderoso.
Por outro lado, quando se trata de ligas internacionais, o game dá seu show. A Premier League e a Championship League, 1ª e 2ª divisões inglesas, respectivamente, novamente vieram completas e totalmente licenciadas, com todos os estádios. Com exceção de Corinthians e Flamengo, que são exclusivos do PES, nenhum grande time ficou de fora. Ao todo, são 30 ligas e mais de 650 times!
Narração
Se te perguntarem quem você prefere ouvir narrando um jogo, entre Thiago Leifert e Milton Leite, certamente a segunda opção será a sua escolhida. Nos games, essa escolha pode mudar. Isso porque no PES de Milton Leite a narração, por ser nova, veio com muitos textos similares aos de Sílvio Luiz, antigo narrador, e com frases muitas vezes longas, que acabam deixando determinadas partes da partida um pouco desconexas, pois o que é narrado já aconteceu há algum tempo. Também não é uma narração engraçada ou cheia de bordões como ele costuma narrar jogos no SporTV, mas traz bastante emoção o seu grito de "gol" ao conseguir marcar.
Já no FIFA 17, Thiago Leifert manteve o padrão zoeiro das edições anteriores. É cansativa e chata às vezes, é verdade, mas é mais completa que a de PES. São mais assuntos comentados ao longo das partidas, há curiosidades sobre jogadores, estádios e ligas que os dois nos revelam enquanto jogamos. Leifert narra gol com mais entusiasmo do que nas versões passadas.
Online
O grande ponto de desencontro entre os dois títulos é para jogar online. Enquanto PES apresenta os mesmos problemas de outras edições, como dificuldade para encontrar adversário (por vezes demorou mais de um minuto) e do mesmo nível que o seu. Isso porque o sistema inserido no game te dá pontos por vitória de acordo com o time, então, se você escolhe um time mais fraco, pode enfrentar um mais forte e não terá direito à reclamações. Eu joguei mais de dez partidas online com o Flamengo e meus adversários foram apenas os genéricos de Manchester United e Real Madrid, além de Barcelona. Adversários cinco estrelas para um time de três. Se é feito um investimento enorme para se ter uma liga brasileira oficial no jogo, times exclusivos e etc, por que não dar a oportunidade para jogarmos com essas equipes online, contra um rival do mesmo nível, por exemplo?
No FIFA você enfrenta adversários de nível de estrela semelhante nos modos 1 x 1. Além disso, em time que se ganha, não se mexe, então não houveram grandes novidades nessa parte. A maior mudança foi no Pro Clubs, meu modo de jogo favorito, que passou a avaliar o desempenho em campo para a evolução do craque virtual. Não há mais aqueles pré-requisitos de acertar tantas finalizações, completar outras partidas, para evoluir. Mantendo uma sequência de boas partidas, você irá crescer.
O diferencial
Como você pôde ver, FIFA levou a melhor em todas as partes até aqui, e ainda cabe mais. O grande cheque-mate do game da EA Sports foi o modo história, batizado de A Jornada. Na versão demo, fiquei com gostinho de quero mais e, quando joguei a versão completa, cumpriu minhas expectativas. A trama tem emoção, um rival inesperado à altura e algumas boas horas de diversão.
Nela, você joga apenas a primeira temporada da vida de Alex Hunter, um jovem londrino de 17 anos que sonha em ser jogador profissional. Ao término da história, um troféu de ouro pipoca e você ganha uma carta de Hunter para usar no FUT. Infelizmente não dá para continuar depois, como acontece no NBA 2K.
Para evitar spoilers da história, que suponho que mudam de acordo com seus feitos, falarei de pontos técnicos: as cutscenes são muito bem feitas, dando um ar cinematográfico ao game. As decisões que toma fora de campo influenciam diretamente na sua relação com treinador e torcida, então, escolha cautelosamente. O seu desempenho no campo e nos treinos irá definir se você será titular ou não.
Achei falha a impossibilidade de customização de cabelo e chuteira (são apenas duas opções, após conseguir patrocínio) e na inutilidade do salário, visto que seus ganhos não servem pra nada no game. Seria interessante uma possibilidade de criar o seu jogador, usando o recurso de GameFace, como em tantos RPGs, e jogar a história dele. Quem sabe no FIFA 18?
Veredito
FIFA 17 é um jogo indispensável para os fãs da série. Como há uma disputa ferrenha com os fãs de PES, sugiro que eles ao menos que testem as novidades do jogo e vejam se vão lhe agradar. A jogabilidade e os gráficos estão bem melhores em comparação ao FIFA 16. Lógico que o jogo não é perfeito e tem suas falhas, como o famoso (?) handicap, algumas desconexões inexplicáveis (no PS4, sai do jogo, mas continuei na Party com os amigos), a falta dos jogadores licenciados dos clubes brasileiros, as finalizações da entrada da área que continuam sendo um perigo e etc. Mas não tira o brilho deste FIFA. E, ah, você que gosta de notas, a média é de 84 no Metacritic até o momento.
Por outro lado, PES não me encantou. Comprei o game na pré-venda depois de me encantar com a demo. e me decepcionei quando o produto entregue foi diferente daquele prometido. Não existe mais aquela cadência que chamou minha atenção na demo. A correria tomou conta do jogo e isso é péssimo. Eu joguei com passes semi-assistidos 1 e não controlei a bola como se prometia. Tive dificuldades para fazer viradas de jogo e lançamentos, já que o passe saia errado – normalmente, na direção do marcador mais próximo. As finalizações foguetes vão te preocupar muito, e é impossível se adaptar, visto a inconstância dos goleiros. Achei pouquíssimas diferenças em relação ao antecessor. Mas, se você gosta de notas, a média atual do PES no Metacritic é superior a do FIFA, com 86. Prova de que gostos são bem peculiares...
Lucas Soares
Natural de Juiz de Fora, pós-graduado em Jornalismo Multiplataforma na UFJF e repórter no Portal ACESSA.com. É apaixonado por games, séries e futebol. Foi colunista esportivo na ACESSA.com por quase três anos e editor-chefe do blog Flamengo em Foco por dois anos e sete meses.
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