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Segunda-feira, 10 de janeiro de 2011, atualizada às 17h44

Ações emergenciais tentam manter fazenda histórica de Barbacena em pé

Clecius Campos
Repórter

Ações emergenciais estão sendo realizadas a fim de evitar que um marco histórico de mais de 300 anos — a Fazenda do Registro Velho, em Barbacena — entre em ruínas e desapareça para sempre. O local, o qual atualmente aparece despedaçado (foto ao lado), passa por intervenções a cargo da Fundação Municipal de Cultura de Barbacena (Fundac), que investe R$ 45 mil no bem.

As obras são de cunho preventivo. Homens retiram todos os materiais móveis que sofrem danos e apresentam risco de cair, como telhas, portas e janelas, levando-os para um lugar seguro. As paredes estão sendo escoradas por vigas, por dentro e por fora, a fim de evitar que as estruturas já comprometidas venham abaixo. No final da organização, uma estrutura em lona, parecida com a tenda de um circo, irá proteger o local das chuvas. As intervenções devem ser finalizadas em até 60 dias.

De acordo com o presidente da Fundac, Leonardo Castro de Carvalho, a Prefeitura de Barbacena prepara o imóvel para uma futura restauração. A fazenda, que atualmente tem um proprietário, está para ser oficialmente doada ao município. "O proprietário já nos notificou do interesse e estamos desenvolvendo os trâmites legais da doação. Com o imóvel sob a posse do poder público, será possível a captação de recursos para o restauro. A intenção é dar uma utilização ao local, pois sabemos que o principal meio de se manter um imóvel é a ocupação." Segundo Carvalho, a fazenda tem potencial para ser um atrativo cultural e turístico.

A história confirma a importância do local. A Fazenda do Registro Velho foi o primeiro ponto de cobrança de impostos sobre o ouro que saía das Minas Gerais. "É provavelmente o primeiro imóvel rural do país, com finalidade comercial. Além disso, a fazenda serviu de hospedagem para dom Pedro I e Tiradentes." O local foi moradia do padre Manuel Rodrigues da Costa, participante da Inconfidência Mineira e articulador da Revolução Liberal de 1842. Existe a suspeita de que reuniões separatistas tenham ocorrido na Fazenda do Registro Velho. "O local é recheado de elementos históricos", considera Carvalho. Por essa razão, é tombado pelo patrimônio histórico municipal e pelo Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan).

O presidente da Associação Cultural de Apoio ao Arquivo Histórico Municipal Professor Altair José Savassi (Acahmpas), Francisco Rodrigues de Oliveira, afirma que tem a expectativa de ver o local ocupado. "A Prefeitura tem condição de recuperar a fazenda, mas primeiro é preciso que o imóvel seja público. A proteção para evitar mais problemas com as chuvas é o pouco que pode ser feito. Estamos sempre na expectativa de que a situação seja melhorada." Segundo Oliveira, o processo de cuidado que pode culminar numa restauração do local foi deflagrado durante um encontro, ocorrido em setembro do ano passado, em que especialistas percorreram marcos da Estrada Real em Barbacena, a fim de redesenhar o trajeto.

Os textos são revisados por Thaísa Hosken