Conheça um pouco Juiz de Fora

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Conhe?a um pouco Juiz de Fora


Trechos retirados do livro
Juiz de Fora: vivendo a Hist?ria,
da professora e pesquisadora
M?nica Ribeiro de Oliveira

Rua Halfeld (parte baixa), em 1915
O per?odo de maior crescimento de cidades, em toda a Hist?ria do Brasil, corresponde ? minera??o aur?fera em Minas Gerais, no in?cio do s?culo XVIII. Antes, era dif?cil a cria??o de uma rede urbana, pois havia restrito com?rcio colonial, uma pequena vida cultural e grandes dificuldades de comunica??o e transporte entre as pessoas.

O per?odo de maior crescimento de cidades, em toda a Hist?ria do Brasil, corresponde ? minera??o aur?fera em Minas Gerais, no in?cio do s?culo XVIII. Antes, era dif?cil a cria??o de uma rede urbana, pois havia restrito com?rcio colonial, uma pequena vida cultural e grandes dificuldades de comunica??o e transporte entre as pessoas.

Por volta do ano de 1703, foi constru?da uma estrada chamada Caminho Novo. Esta ligava a regi?o das minas ao Rio de Janeiro, facilitando o transporte do ouro extra?do. Assim, a Coroa Portuguesa tentava evitar que o ouro fosse contrabandeado e transportado por outros caminhos, sem o pagamento dos altos tributos, que incidiam sobre toda extra??o.

O Caminho Novo passava pela Zona da Mata Mineira e, desta forma, permitiu maior circula??o de pessoas pela regi?o, que, anteriormente, era formada de mata fechada, habitada por poucos ?ndios das tribos Coroados e Puris.

?s suas margens surgiram diversos postos oficiais de registro e fiscaliza??o de ouro, que era transportado em lombos de mulas, dando origem ?s cidades de Barbacena e Matias Barbosa. Outros pequenos povoados foram surgindo em fun??o de hospedarias e armaz?ns, ao longo do caminho, como o Santo Ant?nio do Paraibuna, que daria origem, posteriormente, ? cidade de Juiz de Fora.

Nesta ?poca, o Imp?rio passa a distribuir terras na regi?o, para pessoas de origem nobre, denominada sesmarias, facilitando o povoamento e a forma??o de fazendas que, mais tarde, se especializariam na produ??o de caf?. Em 1853, a Vila de Santo Ant?nio do Paraibuna ? elevada ? categoria de cidade e, em 1865, ganha o nome de cidade do Juiz de Fora.

Origem do nome Juiz de Fora
Casa em que morou o "Juiz de Fora"

Este nome t?o caracter?stico - Juiz de Fora - gera muitas d?vidas quanto a sua origem. Na verdade, o Juiz de Fora era um magistrado, do tempo colonial, nomeado pela Coroa Portuguesa, para atuar onde n?o havia Juiz de Direito.

Alguns estudos indicam que um Juiz de Fora esteve de passagem na regi?o e hospedou-se por algum tempo numa fazenda e que, mais tarde, pr?ximo a ela, surgiria o povoado de Santo Ant?nio do Paraibuna.

Expans?o Cafeeira
A grande expans?o cafeeira n?o foi privil?gio do Vale do Rio Para?ba, na Prov?ncia do Rio de Janeiro. Ela tamb?m se expande para regi?es pr?ximas, como a Zona da Mata em Minas Gerais, em torno de cidades como Leopoldina, Cataguases, Rio Preto e, principalmente, Santo Ant?nio do Paraibuna.

Nesta regi?o, a produ??o cafeeira atingiu tamb?m um vasto territ?rio, composto de v?rias fazendas. Nelas trabalhavam um grande n?mero de escravos, uma m?dia de 100 por fazenda. A produ??o de caf? utilizava poucas t?cnicas e, quando os solos se desgastavam, novas matas eram derrubadas e a produ??o se expandia.

Parte da estrada "Uni?o e Ind?stria"

A cafeicultura que floresceu ao redor do Santo Ant?nio do Paraibuna transformou a Vila no principal n?cleo urbano da regi?o. Nela, a produ??o das fazendas se concentrava para ser transportada e comercializada na Corte, na cidade do Rio de Janeiro. Al?m de se constituir em local onde se encontravam os variados g?neros de subsist?ncia, possu?a, tamb?m, fun?es sociais e culturais, como ponto de encontro das fam?lias para lazer e divers?o.

Neste per?odo, ainda na d?cada de 1850, iniciou-se a constru??o da Estrada Uni?o e Ind?stria, por iniciativa de Mariano Proc?pio Ferreira Lage. Esta estrada foi constru?da com objetivos de encurtar a viagem entre a Corte e a Prov?ncia de Minas, destinando-se ao transporte do caf?. Neste momento, Juiz de Fora recebeu a primeira leva de imigrantes alem?es.

A produ??o de caf? na Zona da Mata cresceu muito e Minas Gerais se tornou uma grande prov?ncia cafeeira. Em 1875, a cidade de Juiz de Fora era a mais pr?spera entre outras localidades, possuindo a maior quantidade de escravos, sendo seguida por Leopoldina, Mar de Espanha e S?o Paulo do Muria?.

Este per?odo de prosperidade n?o demorou muito a declinar e, j? na segunda d?cada do s?culo XX, a cultura do caf? estava desgastada na Prov?ncia. S? que esta crise n?o afeta muito o dinamismo da cidade de Juiz de Fora, que contava j? com outras atividades, como a ind?stria.

Escravid?o

Em Minas Gerais, a maior utiliza??o dos escravos foi durante o per?odo minerador. O trabalho exigia uma grande quantidade de m?o-de-obra, pois, para um senhor receber uma pequena por??o de terra para extra??o aur?fera, deveria comprovar ter, no m?nimo, 12 escravos. O mart?rio dos escravos durou at? o final deste per?odo, quando a extra??o concentrava-se nas galerias subterr?neas, controlados pelas companhias inglesas.

A escravid?o na Zona da Mata mineira s? se instalou definitivamente atrav?s da expans?o cafeeira. Em 1855, na Vila de Santo Ant?nio do Paraibuna, havia um total de 4 mil escravos para 2.400 homens livres e, em 1872, havia 18.775 escravos para 11.604 livres.

Imprensa

A imprensa de Juiz de Fora era muito ativa. O primeiro impresso, com o nome ?O Imparcial?, data de 1870. O mais importante do per?odo, ?O Pharol?, foi publicado entre 1872 e 1939. Este acompanhou diversos momentos hist?ricos e sempre contribuiu para a forma??o da opini?o p?blica, retratando a atividade cultural da cidade. O dinamismo da imprensa juizforana era t?o intenso que, no s?culo XIX, contou com 55 jornais.

Imigra??o alem?

O governo do Imp?rio, a partir de 1850, passou a incentivar a vinda de imigrantes para o Brasil. Seus principais objetivos eram o povoamento de regi?es vazias, a valoriza??o das terras que seriam ocupadas pelos imigrantes e a produ??o de alimentos que pudessem abastecer as lavouras de caf?.

Em Juiz de Fora, esta pol?tica teve reflexos atrav?s das iniciativas de Mariano Proc?pio Ferreira Lage. Este conseguiu empr?stimos para a introdu??o de colonos alem?es na cidade. Seu objetivo inicial era conseguir m?o-de-obra especializada para a constru??o da estrada Uni?o e Ind?stria. Contratou, em 1853, v?rios t?cnicos, engenheiros, arquitetos e, ap?s 3 anos, 20 art?fices como ferreiros, pintores, latoeiros. O objetivo era criar um n?cleo colonial de alem?es na cidade, conseguindo apoio para contratar 2 mil colonos. Assim, em 1857, chegaram 1.162 imigrantes alem?es, correspondendo a 20% da popula??o total da cidade.

Foram instalados em uma vasta ?rea, correspondendo hoje aos bairros de S?o Pedro, Borboleta e parte do F?brica. Foram distribu?dos em lotes de terras, carregados de produzir g?neros aliment?cios. A col?nia n?o conseguiu se manter por muito tempo. A aus?ncia de mercado para os produtos plantados se associava ? falta de incentivos. Muitas eram as dificuldades com rela??o ? l?ngua, costumes, religi?o e in?cio das primeiras ro?as. Assim, muitos colonos foram abandonando suas terras e se fixando na cidade, somando-se ?queles trabalhadores bra?ais, oper?rios, ligados ? Companhia Uni?o e Ind?stria.

Os alem?es foram aos poucos se integrando ?s atividades urbanas, se tornaram carroceiros, sapateiros, marceneiros, oper?rios, pedreiros etc. Deram origem a v?rias f?bricas de cerveja, num total de oito. Os alem?es, junto a outras pessoas da cidade, criaram costumes, fundi?es e malharias contribuido, assim, para o crescimento industrial da cidade.