O pa?s que não para
O país que não para Mike Araki está no Japão desde 2007. Para ele, uma das características mais fortes do país é o funcionamento de estabelecimentos por 24 horas
Repórter
3/3/2011
Há anos, quando Mike Araki e Glória Araki encontravam-se em eventos de forró pé-de-serra em Juiz de Fora, talvez não imaginassem que, tempos depois, estariam casados, morando do outro lado do mundo, no Japão.
"Em seis meses, namoramos, casamos e, como ela é descendente de japoneses, e já tinha irmãs morando no país, me chamou para mudarmos para cá e viemos", conta Mike, que mora na cidade de Iwakura.
Para ele, uma das principais características do país é o fato de a maioria dos locais ter funcionamento 24 horas. "O Japão é um país que não para, principalmente tratando-se de trabalho." Com isso, segundo o brasileiro, quem mora por lá tem dificuldades para encontrar tempo para se dedicar a atividades de lazer. Além de trabalhar em uma fábrica de peças para automóveis, ele e a esposa ministram aulas de forró pé-de-serra para brasileiros que moram no Japão e para japoneses.
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"Percebo muita dedicação por parte do povo japonês, mas às vezes esta característica esbarra na limitação de tempo e horário. Se a pessoa trabalha demais, não tem tempo para dançar. Se tem tempo significa que não está trabalhando e, consequentemente, não tem dinheiro porque aqui recebemos por hora, ou seja, só recebe quem trabalha." Mike avisa que quem pretende ir ao Japão, deve se lembrar que encontrará uma cultura muito diferente.
"Mas a adaptação é fácil. Os japoneses não têm o calor humano do brasileiro e chegam a ser sistemáticos em um primeiro momento, mas se soltam com o passar do tempo e a interação entre os povos é fato." Um dos pontos que poderia se tornar uma grande dificuldade, o idioma, é um dos motivos de aproximação de acordo com o brasileiro.
Além disso, ele lembra que, no Japão, existem muitas lojas que comercializam produtos, inclusive alimentos, que são vendidos no Brasil. "O número de brasileiros por aqui é muito grande. Tem até escola que adota métodos brasileiros, assim como são realizadas baladas e até festas juninas, tudo no estilo do Brasil." Com relação à alimentação, Mike conta que os japoneses têm predileção pelo agridoce. "Quase tudo o que comem tem uma pitada doce. Ovo doce, macarrão doce, feijão doce e por aí vai." Ele já elegeu seu prato preferido, o lamen, que tem origem chinesa, sendo adaptado no Japão. O lamen tem como base caldo e macarrão.
Fotos: Arquivo pessoal Glória e Mike Araki
Parques e castelos
Segundo Mike, quem vai ao Japão não pode deixar de conhecer seus parques. Um deles é o Park Nagashima Spa Land, localizado na cidade de Nagashima. O local abriga o Steel Dragon, uma das maiores montanhas-russas do mundo, com 2.479 metros de extensão. A queda inicial é de 93,5 metros de altura e a velocidade pode chegar a 153 quilômetros por hora.
"Além da montanha-russa gigante, o local abriga uma bonita piscina de água do mar." Ele explica que o parque está localizado próximo ao mar, por isso, foi feito um duto para que a água fosse utilizada na piscina do parque. "Esta água é trocada a cada quatro horas, por isso a limpeza é visível. Aliás, por falar em limpeza, a qualidade da água dos rios japoneses é imensa. Conseguimos ver o fundo dos rios e os peixes nadando." Conforme o brasileiro, o parque é destino recomendado para reunir a família.
Outro parque que deve ser visitado, segundo Mike, é o Universal Studio Japan, que fica na cidade de Osaka. Trata-se de um parque temático baseado nas histórias de filmes famosos e contos de fadas. Além dos parques, ele lembra que quem vai ao país não deve deixar de visitar os castelos. "Entre eles o Kinkatu-ji, ou Castelo de Ouro, que fica em Kyoto; e o Castelo de Komaki, que fica na cidade de mesmo nome."
Acampamentos e praias
Mike explica que não existem férias no Japão. "O que temos são três grandes feriados, de dez dias, durante três vezes no ano. É o período em que as fábricas fecham para balanço. Agora mesmo estamos nos preparando para um destes feriados, que deverá ocorrer no final do mês." Ele conta que o feriado do mês de agosto é usado para acampar porque não é uma época fria.
"Aqui, quando está frio, faz muito frio. Agora, se é época do calor, faz muito calor, ou seja, não tem meio termo. Na cidade onde moramos, já tivemos temperatura de -4º C." Assim, japoneses e brasileiros que moram no Japão, aproveitam o período de calor para acampar e aproveitar as praias. Além disso, ele conta que um dos locais preferidos para visitação é o chamado Vale dos Suicidas. "O local é lindo, as pessoas vão para passear, mas, segundo relatos, há muitos anos, a área era usada por pessoas que queriam se matar, que pulavam das pedras do vale, por isso o nome."
Sakurá
No mês de abril, começa, no Japão, o evento denominado Sakurá. É quando o inverno vai chegando ao fim e as cerejeiras começam a florescer. "É a época em que o frio começa a ir embora e as pessoas vão para as ruas festejar. Há muita música e barraquinhas vendendo produtos diversos, parece Carnaval." Mike conta que os japoneses acreditam que quando fazem um pic-nic debaixo de uma cerejeira e a flor cai sobre a comida, a sorte está garantida. As cerejeiras florescem uma vez por ano e as flores duram aproximadamente uma semana.
Os textos são revisados por Thaísa Hosken