Circuito Caminho Novo

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Circuito Caminho Novo História, arte e beleza cênica. Aperte o cinto de segurança e embarque nessa viagem

Daniele Gruppi
Repórter
05/04/2008

Quando se fala em turismo em Minas Gerais, logo vem à mente Tiradentes, São João Del Rei, Ouro Preto, Diamantina, dentre outras cidades que guardam as marcas do ciclo da mineração no Brasil. Entretanto, outros lugares no Estado se destacam pela beleza, arte e história e poucos conhecem. Trata-se do Circuito Caminho Novo, que abrange sete cidades: Antônio Carlos, Ewbanck da Câmara, Juiz de Fora, Matias Barbosa, Santana do Deserto, Santos Dumont e Simão Pereira.

Segundo a turismóloga, Danielle Feyo, o Circuito Caminho Novo mostra que Minas tem outras Minas. "Percorri algumas vezes o trecho e percebi que a riqueza histórica da região está oculta, a própria população não conhece. Às vezes, as pessoas viajam para locais distantes e se deparam com belas paisagens e não sabem que bem perto de onde moram também podem encontrar lugares tão bonitos quanto."

Para quem quiser conhecer um pouco desses locais, o passeio se inicia. Na BR 040, partindo do município de Antônio Carlos, é indispensável uma passagem pela Fazenda da Borda. Ela é conhecida por ter abrigado Tiradentes e outros inconfidentes. Outro local é a matriz Sant’Ana, localizada no centro do município. Construída entre 1925 e 1929, nela existem imagens sacras e altar talhado em madeira. Depois dos passeios, é hora de um banho de cachoeira na Cachoeira Dona Mariana. São, aproximadamente, 30 metros de queda livre, que forma uma pequena piscina natural em sua base.

Seguindo para Ewbank da Câmara, a parada obrigatória é na estação inaugurada em 1890 e usada a partir de 2004 como Centro Cultural do Município. Juiz de Fora é a próxima cidade no percurso. Esta guarda sua história em grandes monumentos, como a primeira usina hidrelétrica da América do Sul, a Usina Marmelo Zero - construída em 1889 pelo Bernardo Mascarenhas -, o Museu Mariano Procópio - segundo maior acervo cultural do Brasil Colônia -, Cine Theatro Central - a mais conhecida casa de espetáculos - e o Morro do Imperador, ou do Cristo, com uma bela vista da região central de Juiz de Fora.

Em Matias Barbosa, a Capela do Rosário se destaca. Edificada há mais de duzentos anos, é o monumento mais antigo de toda a região. Tem também a Capela Nossa Senhora da Conceição, que é parte integrante do Patrimônio Histórico Nacional. Se a procura é por artesanatos, na Casa do Artesão são confeccionados produtos regionais, que lembram a história da região, assim como pinturas e trabalhos manuais bem típicos.

Em Santana do Deserto, uma pausa para refrescar. A Cachoeira da Saudade e a Cachoeira do Bicano, localizadas, respectivamente, a 7 Km e 2 Km do centro, fazem parte dos locais de atração ecológica da cidade. A Igreja Matriz de Sant'Ana é um marco de importância histórico-cultural construída em 1858. No interior, há cinco altares de madeira de lei e várias esculturas do século XVII e século XVIII, foliadas a ouro. Ao redor da igreja foram sepultados escravos, cujas identificações estão documentadas por moradores locais.

O passeio prossegue. O destino é Santos Dumont, cidade que possui este nome devido ao pai da aviação. Como ponto de visitas, há o Museu Cabangu, onde se encontra um acervo composto por objetos particulares de Santos Dumont, além de uma área natural. Próximo ao Museu há um arquivo com documentos, objetos e fotos da aviação no Brasil. A represa Ponte Preta apresenta-se como um lugar ideal para uma caminhada.

Encerrando o Circuito Caminho Novo, chega-se a Simão Pereira. A cidade possui locais ricos em história. Nas ruínas da Igreja da sagrada Família podem ser percebidas as características barrocas. O Cemitério da Rocinha Negra é o último vestígio da sesmaria do Paraibuna, conhecida como Rocinha Negra.

O pesquisador Vanderlei Tomaz já percorreu o trecho por diversas vezes e o que ele considera mais interessante são os marcos de sesmarias. "Existe um em Paula Lima, Barreira do Triunfo, Cabangu e um num local chamado Francesa. Os marcos são o segundo registro mais antigo de movimento na região, sendo o primeiro a Estrada Real. Eles demarcavam as propriedades, onde se instalaram pessoas há 300 anos". Para Vanderlei, as construções centenárias presentes no Circuito Caminho Novo não podem passar despercebidas pelo turista. "São dignos de contemplação, já que carregam a história de Minas Gerais."