O vestibular aparece na vida do estudante como um furac?o, mudando todos os
rumos, todas as rotinas normais. S?o dias, semanas, meses e at? anos que se
passam, e voc? l?, com a cara grudada nos livros e cadernos. Esta ? uma etapa das mais dif?ceis da vida, pois o jovem que vai prestar o
vestibular sabe que, se n?o estudar muito, dificilmente conseguir? passar em
uma universidade federal. Ainda mais se as condi?es financeiras n?o permitirem pagar
por uma particular...
Mas, e a vida l? fora? Ser? que ? preciso mesmo ter que parar de fazer tudo
o que se gosta - televis?o, cinema, noitadas - para passar nesta bendita
prova? Depende, desde
que voc? n?o coloque sua sa?de em risco. O ideal, na verdade, ? saber
equilibrar as horas de relaxamento com os estudos.
Primeiro: o curso que voc? escolheu vai determinar muito do que voc? ter?
que estudar, e o quanto. Se escolheu Medicina, por exemplo, sua vida social,
at? conseguir entrar na faculdade, ter? que ser de abdica??o total. O curso
? um dos mais dif?ceis, por possuir o maior n?mero de candidatos por vaga,
em todas as universidades federais do Pa?s.
Que o diga a universit?ria V?vian Assis, 21 anos, que est? atualmente
cursando Fisioterapia, na UFJF. Por tr?s anos seguidos, V?vian tentou
Medicina na Federal, sem conseguir entrar. E olha que estudava muito: fez
dois anos e meio de cursinho, e quando chegava em casa ia direto para os
livros, revisar a mat?ria e fazer exerc?cios. "Teve uma ?poca em que eu estudava at? oito horas por dia em casa. No terceiro
vestibular, eu j? estava desesperada, me achando um zero ? esquerda e que n?o
ia conseguir passar nem em Servi?o Social (curso com baixo ponto de corte na
UFJF)", declara.
A estudante conta que, no ?ltimo ano, ficou muito cansada e at? entrou em
depress?o. "Comecei a fazer terapia, o que me ajudou muito, principalmente
com minha auto-estima e stress. Foi uma v?lvula de escape, para aguentar as
cobran?as, n?o s? dos pais como da sociedade". Ela afirma que come?ou a se questionar se iria
conseguir passar por tudo aquilo de novo. "Meus pontos dariam para que eu entrasse em qualquer
curso, menos em Medicina. E eu s? sabia que queria estudar algo que tivesse
a ver com anatomia, com gente", diz.
Da?, resolveu visitar uma cl?nica de fisioterapia e acompanhou o atendimento
do profissional durante um dia inteiro. Achou interessante o trabalho e
optou por mudar de carreira. Hoje, V?vian est? satisfeita quanto ? escolha, gosta
do curso, e se diz feliz por nunca mais ter que estudar aquelas coisas do
segundo grau novamente.
A escolha certa do curso superior n?o ? tarefa f?cil. Ainda mais para um
jovem que acabou de sair da adolesc?ncia (ou que, na maioria das vezes,
ainda encontra-se nela). N?o ? mole lidar com tantas desilus?es amorosas,
desejos, espinhas, horm?nios, cobran?as por parte dos pais, sociedade, e
ainda saber se fez a escolha certa da carreira! Segundo a psic?loga Karla Fayer, o estudante nesta ?poca passa por
duas press?es: a de passar no vestibular e a de escolher a
profiss?o em que ir? trabalhar para o resto da vida. E ela esclarece que
n?o existe maturidade suficiente para uma escolha dessas na adolesc?ncia.
"Mas, infelizmente, n?o tem como alterar isso. O jovem passa por momentos em
que precisa amadurecer na marra, sem estar preparado. Se, pelo menos,
tiverem o apoio dos pais, j? ser? de grande ajuda", afirma Karla.
A estudante Mariana de Oliveira Barbosa, 18 anos, concorda com a
psic?loga. "Acho que esta escolha ? feita cedo demais. Dever?amos ter mais
contato com as profiss?es, em geral, durante o segundo grau. Assim,
sair?amos com informa?es para tomar uma decis?o mais correta", diz. Mariana est? tentando o vestibular h? dois anos. J? fez prova para
Odontologia, Nutri??o e Comunica??o Social. Diz que gosta de todas estas
coisas, mas que, desta vez, decidiu-se mesmo pela Comunica??o.
Como j? fez um ano de cursinho, ela explica que n?o pretende repetir o feito
este ano. "N?o compensa. Muitas vezes, acaba saindo mais caro do que pagar
uma faculdade particular", destaca. A estudante tentou o vestibular da
Unipac e, agora, aguarda o resultado.
Outra que tamb?m deve cursar uma faculdade particular este ano ?
Cristiane Michele Thomaz de Moura, 19 anos. A estudante, que tentou o
vestibular nos ?ltimos dois anos, para Letras, ainda n?o conseguiu passar,
mas confessa que n?o estudou o quanto deveria. "Prestava aten??o nas aulas,
mas, quando chegava em casa, n?o estudava muito", conta.
Para a fam?lia tamb?m ? reservado um papel imprescind?vel na vida do filho
que est? prestando o vestibular. A dica da psic?loga Karla Fayer ? para que
os pais n?o sejam mais um peso na vida dos filhos, neste momento, e sim, que
eles saibam conversar com o filho sobre sua op??o de carreira.
Mas lembre-se: motivar ? bem diferente de pressionar. "Os pais devem
participar ativamente da decis?o, mas sem influenciar ou interferir. Muitas
vezes, falta a conversa: explicar as profiss?es, mostrar o que cada
profissional faz, e tentar reconhecer, juntos, o que filho mais gosta, para
ajud?-lo a descobrir um caminho".