Al?m da alimentação
Artigo |
13/11/2001
Caracter?sticas atribu?das aos alimentos
que ultrapassam seu valor
nutricional
Alguns suplementos usados por atletas ap?s a atividade f?sica t?m sido inclu?dos, erroneamente, na categoria dos energ?ticos. Produtos como guaran? em p? e c?psulas de vitaminas tamb?m t?m sido ingeridos com essa inten??o, assim como sucos de frutas altamente cal?ricos, como o de a?a?.
Isso n?o significa que esses alimentos ?d?o pique?. Eles apenas fornecem
grande quantidade de energia para ser gasta ou reposta. Quando h? muita
gordura associada ao carboidrato, como ? o caso do chocolate, do abacate ou
do a?a?, o efeito j? n?o ? o mesmo, pois a gordura fornece uma energia mais
dif?cil de ser utilizada (demora mais tempo no processo de digest?o e
absor??o). Portanto, chocolate e suco de a?a?, embora altamente energ?ticos,
n?o dar?o o efeito que se espera no fornecimento de uma fonte de energia de
r?pida utiliza??o para o organismo. Quanto ?s c?psulas de vitaminas ou de amino?cidos, assim como suplementos em
p? ? base de albumina, n?o devem ser usados como repositores energ?ticos.
Vitaminas e prote?nas desempenham importantes fun?es no organismo, mas n?o
devem ser entendidas como fontes de energia. As vitaminas n?o t?m essa
fun??o e as prote?nas devem ser utilizadas para suas outras fun?es, que n?o
s?o, preferencialmente, o fornecimento de energia. Na verdade, para haver aumento na s?ntese de serotonina seria necess?rio um
consumo alto de certas prote?nas, o que n?o se obt?m com esses alimentos.
Pesquisas sobre o assunto mostraram que as subst?ncias normalmente presentes
nesses alimentos, como o chocolate, n?o t?m efeito comprovado sobre a
melhoria do humor ou a sensa??o de prazer ou bem-estar. Mas a ingest?o de
alimentos saborosos mostrou ter efeito sobre a melhora do humor,
provavelmente devido ? libera??o de endorfinas. Resumindo, quando uma pessoa considera um alimento saboroso, o consumo do
mesmo pode levar a melhora em seu humor e, conseq?entemente, a uma sensa??o
de prazer ou bem-estar. Portanto, a forma com que a pessoa se relaciona com
o alimento (por exemplo, consider?-lo saboroso) pode interferir na sensa??o
de prazer ou bem-estar sentida a partir do consumo do mesmo. Sabe-se, entretanto, que o teor de sais minerais, relativamente alto em
frutos do mar, pode ter sido a base da rela??o dos mesmos a melhora da
atividade sexual, embora tal fato n?o se justifique. De fato, a
atividade sexual gera uma certa perda de alguns minerais (liberados
principalmente atrav?s do s?men), o que uma boa alimenta??o normalmente
supre, sem haver necessidade de nenhuma complementa??o especial. Portanto, o
fato de se ingerir mais alimentos especialmente ricos em sais minerais n?o
garante uma melhor performance sexual, pois muitos outros fatores estariam
envolvidos nessa atividade, como fatores psicol?gicos, comportamentais,
entre outros. Muitos estudiosos acreditam que fatores ambientais estariam supostamente
envolvidos nos alimentos chamados afrodis?acos. Por exemplo, uma mesa
posta com alimentos preparados de forma atraente, com cheiro agrad?vel, com
forma e cores agrad?veis, poderia influenciar positivamente a atividade
sexual atrav?s dos est?mulos sensoriais, o que tamb?m pode ocorrer com
vestu?rios e perfumes agrad?veis. Mas, de fato, nada disto garante a
performance sexual, como se acredita, embora n?o se possa negar o efeito da
predisposi??o psicol?gica, o que ocorre quando se acredita realmente no
efeito dos chamados afrodis?acos, sejam alimentos, perfumes ou qualquer
outro produto. ? bom lembrar que o sentimento ?, certamente, o maior
atrativo na atividade sexual. Como diz Isabel Allende, em seu livro
Afrodite, ?o ?nico afrodis?aco realmente infal?vel ? o amor?. Baseado nisso, observamos que a incorpora??o de certos valores aos alimentos
deve-se mais a associa?es feitas a partir do ambiente em que vivemos e da
nossa cultura. Muitas vezes, n?o ? o valor nutricional o que mais importa,
mas sim a forma com que nos relacionamos com o alimento, achando-o, por
exemplo, atraente, ?forte? ou saboroso. A partir da?, ampliamos seu
significado para a nossa alimenta??o, adquirindo este um valor que vai al?m
da sua composi??o nutricional. Cristina Garcia Lopes
? nutricionista formada
pela Universidade Federal de Vi?osa.
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