parte 2
Artigo Neofobia - A dif?cil aceita??o dos novos sabores |
A chamada ?neofobia? ? uma caracter?stica muito observada em pr?-escolares (crian?as de 1 a 6 anos) e significa a relut?ncia em consumir novos alimentos, considerados inicialmente estranhos. Estudos mostram que a rejei??o precoce pode ser alterada com a experi?ncia, indicando que muitos dos alimentos que as crian?as rejeitam inicialmente poder?o acabar sendo aceitos se a crian?a tiver ampla oportunidade de provar o alimento em condi?es favor?veis. Nessa perspectiva, a rejei??o precoce a novos alimentos pode ser considerada como um exerc?cio de adapta??o.
A neofobia alimentar pode ser reduzida por m?todos de aprendizagem na
alimenta??o que permitem que a crian?a aprenda sobre fome e saciedade,
subst?ncias comest?veis, sabores dos alimentos e quantidade de alimentos que
deve ser consumida. Nas atitudes e estrat?gias dos pais no sentido da oferta dos alimentos,
muitas evid?ncias sugerem que os alimentos com baixa palatabilidade, mas de
alto valor nutritivo, como os vegetais, costumam ser oferecidos em contexto
negativo, atrav?s de estrat?gias coercitivas, enquanto os alimentos de alta
palatabilidade, embora de baixo valor nutricional (doces, balas etc)
costumam ser oferecidos em contexto positivo (dias de festas, momentos de
lazer, intervalos de escola etc), potencializando-se a prefer?ncia por esses
alimentos. As conseq??ncias fisiol?gicas da ingest?o tamb?m influenciam os padr?es de
aceita??o do alimento pelas crian?as e tais conseq??ncias influem, tamb?m,
na prefer?ncia alimentar, na sele??o dos alimentos e na quantidade de
alimento que as crian?as comem. De maneira semelhante, as crian?as tamb?m
adquirem prefer?ncias por alimentos quando formam associa?es entre as
caracter?sticas sensoriais dos alimentos (sabor, principalmente) e as
conseq??ncias positivas p?s-ingest?o, tais como a saciedade da fome quando
se consome alimento com alto valor cal?rico. Educa??o ? fundamental Crian?as que apresentaram uma
regula??o da quantidade de alimentos ingeridos menos precisa tinham maior
quantidade de gordura corporal, ou seja, apresentavam maior tend?ncia ?
obesidade. Observou-se tamb?m que aquelas crian?as que tinham um melhor
controle sobre a ingest?o de alimentos eram filhas de pais que relataram
pr?ticas de alimenta??o mais flex?veis. H? diferen?a entre saciedade f?sica e saciedade ps?quica. Normalmente, os
alimentos s?o ingeridos at? se obter sensa??o de plenitude g?strica, de
acordo com a capacidade funcional do est?mago. Indiv?duos motivados por
tens?es ps?quicas continuam ingerindo alimentos at? alcan?arem al?vio da
tens?o, isto ?, saciedade ps?quica. O grau de controle externo exercido pelos pais pode impedir que a crian?a
aprenda sobre a sensa??o da fome e da saciedade, afetando o seu pr?prio
controle de ingest?o alimentar, resultando, assim, em altera?es de seu
peso. Resumindo, um controle restritivo e r?gido por parte dos pais tende a
prejudicar a capacidade da crian?a em se auto-regular. Inversamente,
pr?ticas de controle mais livres por parte dos pais promovem o
desenvolvimento do amor-pr?prio e do autocontrole nas crian?as. 2- Manter um bom intervalo entre as refei?es, dando tempo para que a
crian?a sinta fome. Intervalos curtos geram recusas mais freq?entes, o que
compromete a aceita??o de determinados alimentos. 4- Se um alimento ? recusado, substituir por outro equivalente.
Alguns dias depois, oferecer o alimento recusado novamente. 6- N?o for?ar a crian?a a comer nem utilizar a refei??o como
recompensa; essas pr?ticas podem criar resist?ncias dif?ceis de serem
superadas.
8- Evitar alimentos gordurosos, a?ucarados e excessivamente
temperados (exemplo: conservas e embutidos).
10- Algumas causas normais de varia?es no apetite: maior ou menor
grau de temperatura ambiental, maior ou menor atividade f?sica, maior ou
menor excita??o ps?quica, digest?o mais r?pida ou mais lenta da refei??o
anterior etc.
Cristina Garcia Lopes
Como evitar
Pesquisa feita na d?cada de 30 mostrou que as crian?as novas possuem uma
capacidade inata de regular a ingest?o de alimentos, ou seja, a crian?a tem
capacidade de ?saber? o quanto deve comer, entendendo-se quantidade como a
satisfa??o de suas necessidades cal?ricas, embora n?o tenham a mesma
habilidade em selecionar alimentos de qualidade. Demonstrou-se, igualmente,
que essa auto-regula??o da quantidade de alimentos ingeridos pode ter
rela??o estreita com a obesidade infantil.
Oferecemos, abaixo, algumas sugest?es que poder?o ajudar os pais na forma??o
de bons h?bitos alimentares em seus filhos:
1- Colocar pouca quantidade de comida no prato e garantir a repeti??o
quando solicitada. Crian?as nessa fase se adaptam melhor com pequenas
por?es de alimentos oferecidas v?rias vezes ao dia (5 a 6 refei?es).
3- Evitar dar comida na boca. A crian?a deve participar ativamente do
ato de comer. 5- A crian?a tende ? imita??o: todas as atitudes de quem prepara e de
quem oferece a refei??o devem ser positivas e favor?veis para a forma??o de
bons h?bitos.
7- N?o facilitar o acesso a balas, doces e guloseimas.
9- A recusa a alimentos pode vir de outros aspectos que n?o o sabor:
temperatura elevada, cheiro desagrad?vel ou forte, misturas de alimentos,
temperos, tipo de corte etc.
11- Outras causas: alimenta??o mon?tona, condi?es desfavor?veis de vida (como a
restri??o ao ar livre e falta de exposi??o ao sol), car?ncias vitam?nicas
etc.
? nutricionista formada
pela Universidade Federal de Vi?osa.
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