Agosto sem cristais, sem plumas e sem glamour
Agosto sem cristais, sem plumas e sem glamour em Juiz de Fora
Por dois anos consecutivos, o Miss Brasil Gay não é realizado na cidade. Misses lamentam a falta do concurso
Editor
25/08/2015
Há dois anos o mês de agosto não é mais o mesmo em Juiz de Fora. Perderam-se o brilho, o glamour e as plumas que desfilavam pela tradicional e concorrida passarela do Miss Brasil Gay (confira cobertura anteriores), considerado o maior e mais importante concurso de beleza gay do país. A última edição foi em agosto de 2013, no Cine-Theatro Central, quando marcou a edição 36 do evento e elegeu a representante do Espírito Santo, Sheila Veríssimo (foto ao lado). Em 2014, a não realização do evento foi informada em julho. Em entrevista ao Portal ACESSA.com, a irmã do idealizador do evento, Maria Alice Motta, afirmou que os empresários fecharam as portas para o concurso. “É um evento muito caro e não conseguimos patrocínio para a realização. Além disso, a mudança de local também atrapalha muito. O evento era melhor no Sport Club, mas como ele está interditado o concurso perde o brilho sendo no teatro”, conta.
Maria Alice completa que esse cenário deixa o irmão e idealizador do evento, o cabeleireiro Chiquinho Mota, ainda mais deprimido. “Como ele está com problemas de saúde, a falta de apoio piora ainda mais a saúde dele. O Miss sempre deu retorno financeiro para Juiz de Fora, porém, a cidade não abraçou essa causa”, lamenta.
Em 2014, Maria Alice, também reclamou da falta de apoio, em entrevista ao Portal ACESSA.com, e afirmou que “não foi definida data para a realização do evento e também não houve recursos para a sua produção. Além disso, foi cogitada a ideia de se transferir o evento para outra cidade, mas não foi adiante.” Mesmo que seja levantada essa possibilidade, a família de Chiquinho precisa autorizar, já que detém os direitos de produção e realização do evento. Em 2012, o evento também não aconteceu por falta de patrocínio.
Guardiã do título
Apesar da certeza que Sheila Veríssimo representa muito bem o Miss Brasil Gay, Ava revela que as outras candidatas estão esperando, ansiosas, para o concurso em 2016. “Os concursos estaduais estão parados aguardando a volta do Miss Brasil Gay em 2016. Espero que no próximo ano os juiz-foranos abracem essa causa.”
Tradição
O concurso nasceu de uma brincadeira entre amigos em 1977 e, ao longo dos anos, foi crescendo. Na época a Escola de Samba Juventude Imperial passava por uma crise e, para ajudar a agremiação, Chiquinho Mota criou o evento, que se tornou oficial e passou a acontecer todos os anos, sempre em agosto. O evento foi incluído como 4º Registro Imaterial do município, de acordo com o Registro de Bens Imateriais de Juiz de Fora - Decreto nº 9275, 14/08/07.
Em 2017, o Miss Brasil Gay completa 40 anos. “A ideia era fazer o evento este ano para angariar fundos para a festa de 40 anos. Seria um marco para a cidade, que até o momento não temos esperança de realizar”, conclui Maria Alice. “Ser uma Miss Brasil Gay é muito mais do que ser o mais belo transformista do país é, principalmente, ter consciência de toda essa história”, finaliza, Sheila.