Caso Ana Hickmann e os impactos da violência doméstica na saúde mental de mulheres e filhos

A agressão evidencia a urgência de abordar as consequências profundas desse problema.

Por Telma Elisa

Ana Hickmann

O episódio de violência doméstica envolvendo a modelo e apresentadora Ana Hickmann e seu marido, Alexandre Correa, noticiado no sábado, 11, na imprensa e nas redes sociais, chama a atenção para os impactos devastadores que esse tipo de situação pode ter na saúde mental das mulheres e de seus filhos.

A agressão, que resultou em lesões físicas e emocionais para Ana, evidencia a urgência de abordar aqui, nesta coluna sobre Saúde Mental, as consequências profundas desse problema que afeta inúmeras famílias no Brasil e no mundo.

A saúde mental de uma mulher vítima de violência doméstica é frequentemente abalada de maneira significativa. A agressão física e psicológica pode desencadear transtornos como ansiedade, depressão e transtorno de estresse pós-traumático.

No caso de Ana Hickmann, a necessidade de procurar atendimento médico e colocar uma tipoia em seu braço reflete não apenas as lesões físicas, mas também os traumas emocionais que acompanham esse tipo de violência.

A situação de violência psicológica pode ser percebida quando afeta a destruição da subjetividade, provocando sentimentos de tristeza, culpa, medo, baixa autoestima, vergonha e apatia, por exemplo.

Por isso, é muito importante que a mulher dê o primeiro passo, ainda que pareça difícil, que é o de reconhecer que está em situação de violência e entender que precisa de ajuda para romper o ciclo de violência.

Além do impacto direto na vítima, a violência doméstica afeta profundamente o bem-estar psicológico das crianças envolvidas. O filho de Ana e Alexandre, de apenas 10 anos, presenciou a discussão e a agressão, o que pode deixar cicatrizes emocionais duradouras.

Dados de uma pesquisa realizada pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), mostram que dentre as mulheres que relataram estar em sofrimento psíquico, 41,3% relacionaram o adoecimento mental com a violência sofrida. Além disso, 17,2% das mulheres afirmaram ter ideação ou pensamentos suicidas e já tentaram suicídio (Dados do Relatório de Gestão do Comitê de Políticas de Prevenção e Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres da UFPB).

A relutância em buscar medidas protetivas por parte de Ana Hickmann destaca a complexidade desse fenômeno. Muitas mulheres enfrentam barreiras sociais, econômicas e emocionais que dificultam a denúncia e a busca por ajuda. O medo, a vergonha e a dependência financeira são apenas algumas das razões que mantêm mulheres em situações de abuso, prejudicando ainda mais sua saúde mental.

O ambiente familiar, que deveria ser um refúgio seguro, torna-se palco de medo e insegurança, contribuindo para o desenvolvimento de problemas emocionais nas crianças. E, infelizmente, é comum ver casos desse tipo em famílias de todas as faixas econômicas da sociedade. Você já deve ter lido, visto, ouvido ou, até mesmo, presenciado algo do tipo.

É crucial que casos como o de Ana Hickmann sejam utilizados como ponto de partida para discutir a importância da conscientização sobre a violência doméstica e o apoio necessário para as vítimas.

Além disso, é essencial que se promovam políticas públicas e recursos que auxiliem na prevenção e no combate a esse problema, proporcionando um ambiente seguro e saudável para mulheres e crianças.

A saúde mental de uma sociedade depende do enfrentamento efetivo da violência doméstica e do amparo às vítimas, permitindo que elas reconstruam suas vidas com dignidade e bem-estar.

Para mais orientações sobre como lidar com a sua saúde emocional, ansiedade, ter mais autoestima, melhorar seus relacionamentos, combater o estresse e garantir mais qualidade de vida mental, me siga no perfil do Instagram @telmaelisa.psi e aqui nesta coluna todas às quintas-feiras.