Caso Deolane e Gustavo Lima: O impacto dos jogos eletrônicos na saúde mental e financeira

Confira a coluna da psicóloga Telma Elisa desta semana.

Por Telma Elisa

Caso Deolane e Gustavo Lima: O impacto dos jogos eletrônicos na saúde mental e financeira

A crescente popularidade de jogos como Bets e Tigrinho trouxe à tona um problema alarmante: o vício em jogos eletrônicos está destruindo a saúde mental e financeira de muitos brasileiros.

Sob a promessa de ganhos rápidos, pessoas acabam se afundando em dívidas e ansiedade, alimentando uma espiral de compulsão.

Jogo patológico vem sendo considerado uma dependência comportamental semelhante à dependência química.

Casos como o de Deolane Bezerra e Gusttavo Lima, envolvidos em investigações sobre promoção de apostas ilegais, mostram a seriedade do problema.

A busca incessante por ganhos financeiros não só afeta a vida financeira, como também causa desgaste emocional.

Assim como o uso de drogas, a atividade de jogar é prazerosa. A aposta valendo dinheiro, o risco e a esperança de ganhar produzem excitação, bem-estar, euforia, além de sensação de poder e sucesso.

Há ativação cardiovascular durante a atividade de jogar, o que pode fazer com que o ato de apostar provoque estresse agudo.

Muitas pessoas desenvolvem comportamentos compulsivos, perdem o controle sobre suas ações e prejudicam suas relações sociais e familiares.

X, 38 anos, perdeu mais de 50 mil em apostas em pouco mais de 3 meses só em 2024. O relato confidenciado numa reportagem recente de uma revista de circulação nacional, traz a realidade de muitos. “A sensação de felicidade trazida pela conquista de 2, 3, 5 mil reais depois de ter investido um valor ínfimo, me fez seguir reinvestindo os valores que eu conseguia com as apostas. Faturei muito, mas perdi muito mais. As apostas foram se multiplicando e quando percebemos, minha esposa acabou se envolvendo, já estávamos descontrolados, acumulamos dívidas, e nos perdemos financeiramente”, relatou.

O vício em jogos, conhecido como jogo patológico, é uma condição reconhecida pela Psicologia, e precisa ser tratado com a mesma seriedade de outros transtornos de vício.

Ele é caracterizado por episódios frequentes e repetidos de jogo, que dominam a vida do indivíduo e comprometem valores e compromissos sociais, ocupacionais, materiais e familiares.

Os impactos são profundos: desde a perda de emprego até o rompimento de vínculos pessoais, a doença se torna devastadora sem intervenção.

Embora faltem estudos brasileiros mais amplos sobre essa temática, há evidências de que o número de jogadores patológicos está crescendo no Brasil, acompanhando a expansão dos jogos de azar.

Em 1994, a Universidade Federal de São Paulo criou o Ambulatório de Jogo Patológico, que viu uma alta demanda nos anos seguintes.
Inicialmente, os pacientes jogavam videopôquer e bingo, e a dependência evoluiu com o mercado de jogos eletrônicos.

Um levantamento mostrou que 78% dos jogadores contraíram dívidas, 47% já tiveram ideação suicida, e 14% tentaram suicídio. A demanda por tratamento superou a oferta de profissionais especializados.

Para quem já se sente preso a essa armadilha, o primeiro passo é reconhecer o problema e buscar ajuda especializada, seja através de Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) ou grupos de apoio.

O autocuidado e o acompanhamento psicológico são fundamentais para evitar que o vício em jogos comprometa o bem-estar mental e o equilíbrio financeiro.

Para mais orientações sobre como lidar com a sua saúde emocional, ansiedade, ter mais autoestima, melhorar seus relacionamentos, combater o estresse e garantir mais qualidade de vida mental, acesse o site www.telmaelisapsi.com.br, me siga no perfil do instagram @telmaelisa.psi e aqui nesta coluna todas às quintas-feiras.