Outubro Rosa: O medo do diagnóstico e seus impactos emocionais

Confira a coluna da psicóloga Telma Elisa desta semana.

Por Telma Elisa

Outubro Rosa: O medo do diagnóstico e seus impactos emocionaisOutubro Rosa: O medo do diagnóstico e seus impactos emocionais

O impacto emocional provocado pelo diagnóstico do câncer de mama pode ser avassalador para muitas mulheres. O medo de se deparar com essa realidade pode levar ao silêncio, à paralisação e, muitas vezes, a uma decisão perigosa: deixar de realizar exames preventivos, como a mamografia.

Em meio a campanhas de conscientização, como o Outubro Rosa, é comum vermos o incentivo ao cuidado e à prevenção, mas pouco se fala sobre como o medo do resultado pode impactar a vida e a saúde de tantas mulheres.E essa realidade é tão assustadora, porque é sempre pauta da imprensa o número de resultados de exames que não são entregues por simplesmente falta de quem vá até as unidades de saúde para buscá-los.

O medo, embora compreensível, gera um ciclo de ansiedade que afeta a qualidade de vida. Mulheres que evitam a mamografia por receio de serem diagnosticadas com câncer de mama, muitas vezes, carregam esse peso emocional sem perceber o quanto isso interfere em seu bem-estar diário.

O pensamento "e se eu descobrir algo?" acaba sendo mais assustador do que lidar com a realidade de um exame, e o medo toma o controle, impedindo que o autocuidado seja uma prioridade. E é nesse ponto que a Psicologia tem um papel fundamental.

Na Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), trabalhamos com a ideia de que nossos pensamentos automáticos influenciam diretamente nossas emoções e comportamentos. Pensamentos como "se eu fizer o exame e for algo grave, minha vida vai acabar" ou "eu não vou conseguir lidar com um diagnóstico" criam uma sensação de desespero. Essas crenças disfuncionais alimentam o medo e aumentam a possibilidade de uma mulher evitar o exame, deixando sua saúde em segundo plano.

Com a abordagem TCC, a Psicologia ajuda as pacientes a identificar esses pensamentos, desafiá-los e substituí-los por alternativas mais realistas e saudáveis.

O impacto emocional de evitar a prevenção não para por aí. Muitas mulheres relatam que, mesmo sem o exame, o medo constante de que algo possa estar errado gera uma ansiedade silenciosa. Esse medo consome energia, afeta o sono e até interfere nas relações interpessoais. É como se vivessem com uma sombra pairando sobre elas, e o alívio que a mamografia poderia proporcionar é evitado pela angústia de enfrentar o desconhecido. Mais uma vez, a psicoterapia se mostra uma aliada poderosa nesse processo de enfrentamento.

A Psicologia também pode ajudar a mulher a lidar com a sua relação com o corpo e com a autoimagem, questões que estão profundamente conectadas ao câncer de mama. O medo do diagnóstico não é apenas sobre a saúde física, mas também sobre como a doença pode mudar a percepção da mulher sobre si mesma. Medos relacionados à feminilidade, à autoestima e à aceitação social são comuns, e essas emoções precisam ser acolhidas e trabalhadas. A terapia oferece um espaço seguro para lidar com essas questões, proporcionando autoconhecimento e, sobretudo, fortalecimento emocional.

Outro ponto que não podemos deixar de lado é o impacto desse medo no círculo social da mulher. Quando ela se isola do cuidado por medo do diagnóstico, é comum que esse comportamento afete também suas relações familiares e de amizade. Os entes queridos podem não compreender a razão de ela evitar o exame, o que pode gerar conflitos e frustrações. Na terapia, abordamos a importância de comunicar esses medos de forma clara e assertiva, para que tanto a mulher quanto seus familiares possam enfrentar a situação com mais empatia e união.

O Outubro Rosa não é apenas sobre incentivar o exame físico, mas também sobre promover o autocuidado como um ato de amor-próprio. Cuidar da saúde mental é parte crucial desse processo. O medo do diagnóstico não precisa ser uma barreira intransponível. Na verdade, o acolhimento desse medo, com a ajuda de uma abordagem psicológica, pode transformar a forma como a mulher encara a prevenção. Na terapia, ajudamos a reconstruir esse caminho, permitindo que ela veja o exame não como uma ameaça, mas como uma oportunidade de cuidado e proteção.

Se você tem medo de realizar a mamografia, tudo bem. O medo é legítimo, mas ele não precisa te paralisar. Faça assim mesmo o trabalho de autocuidado e prevenção realizando o exame. O autocuidado é um ato de coragem, e a Psicologia pode te ajudar a lidar com esses sentimentos e a transformar o medo em uma motivação para cuidar de si mesma.

É importante que não só neste Outubro Rosa, como em todos os outros meses do ano você, mulher, reflita sobre a importância de cuidar não apenas da sua saúde física, mas também da sua saúde mental.

Para mais orientações sobre como lidar com a sua saúde emocional, ansiedade, ter mais autoestima, melhorar seus relacionamentos, combater o estresse e garantir mais qualidade de vida mental, acesse o site www.telmaelisapsi.com.br, me siga no perfil do Instagram @telmaelisa.psi e aqui nesta coluna todas às quintas-feiras.