Jogos Online - Você perde bem mais do que só dinheiro

O vício em jogos pode transformar diversão em dependência, afastando-nos do mundo real e dos laços que realmente importam.

Por Telma Elisa

Operadoras de jogos online deverão prevenir lavagem de dinheiro

Você já parou para refletir sobre o impacto que jogos online podem ter na vida de uma pessoa? Por que alcançar um novo nível, ganhar uma partida ou obter um item raro parece tão recompensador – mas, logo depois, surge a necessidade de buscar mais? Essa sensação tem raízes profundas na forma como nosso cérebro funciona e pode levar a consequências muito maiores do que apenas a perda de dinheiro.

Em muitos casos, a história começa com alguém jogando online apenas para relaxar após o trabalho. Com o tempo, essa pessoa passa a investir mais horas e, eventualmente, começa a gastar dinheiro em itens virtuais, upgrades e vantagens no jogo. No início, essas pequenas compras parecem inofensivas, mas o que ela não percebe é que está entrando em um ciclo viciante. Cada vitória libera dopamina, o “hormônio do prazer”, incentivando-a a continuar jogando e gastando.

Esse ciclo, conhecido como sistema de recompensa, é o mesmo acionado em outros comportamentos compulsivos, como o uso de redes sociais ou até vícios mais graves. No caso citado acima, a pessoa começa a sacrificar momentos importantes: recusa encontros com amigos, adia tarefas de trabalho e até se afasta de sua família ou de seu parceiro ou parceira. Tudo porque seu foco está no jogo. E então,não está apenas perdendo dinheiro – passa a perder conexões reais, tempo e até sua própria identidade.

Os jogos online são projetados para manter o jogador engajado, oferecendo conquistas constantes, mas passageiras. É uma armadilha para a mente: quanto mais você investe, mais difícil se torna parar, porque a sensação de “perder tudo” se torna dolorosa demais. O que acaba levando à crises de ansiedade, insatisfação constante, irritabilidade e até depressão, especialmente quando a realidade começa a parecer menos atraente do que o mundo virtual.

Quebrar o ciclo é preciso

O primeiro passo é a consciência. Então o caminho é se perguntar: “Quanto do meu tempo e energia estou dedicando a isso? O que estou deixando de viver para continuar jogando?” Reconhecer o problema é essencial para começar a resgatar sua autonomia.

A terapia também pode ser uma grande aliada nesse processo. É aí, que entra o meu trabalho como psicóloga. Aqui a proposta é ajudar essa pessoa a identificar os gatilhos emocionais que levam ao excesso de jogo e a construir estratégias para recuperar o controle da sua vida.

A meta é lembrar que somos muito mais do que conquistas digitais ou rankings em um jogo. Nossa verdadeira riqueza está em experiências reais, nas relações que cultivamos e no tempo que investimos em nós mesmos.

Se você sente que está preso ou presa nesse ciclo, pergunte-se: “Quem eu sou sem os jogos?” Talvez seja o momento de descobrir.

Para mais orientações sobre como lidar com a sua saúde emocional, ansiedade, ter mais autoestima, melhorar seus relacionamentos, combater o estresse e garantir mais qualidade de vida mental, me siga no perfil do Instagram @telmaelisa.psi e aqui nesta coluna todas às quintas-feiras.