Começa nesta quinta-feira (15) a capacitação dos profissionais de saúde de Juiz de Fora para o preenchimento da ficha de notificação dos casos de suspeita ou confirmação de algum tipo de violência. Essa confirmação é feita nas unidades de saúde pelas pessoas que solicitam o atendimento nessas circunstâncias. A expectativa é de capacitar um total de 300 profissionais da saúde no decorrer das atividades.
Para a preparação desta atividade, aconteceu nesta segunda-feira (12), na Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), a oficina piloto do Projeto “Cultura de Paz e Prevenção das Violências: Tecendo Redes”.
Participaram no total 46 pessoas, entre bolsistas e voluntários dos três eixos do projeto, graduandos em medicina, enfermagem, pedagogia, serviço social, além de residentes de medicina e assistentes sociais. A coordenadora do Projeto, professora Cacilda Andrade de Sá, destaca a importância de realizar a capacitação, desta segunda-feira, com futuros profissionais da saúde. Na opinião dela, além de multiplicadores do projeto eles, ao entrarem no mercado de trabalho, já terão uma visão diferenciada acerca da importância da notificação e da estruturação de dados para combater as violências.
A coordenadora do Nates e vice-coordenadora do “Cultura de Paz”, Maria Teresa Bustamante, acrescenta sobre a coleta e a estruturação das informações. “Os dados são fundamentais para entender as circunstâncias (em que as violências ocorrem). A notificação não é para identificar a pessoa, mas para fazer o mapeamento do que está acontecendo nos locais. Vai haver um bairro onde pode acontecer um tipo de violência a mais do que outro. Sem esse diagnóstico não é possível fazer política e nem avaliar o efeito destas políticas. Na nossa oficina tivemos muito cuidado para não fazer um treinamento para o preenchimento da ficha, mas fazer uma capacitação para termos uma discussão mais ampliada e participativa acerca das informações”.
Uma das facilitadoras do projeto, Maria Luiza Stehling, salienta que não basta apenas pensar no combate à violência, mas também que um dos principais objetivos das oficinas é o de refletir e estabelecer uma cultura da paz. Segundo ela, “não podemos esquecer que o estabelecimento é o nosso sonho, a nossa utopia”.
Alinhada a este pensamento está a bolsista do eixo de educação continuada e aluna de medicina, Iza Cotta, que enxerga nas oficinas e no preenchimento das fichas uma oportunidade para a criação de políticas públicas sólidas. “Estive diante do atendimento de muitos casos de violência, direta ou indiretamente, e o que percebi é que (a violência) é um problema extremamente crítico, silenciado e complexo.”
Iza sublinha, ainda, as contribuições sociais que a iniciativa pode oferecer. “Sempre me sentia muito frustrada diante do atendimento, vejo o projeto com uma potência muito grande de trazer um retorno social realmente significativo a curto, médio e longo prazo. Principalmente por essa porta de entrada para solução desse problema, que é a orientação da ficha de notificação, porque através disso é possível, não só proporcionar um primeiro acolhimento da pessoa violentada, como também nortear políticas públicas, que é o fundamental para resolver esse problema de maneira sólida.”
O também bolsista do eixo de educação continuada e aluno de medicina, Gabriel Braz, acrescenta ainda a importância das oficinas em capacitar os profissionais da saúde na escuta e na prática de um atendimento mais humanizado para as pessoas que sofreram violência. “Já estive do outro lado, como usuário que precisava ser atendido e acolhido, então trago essa sensibilização pessoal. estar aqui faz muito sentido, porque me motiva a poder entender como posso ajudar pessoas que passam e passaram por situações de violência”.
Do mesmo curso, Pedro Areias enfatiza a importância de uma maior humanização nos atendimentos. “Vejo o profissional médico muito focado no processo de saúde e doença e distante de seu paciente, o que gera muitos casos de subnotificação de violência. Por isso, acredito que devemos aprender e criar métodos para combater esses casos, desenvolvendo políticas públicas para acabar com esse problema”.
Já a estudante de Enfermagem, Tainá Oliveira, pontua o quanto a temática é importante para os profissionais de saúde, “pois muitos tem dificuldade de preencher a ficha e tornar isso um dado relevante para o sistema. A capacitação é essencial para ser levada a outros profissionais e assim criar uma rede sobre o assunto”.
Cultura de Paz e Prevenção das Violências: Tecendo Redes
O Projeto é uma parceria entre a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) e busca contribuir para o desenvolvimento do Plano Municipal de Fortalecimento da Vigilância das Causas Externas da PJF. A iniciativa tem duração de seis meses e vai contar, ainda, com fóruns e campanhas que pretendem alcançar as comunidades e sensibilizá-las para o debate sobre o tema e para a busca de soluções para as diferentes demandas.
Quadro de oficinas:
As oficinas serão na Faculdade de Enfermagem da UFJF. A previsão é de quatro oficinas por turno, em quatro salas simultâneas, com dois facilitadores em cada uma delas.
15 de setembro: 7h30 às 11h30 e 13h às 17h
22 de setembro: 7h30 às 11h30 e 13h às 17h
20 de outubro: 7h30 às 11h30 e 13h às 17h
17 de novembro: 7h30 às 11h30 e 13h às 17h
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