A Polícia Militar (PM) confirmou na tarde desta segunda-feira (17), que o crescimento do número de homicídios em Juiz de Fora tem relação com tráfico de drogas e briga entre facções. Em entrevista para o Portal Acessa, o comandante da 4ª Região de Polícia Militar (4ª RPM), coronel Marco Aurélio Zancanela do Carmo, destacou que no comparativo entre os primeiros semestres de 2022 e 2023, a cidade apresentou aumento de 64% no registro do crime de homicídio consumado, sendo de 25 para 41 ocorrências.
Nos gráficos abaixo, observa-se que do total de 41 crimes, 33 (80,49%) foram cometidos com o emprego de arma de fogo e 24 tiveram como causa direta tráfico ilícito de entorpecentes e conflitos entre facções criminosas, ou seja, 58,53%. Veja.
Ainda segundo o gráfico acima, analisando antecedentes de autores e vítimas de homicídios consumados, percebem-se os históricos de envolvimento com criminalidade, das 41 vítimas, 35 (85,36%) possuíam antecedentes, sendo 27 com passagens anteriores relativas ao tráfico. Já em relação aos autores, dos 42 identificados, 40 (95,23%) possuem antecedentes, sendo que 29 (72,5%), apresentam ligações com o tráfico de drogas.
Crescimento de homicídios iniciou-se após morte de faccionado
De acordo com o comandante, o marco de início dessa disputa foi um crime de homicídio ocorrido no dia 31 de agosto de 2022, no Bairro Vila Ideal, quando traficantes oriundos do Bairro Santo Antônio deslocaram em um ponto de venda de drogas no Bairro Vila Ideal, resultando na morte de dois menores e em graves ferimentos a um terceiro menor.
Criminosos do Bairro Santo Antônio estavam sendo aliciados por traficantes com ligação com a Facção do Primeiro Comando da Capital (PCC), enquanto o tráfico de Drogas do bairro Vila Ideal possui uma conexão com o Comando Vermelho (CV) em relação ao fornecimento de drogas por parte dessa organização criminosa.
Desde então, foi registrada uma sequência de homicídios tentados e consumados envolvendo criminosos que se declaram integrantes ou simpatizantes de facções criminosas (CV X PCC), inclusive no interior do sistema prisional.
Ações da PM buscam diminuir homicídios
A Polícia Militar informou à reportagem que no primeiro semestre de 2023, ações focaram tanto a prevenção quanto à repressão, especialmente ao combate ao tráfico de drogas e desarmamento de criminosos.
Outra estratégica adotada pela PM é a implementação desde o dia 1o de junho deste ano, da Operação Ocupação nos bairros Vila Ideal, Santo Antônio, Bela Aurora e Sagrado Coração de Jesus. Nessa operação, a Polícia Militar ocupa diuturnamente os locais onde já há comprovação da incidência de tráfico de drogas e presença de criminosos que possuem ligação com organização criminosa.
"São desencadeadas ações preventivas, com ocupação em locais estratégicos, além de ações repressivas com abordagens, inclusive com cumprimento de mandados de busca e apreensão expedido pela Justiça", comenta Zancanela.
Ocupação nos bairros
De acordo com o comandante, no mês de junho deste ano, primeiro mês pós Operação Ocupação, dois homicídios consumados foram registrados em Juiz de Fora, 11 a menos que no mês de maio, redução de 84,61%, quando ainda não havia sido implementada essa estratégia de combate ao tráfico de drogas, e nenhum deles nas áreas ocupadas, dos dois crimes registrados em junho de 2023, nenhum teve como causa a disputa por pontos de venda de drogas ilícitas.
"Desde o início da operação, três homicídios foram registrados, dois em junho e um em julho, todos com causa diversa ao tráfico de drogas, como o caso em que um sobrinho atentou contra o tio em virtude de conflito por questões comerciais".
Veja no gráfico abaixo a redução de homicídios após as operações realizadas pela PM na cidade.
A reportagem questionou se além desta operação, os militares realizam outros trabalhos para amenizar este impacto na cidade. Zancanela salientou que, "objetivando evitar que na “saidinha temporária” e no cumprimento das penas de 'Liberdade Condicional' e 'Regime Aberto' os presos egressos voltem a cometer delitos ou sejam vítimas de crimes de vingança e/ou cobrança de dívida com traficantes, a Polícia Militar, em Juiz de Fora, realiza visitas aos egressos de forma a averiguar se estes estão cumprindo as penas em conformidade com as regras e/ou se estão sob ameaça".
Ainda segundo o comandante, quando identificado o descumprimento, a PM relata ao juiz que, em regra, retorna o apenado ao regime fechado. Na situação em que o preso relata que está sob ameaça, a PM busca orientação e mediação do conflito, de forma a prevenir o crime de homicídio.
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