Somos a soma de nossas escolhas!
Plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro, clichê que representa nossas maiores missões na terra, três ações atemporais. Eu sugeriria também outro feito: visite um aterro sanitário, provavelmente essa experiência refletirá na forma como você criará seu filho, na convicção com que você plantará uma árvore e na essência do que você escreverá em seu livro.
Observar um aterro sanitário, mesmo que com olhar leigo, é uma vivência transcendental, no sentido de ultrapassar qualquer explicação lógica.
Sei que é preciso destinar as "sobras" da nossa existência predatória para algum lugar, mas aterrar indiscriminadamente sofás, computadores, plásticos dos mais diversos tamanhos e composições (ai, esse horror de sacolinha de supermercado), bonecas, vidros, metais..., sem quaisquer critérios de separação de materiais que podem ser reciclados ou reutilizados, é arrastar para debaixo do "tapete vivo" que é a terra, a sujeira dos homens. É cuspir para cima, porque o que acontecer à terra acontecerá aos filhos da terra.
O fator mais ilógico desse comportamento paradoxal é que metade dessas "sobras" serviu apenas como revestimento, invólucro dos produtos. Nada mais... As embalagens podem representar até 80% do peso total do produto e 65% do custo final, ela cumpre sua missão em tempo recorde, é o tempo de levá-la para casa, tirar o produto de dentro e pronto, já vai para o lixo. É mais poluição, mais desperdício, mais lixo!
Pense comigo: reconhecida a ausência de função própria e respeitadas as exigências de higiene e segurança, é justificável a supressão do excesso de embalagens; o bônus do marketing presente nas embalagens não pode se sobrepor ao ônus ambiental e econômico do excesso de embalagens.
A Alemanha foi o 1º país a ter uma política nacional sobre embalagens, a partir da Lei Topfer; foi também pioneira na criação de selos verdes, os chamados DSD (dual system deutschland): são símbolos verdes presentes nas embalagens, que garantem sua procedência e seu retorno à cadeia produtiva. Paga-se um pouco mais caro por eles mas é um investimento inteligente. Poupa-se exploração de novas matérias-primas virgens, que no futuro ficarão cada vez mais caras, simples lei da oferta e procura...
Em Londres, existe uma loja, a Unpackaged, que, desde 2006, vende frutas, legumes, produtos de higiene e condimentos fora da embalagem, da forma que vieram ao mundo, a granel: sucesso total! Claro que as sacolas ecológicas já estão no DNA dos consumidores...Você tem a sua?
Basta pesquisar um pouco para constatar que essas experiências têm se multiplicado, questão de bom senso!
O uso de refil é parte da solução para este novo cenário mercadológico: a gente apenas repõe o conteúdo na base original. Pode procurar, no seu supermercado. Você vai encontrar vários produtos de seu uso habitual na versão refil. Eles estão na moda, sabe por quê?
- O preço do refil sai até 40% mais barato;
- A quantidade de matéria-prima usada na fabricação do refil é, em média, 30% menor do que nas embalagens convencionais;
- É mais leve para levar para casa;
- O volume do lixo diminui;
- O impacto ambiental na produção, distribuição e descarte pós-consumo chega a ser 70% menor, principalmente porque diminui a demanda de energia, água e embalagens.
Aqui em casa, eu e meu marido temos usado refil para cosméticos, achocolatados, barbeadores, massa para bolo, café granulado, produtos de limpeza, massa de tomate, maionese, condimentos...
Vamos, orgulhosos, pagar na boca do caixa, com sensação de que tem alguém aprovando nossa conduta. Acho que é nossa consciência...
Abraço verde!
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Cecília Junqueira é gestora ambiental, pós-graduada em problemas ambientais urbanos
e integrante da "Mundo Verde projetos ambientais".
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