Mais uma chance para o bem
Aproveito o espaço da nossa coluna para fechar as reflexões de 2013 desejando que todos nós possamos dar mais uma chance para o bem em 2014. Um bem que inclua a nossa própria existência, a vivência de todas as demais pessoas, a existência de todos os animais, plantas e ecossistemas, abraçando a nossa natureza, nosso planeta enfim. Tomara que tenhamos coragem de não achar tudo isso piegas, que honremos o nosso suposto papel de espécie racional e inteligente. Desejo assim, em primeiro lugar que cultivemos o hábito de pensar, usar a razão, a capacidade tão magnífica de pesar o certo e o errado, usando o cérebro. Enxergar o motivo para tantas enchentes, para tanto calor, para a poluição, para o desmatamento, para os maus-tratos com os animais, para a desconsideração do interesses de outras vidas. Compreender racionalmente porque agimos assim, de um modo tão pouco honrável. Considerar humildemente que não somos a espécie mais perfeita da Terra. Compreender profundamente que existem outros pontos de vista, que existe tecnologia do bem para solucionar velhos problemas, que cientistas bem intencionados pipocam pelas universidades do nosso país, loucos por uma oportunidade de fazer com que sua idéia torne-se solução para desastres, tragédias e dilemas. Ter a malícia de entender que há interesses políticos e financeiros encharcando as não-soluções para tantas questões. Não seguir as massas, pensar com a própria cabeça, ter coragem de ser contra uma posição. E defendê-la, em favor de uma outra que seja mais ampla, mais ética, mesmo que sendo tachado de idealista... ou chato. Desejo assim, muito bom uso do nosso poderosíssimo cérebro humano...
Entretanto, ao mesmo tempo, eu desejo que no próximo ano nós possamos nos dedicar apaixonadamente mais àquilo que realmente importa, cultivando a empatia em direção a tudo que for vivo, estimulando a compaixão, mesclando nossa razão com o nosso bom-senso e nosso sentimento primitivo de pertencimento a esta Terra. Vou torcer para que olhemos os animais com outros olhos, olhos de igualdade. Que a gente se sinta incomodado em não separar adequadamente o lixo, se irrite com a poluição do ar, com os transgênicos que dominam nossos supermercados, com as tristes imagens de desmatamentos. Que cada rio poluído doa em você, que cada queimada te afete, que você se mova para qualquer novo lugar que não seja o da indiferença. Que você não fique triste ao olhar nosso mundo escorrendo para esgotos podres, pelo contrário. Que sinta raiva e que esta raiva te mova, te faça levantar da cadeira, te faça falar sobre o assunto... Garanto que ano que vem estarei aqui para te ajudar a se incomodar ainda mais! Feliz 2014 à todos e que você e nossa mãe Terra tenham um ano muito mais feliz!
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Juliana Machado é Bióloga, mestre em Ciências Biológicas - Comportamento e Biologia Animal - UFJF/MG. Doutoranda em Bioética, ética aplicada e saúde coletiva - UFRJ/UFF/UERJ e Fiocruz.
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