A natureza não tem partido político
Hoje vou usar o espaço da nossa coluna para lançar uma reflexão "eco-política". Atualmente vivemos em nosso país uma série de crises, fato. É a crise da água, a consequente crise energética com o aumento significativo das nossas contas de luz, o escândalo da Petrobrás, a alta no preço da gasolina, a redução nos investimentos em educação, as bolsas atrasadas dos nossos pesquisadores-cientistas, os incômodos diplomáticos recentes com a Indonésia e outros absurdos. Fora as notícias já banais: desmatamento acelerado na Amazônia, exploração sem sentido de novas fontes de água, criação impensada de novas usinas, reduzido investimento em ciência e tecnologia. Um quadro bastante desanimador, é verdade. Mas o que acho mais desanimador ainda é esse clima de competição com tom de briga de torcidas de futebol que se instala entre os que votaram e os que não votaram no atual governo. Chato isso viu... Para mim (e isto é uma opinião bastante pessoal), soa como uma grande falta de nacionalismo, patriotismo e união por um bem comum. O bem comum é: somos TODOS brasileiros e queremos um país melhor. Quando você assistiu aos debates, leu notícias, refletiu e decidiu votar em fulano, graças à maravilhosa democracia, acredito que o fez com a melhor das intenções certo? Agora, ver o circo pegar fogo em nosso país e pensar "bem feito" é no mínimo infantil para não dizer imaturo, insensível, incoerente e nem um pouco lógico.
Eu posso ser ingênua. Mas eu quero muito o melhor para meu país. Acho o Brasil um país lindo em suas pessoas, em sua geografia e – claro, puxando a sardinha para a minha brasa – em sua magnífica natureza. Eu gosto de olhar as nossas matas, nossos rios, aquele marzão maravilhoso. Gosto de respirar o ar fresco com o sol quentinho dos trópicos no rosto. Me faz bem pensar que ao me preocupar com meu lixo ou a água que sai da minha torneira estou colaborado para um país melhor. Independentemente dos corruptos, dos pessimistas, dos desanimados e infelizes. Eu amo nossa fauna rica, cheia de aves deslumbrantes e mamíferos que nos fazem babar. Respeito cada planta que nasce no nosso solo. Cada descoberta maravilhosa feita em alguma instituição de ensino em prol da nossa natureza. Eu me orgulho do nosso país, mesmo sabendo de tudo de errado que está acontecendo, já aconteceu e infelizmente vai continuar ocorrendo. E sinceramente, não me importa qual partido estará no poder, contanto que faça o melhor para a nossa pátria.
Não vou ficar defendendo uma corrente simplesmente para ser coerente, nem vou atacar você porque votou na oposição. Não me importa. Eu acredito de forma veemente que a natureza não tem partido político. E na verdade, a natureza se basta. Quando ela cansar de toda essa baboseira que não acrescenta em nada, ela vai nos mandar para longe daqui. E vai reerguer-se. Simplesmente fazendo acontecer a sucessão ecológica. Por isso sugiro que a gente pare de ser chato, "pelinha". E que coloque nossos neurônios para funcionar em direção à alguma coisa de fato mais útil do que ficar atacando o outro em suas escolhas partidárias. Não vai levar à lugar algum minha gente, garanto.
Juliana Machado é Bióloga, mestre em Ciências Biológicas - Comportamento e Biologia Animal - UFJF/MG. Doutoranda em Bioética, ética aplicada e saúde coletiva - UFRJ/UFF/UERJ e Fiocruz.
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