Nome do Colunista Juliana Machado 26/10/2015

Por uma educação mais ecológica

ambientalismoSe me perguntarem de que maneira poderíamos salvar esse planeta dos atuais desastres naturais que se apresentam e do cenário futuro igualmente catastrófico, eu diria que a única forma de fazer, seria por meio da educação. Não acho justo que cobremos das pessoas uma atitude mais ética, se o sistema de ensino não oferece ferramentas para que pensamentos desta qualidade sejam alimentados. Já discuti sobre o quanto me incomoda ver a ecologia como apenas mais uma área das ciências biológicas. Penso que enquanto for assim a situação de Gaia ficara cada vez mais crítica. E se somos parte desta rede, a nossa situação como espécie também ficará insustentável.

A educação ideal a qual me refiro é daquelas defendidas por pensadores e pedagogos e seus olhares amplificados. É uma educação libertadora, que oferece a quem a vivencia, oportunidades de olhar o mundo com mais profundidade. Não sei se isso é possível no nosso país, tendo em vista o sistema capitalista e o modelo de educação que anula as diferenças e coloca todos os alunos em uma única forma. Quero desabafar, como professora, e dizer que muitas vezes queremos inovar, falar de assuntos realmente relevantes e interessantes para os alunos. Mas há um sistema que muitas vezes nos obriga a seguir fielmente o programa dos exames de seleção que, não raro, cobram temas isolados e sem graça. Não quero meu aluno decorando relações ecológicas e eutrofização. Quero que ele entenda sobre a COP21, se sinta engajado com os 5 Rs em seu dia a dia, se sinta motivado a economizar água e falar sobre essas coisas em casa. É o que eu acho que a educação deveria fazer. Não eu somente, não a escola, mas o sistema como um todo. Chega desse monte de conteúdo sem sentido que os alunos são obrigados a engolir. Chega de apresentar a ecologia apenas no ensino médio de modo rápido. Que seja trabalhada nas faculdades em todos os cursos, porque fala sobre nossa casa maior 'A Terra'.

Talvez um dia a ecologia possa ser abordada naturalmente, sem segundas intenções relacionadas com aprovações em seleções ou destaque de um aluno frente aos das outras escolas. Isso deveria acontecer nos diferentes cenários educacionais, seja nas creches, nos jardins da infância, nas salas do ensino fundamental e médio, nos auditórios das faculdades e nas residências, junto dos familiares. Acho que só a partir daí haverá sentido para uma educação que de fato se preocupa moralmente com a formação das pessoas e com o bem estar do planeta.


Juliana Machado é Bióloga, mestre em Ciências Biológicas - Comportamento e Biologia Animal - UFJF/MG. Doutoranda em Bioética, ética aplicada e saúde coletiva - UFRJ/UFF/UERJ e Fiocruz.

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