Honrando compromissos
Que todo mundo tem compromissos para honrar, não resta a menor dúvida. E esses compromissos podem vir das mais variadas formas, como carnês, talões, cheques especiais, cartões de crédito... Até nas fraldas da criança, que levará muito tempo para gritar lá do banheiro, "Papai, já acabeeeeeei!!" e que gerará outra série de despesas ao longo da criação, tudo corre a poder de dinheiro... Uma pena que nada caia do céu, não é mesmo?! — Nem o aumento de salário, tão necessário para a maior parte da classe trabalhadora dar conta de suas despesas. Portanto, a reivindicação tornou-se a melhor solução. Está aberta a temporada de negociações salariais.
Inaugurada desde antes do carnaval pelo Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo, a corrida por melhores salários em 2011 ganhou novos adeptos nesta semana. Foram os casos dos servidores públicos, dos professores e dos engenheiros do município, que, via seus respectivos sindicatos, já entraram em negociação com a Prefeitura em prol de reajustes, na faixa de 15%. Os médicos municipais também já sinalizam que logo se juntarão ao grupo que pleiteará novo soldo, embora com negociações à parte. É, a temporada de acordos salariais deste ano promete...
Ganhar um salário melhor é algo muito justo dentro da sistemática em que vivemos. É necessário repor as perdas oriundas da inflação e de outras alíquotas que inferem no poder de compra do cidadão. No entanto, esta reposição nem sempre é automática e o empregador vende caro cada percentual solicitado. E as negociações acabam descambando para o embate, que geralmente interrompe o fornecimento de serviços importantes para a população, como o transporte e suas operações tartarugas, as greves e as paralisações de bancos e de escolas, por exemplo. Legítima, a luta, certamente. Não fossem as greves trabalhistas iniciadas ainda no século XIX, não teríamos uma legislação trabalhista mais justa para o trabalhador. O que se espera, no entanto, é que as negociações possam ser agilizadas e que os serviços essenciais não sejam interrompidos.
E por falar no assunto, nunca é demais lembrar que longe das assembleias sindicais para melhorias de salário, já existe grupo que conseguiu êxito na conquista. É o caso dos vereadores, mais "modestos" na porcentagem do reajuste, com "apenas" 10% de aumento, utilizando como base o Índice Nacional de Preços do Consumidor Amplo, o IPCA. Informação esta, que torna necessário comentar que o percentual é o nem um pouco "modesto" valor de R$ 922 de aumento e que os membros de nossa Casa Legislativa, desta forma, terão proventos na ordem de R$ 10.269,95. Tanto número me deixou a questionar certas coisas: quem ganha salário de cinco dígitos em Juiz de Fora? Quantos empregados do município sobrevivem com o salário menor do que os R$ 922 de reajuste? — Acho que dá para render uma boa discussão...
Mais longe ainda das assembleias sindicais e dos vereadores ainda existe aquela camada que sofre com a redução de empregos formais em Juiz de Fora, que por dois meses consecutivos encontrou queda no município, gerando como resultado, muita das vezes, no desemprego. Para esses, não existe reivindicação de aumento de salário, porque sequer tem um trabalho legalmente amparado. Como esse pessoal vai fazer com as fraldas, com os carnês, com os talões?! É bom não esquecer, todos temos compromissos para honrar.
Juliano Nery deve reivindicar melhores salários em breve. Deve solicitar algo em torno de 100% de aumento. Vai que dá certo!
Juliano Nery é jornalista, professor universitário e escritor. Graduado em Comunicação Social e mestre na linha de pesquisa Sujeitos Sociais, é orgulhoso por ser pai do Gabriel e costuma colocar amor em tudo o que faz.
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