Menos a Ana Carolina
Em dias de SOPA, não aquela dos pobres, mas, do Stop Online Privacy Act, projeto de lei que tramita no congresso estadunidense, quanto ao compartilhamento e disponibilização de informações na internet sem a autorização prévia do proprietário dos direitos autorais, que pode acarretar na censura de uma série de fonte de informações e impelir no acesso ao conhecimento, eis que sou surpreendido com uma notícia advinda da Manchester Mineira, sobre esta matéria. O músico juiz-forano Knorr teve vídeos de suas performances musicais ao lado da cantora Ana Carolina, também de Juiz de Fora, vale ressaltar, desativados no youtube, por conta de notificação relacionada à violação de direitos autorais. Como assim?!
Parece que todos os usuários da internet estavam preocupados em perder os compartilhamentos de vídeos, músicas, charges, notícias e outros itens disponibilizados pelas redes sociais nesta semana, menos, possivelmente, a gravadora e/ou agentes da cantora Ana Carolina, que está no mainstream. Porque, sinceramente, os representantes de uma cantora que atinge o patamar artístico alcançado por ela, não necessitam, certamente, interferir em uma produção tão legítima quanto a dos parceiros que fazem parte da sua trajetória e, certamente, contribuíram para o sucesso de sua carreira. Até a tal apresentação de 1994, postada pelo partícipe e tão realizador quanto, Knorr. Minimamente, um caso de falta de sensibilidade e de solidariedade no já tão acirrado mercado musical. Realmente, uma pena...
Justo em um momento tão interessante da cena musical da cidade, que busca maior inserção nos veículos de comunicação, como foi o caso da iniciativa da audiência pública realizada no princípio de dezembro, que contou com artistas, produtores musicais e representantes das emissoras de rádio. Entendo que este tipo de elo é uma interessante forma de mostrar que o que une o cenário artístico é muito maior do que o que afasta. Oxalá, iniciativas como esta encampem a turma da literatura, do teatro, do cinema e de outras artes. Até porque todos estão em busca do mesmo lugar ao sol. E se a Ana Carolina já conseguiu chegar lá, que tal colaborar: não retirar e/ou rechaçar esse tipo de atitude já me parece um primeiro ponto.
E, independentemente, das opiniões quanto à questão do direito autoral, item importante e que não deve ser debatido em um texto de uma lauda, a lógica das redes sociais e do consumo dos produtos culturais, mudaram irremediavelmente na última década. Compartilhar, distribuir, repassar em correntes... "Tudo o que é sólido desmancha no ar", isso o Karl Marx, já sabia, faz dois séculos. A realidade agora é outra e é necessário se adequar aos tempos em que a produção está pulverizada e o consumo segue uma lógica própria, interativa e decisória. Desejando o quarteto potente, composto pela dignidade, bom senso, respeito e solidariedade, deixo a minha palavra de incentivo ao músico Knorr. Que novas parcerias possam gerar novos vídeos, novos compartilhamentos e novos destinos a sua produção, meu caro.
Juliano Nery não quer saber de dar SOPA para o azar
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Juliano Nery é jornalista, professor universitário e escritor. Graduado em Comunicação Social e mestre na linha de pesquisa Sujeitos Sociais, é orgulhoso por ser pai do Gabriel e costuma colocar amor em tudo o que faz.
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