Junto e misturado
Para aprender e levar adiante. Estive no fim de semana em Viçosa para participar de um evento cultural, o "Café com livros", iniciativa do projeto de extensão da Universidade Federal de Viçosa (UFV), "Café filosófico", e do grupo cultural e artístico, "Coletivo 103". Durante três dias, a Casa de Cultura Arthur Bernardes, no centro da cidade, pode ter a oportunidade de conhecer escritores, músicos, videoperformances, curtametragens e apresentações teatrais, gratuitamente, para públicos de todas as idades. Uma maravilha de evento. Fiquei me perguntando, quando vinha de ônibus para Juiz de Fora, como é que Viçosa, município de pouco mais de 70 mil habitantes, consegue mobilizar a cultura de forma tão interessante. E percebi que a união e o engajamento dos produtores culturais com as instituições públicas é item importantíssimo para tanto. E me perguntei, ainda: por que não em Juiz de Fora?
É certo que já temos algumas células formadas, como as reuniões musicais do Encontro de Compositores, o Festival de Música Colonial e o Festival de Bandas Novas, por exemplo; os Ecos Poéticos, na literatura; o Festival de Teatro, para o pessoal das artes cênicas; para o cinema, o Festival Primeiro Plano, o Cine Bordel sem Paredes... No entanto, a meu ver, ainda há uma polarização no tipo de arte que se pratica: música com música, teatro com teatro, cinema com cinema, literatura com literatura.... Basta olhar para os projetos aprovados anualmente pela Lei Murilo Mendes de incentivo à cultura ou ir até a alguma semana de curso na Universidade Federal de Juiz de Fora e/ou de algumas instituições privadas de ensino superior para verificarmos o quão produtiva, em termos artísticos, é a nossa cidade. E daí, lanço nova pergunta: por que não juntar e misturar?
Unir esforços de grupos tão diversos e tão talentosos, mas que possuem um elo fundamental, a arte, parece-me ser o grande desafio. Acredito que uma plataforma para que estes artistas se comuniquem é item primordial. Neste sentido, a UFJF e a Prefeitura têm papel importante, pois são espaços que podem criar esta sinergia entre os artistas, podendo ser o centro de referência para que esta união seja paulatina e natural. Enquanto isso, vale ressaltar o trabalho dos coletivos, como o Epinefrina e o Kinóia, e até mesmo do já citado Ecos Poéticos, à guisa de exemplo, que conseguem ir mais longe, ainda que, de forma independente. Quiçá não é aí que está o fio da meada?...
Faz-se necessário, no entanto, que se abra a porta por uma arte mais abrangente e com o estabelecimento de parcerias que, certamente, serão profícuas. É preciso girar a maçaneta apenas, já que a porta não está trancada. Há mais espaço e recursos do que em boa parte das cidades brasileiras para que isso aconteça. Mais recursos, inclusive, do que em Viçosa, onde pude presenciar um belíssimo evento, dias atrás. Para encerrar, aproveito o espaço para me colocar à disposição para quem quiser estabelecer parcerias: tamos aí!
Juliano Nery acredita na arte de Juiz de Fora.
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Juliano Nery é jornalista, professor universitário e escritor. Graduado em Comunicação Social e Mestre na linha de pesquisa Sujeitos Sociais, é orgulhoso por ser pai do Gabriel e costuma colocar amor em tudo o que faz.
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