O artigo deste m?s chega um pouquinho tarde, por retardo do cronista, que pede desculpa a seus leitores. N?o foi um atraso planejado, mas que acaba servindo para enriquecer o texto, como perceber? o leitor mais abaixo.
No ?ltimo artigo prometi que iria falar das coisas boas que Juiz de Fora faz em m?sica e passei este m?s coletando material. Fiquei muito surpreendido com a quantidade de produ??o musical da cidade. E quanta coisa boa! No entanto, se perguntamos para as pessoas, que n?o est?o diretamente envolvidas com o universo musical na cidade, o que conhecem, n?o ir?o muito al?m de poucos e midi?ticos nomes, como o de Ana Carolina, que ganhou o Brasil com a novela da Globo.
Aqui n?o d? para falar de todos os int?rpretes, compositores, letristas e m?sicos da cidade com o cuidado que merecem, tampouco gostaria apenas de list?-los, portanto escolhi falar neste texto de dois apenas. Um j? morto, e a despeito de uma obra riqu?ssima para a m?sica brasileira, esquecido. E outro vivo, conhecido, gravado por grandes nomes, e que muitos na cidade n?o sabem que ? daqui.
O esquecido
H? na cidade uma ruazinha - um morro na verdade - chamada Maestro
Francisco Vale. Perguntei para alguns moradores se sabiam quem foi o tal
maestro e, n?o al?m do fato de que fora m?sico (!), n?o consegui nenhuma
informa??o maior.
Nascido em Porto das Flores, distrito de Juiz de Fora, em 20 de mar?o de 1869, filho do flautista Manoel Marcelino do Vale (veja como a tradi??o de bons flautistas da cidade tem uma boa hist?ria, este Marcelino foi aluno de Reichert, m?sico belga que viveu na corte do Rio de Janeiro. Kim Ribeiro e Estev?o Teixeira dignamente continuam esta tradi??o). Gra?as a seu talento admir?vel, vai para a Fran?a e estuda no Conservat?rio de Paris com C?sar Franck. Depois de Paris, volta para Juiz de Fora onde suicida-se em 10 de outubro de 1906 pulando no Rio Paraibuna.
Escreveu pe?as de excelente express?o e capacidade t?cnica. Suas principais obras s?o os poemas sinf?nicos Tel?maco e Depois da Guerra. Al?m destes escreveu: Pastoral, para orquestra; Prel?dio, Fuga e Final, para sexteto de cordas; Minueto Capricho, para dois violinos, viola, flauta, clarinete, fagote, celo e contrabaixo; Domine, Gloria Patri e Veni, para coro a tr?s vozes e harm?nio; Valsa Scherzo para orquestra; al?m de muitas pe?as para piano. ? incr?vel o desconhecimento sobre este compositor n?o apenas em Juiz de Fora, como tamb?m no Brasil. Merec?amos ver edi?es modernas de suas obras, estudos e execu?es dignas das mesmas. Fa?o quest?o de ressaltar execu?es dignas, pois se for para ouvirmos o que se mostrou com a ?pera Za?ra ? prefer?vel esperar mais cem anos para conhecermos as obras do maestro Vale.
A muito viva
H? exatos 15 dias estava ouvindo a obra prima, Minha Arte, cd de
Sueli Costa lan?ado em 2000 e fiquei louco com a ignor?ncia de um
"juizforano com muito orgulho" que desconhecia a "juizforaneidade" desta
magnifica compositora. Indiquei-lhe o site da Sueli Costa (www.suelicosta.com.br)
de onde retiro a apresenta??o:
"O nascimento foi no Rio de Janeiro, em 25 de julho de 1943. Mineira de cora??o e cria??o, foi em Juiz de Fora que, aos quatro anos, teve as primeiras li?es e no?es de piano com a m?e, Maria Aparecida Correa Costa, que tamb?m ensinava canto coral. Dos encontros musicais familiares nasceu o Trieto, com as irm?s Telma Costa (cantora, j? falecida) e Lisieux Costa (pianista e compositora), para participar dos festivais que borbulhavam nas cidades vizinhas. Os outros dois irm?os, o pianista Afr?nio e o violonista ?lcio Costa se formaram em direito. Ainda em Juiz de Fora, aos 17 anos, comp?s sua primeira m?sica inspirada em uma participa??o da cantora Sylvia Telles em um programa de TV. A m?e e o irm?o foram os primeiros ouvintes de Bal?ozinho, que nasceu no viol?o. Mas logo elegeu o piano como parceiro mais constante para as melodias e musicou letras de Jo?o Medeiros Filho. A primeira, Por exemplo: voc?, foi gravada pelo grupo Manifesto e por Nara Le?o em 1967."
Sueli ? sem d?vida uma das mais importantes fontes da m?sica popular brasileira da segunda metade do s?culo XX, suas composi?es foram gravadas por dezenas de int?rpretes e sua Jura Secreta est? na mem?ria musical do brasileiro. Minha pergunta: quando foi a ?ltima vez que Sueli Costa se apresentou em Juiz de Fora?
Ainda uma ?ltima palavra. Pouco mais de um m?s depois da ?pera Za?ra no Central, sobre a qual me recuso a comentar, tivemos na cidade um concerto que quase passa despercebido. Ouvimos, dignamente, o concerto para bandoneon, viol?o e orquestra do argentino Astor Piazzolla. Um bandoneonista argentino (Quena Taborda), um violonista alem?o (J?rgen Schwenkglenks - ? isso mesmo!) e uma orquestra juizforana (Orquestra de C?mara Anthropos - ?) mostraram uma das obras mais conhecidas de Piazzolla para esta forma??o t?o inusitada. E n?o apenas mostraram, como interpretaram. H? tempos n?o ouvia um concerto t?o saboroso aqui nesta cidade. Pelo que soube, fizeram isso sem patroc?nio. Que pena, continuaremos desperdi?ando nosso potencial musical. Quem souber mais sobre essa orquestra, poderia me avisar! Bons concertos!
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