Celebridades v?o ao cinema
Na Mostra de Cinema de Tiradentes ? comum ver atores e diretores andando pelas ruas da cidade hist?rica que sabe agradar o turista

Veja um pequeno trecho do show do L?dica M?sica e do animado cortejo cultural pelas ruas de Tiradentes. Clique no ?cone ao lado!

Veja!


Paulo Betti est? na primeira fileira, aparentemente bem humorado, enquanto espera seu filme "Cafund?" ser exibido para centenas de pessoas que lotam o Cine-Tenda no Largo da Rodovi?ria, em Tiradentes. Ao seu lado, Cl?vis Bueno, que al?m de dividir a dire??o com ele, assina o roteiro da produ??o que mistura hist?ria e religiosidade.

Na outra cadeira, Fabiano Costa, ator de "O Veneno da Madrugada", que foi exibido na v?spera. Enquanto isso, o diretor deste filme, tamb?m ator e um dos homenageados da mostra, Ruy Guerra, procurava um restaurante na esquina da Pra?a do Largo das F?rras. Se passasse mais cedo encontraria o ator Roberto Bomtempo, diretor de "Depois daquele baile" andando pela rua dos Inconfidentes com as malas na m?o.

Em Tiradentes ? assim, pelo menos durante cerca de dez dias do m?s de janeiro, durante a Mostra de Cinema de Tiradentes. Topar com atores em cada um dos lugares que se vai n?o soa estranho. ? comum. E se acha mais estranho ver Mariana Ximenes (foto abaixo, ? esquerda), de "A M?quina", correndo das fotos que Rosanne Holland (foto do meio), do chocante "A Concep??o", andando tranq?ila e conversando com todos no Centro Cultural Yves Alves.

E s?o atores para todos os gostos. Na tenda, se a noite foi do conhecido Matheus Nachtergaele, o dia seguinte foi da atriz-mirim J?lia Maggesse (foto da direita), de apenas sete anos, a Nininha da novela "Por Amor" da Rede Record. No local para ver o filme "Xuxinha e Guto contra os Monstros do Espa?o", ela permaneceu rodeada de crian?as e jornalistas, sem se incomodar.

A magia da Mostra de Cinema e o clima que toma conta de Tiradentes durante os ?ltimos dias do m?s de janeiro n?o atraem s? os atores. Tem gente de todo tipo e n?o podiam faltar os juizforanos. Participantes, como o diretor Marcos Pimentel, ou figurinhas carimbadas em todas as edi?es, como o professor e produtor Cristiano Rodrigues. Nem pol?ticos faltaram, como o deputado estadual Gabriel dos Santos Rocha (Biel-PT) (foto abaixo). Com a estrelinha de seu partido no peito, ele reconhece que ir ? Mostra ajuda a esfriar a cabe?a para um ano eleitoral, sempre tenso e desgastante, mas foi por outros motivos.

"Gosto muito de Tiradentes e o momento da Mostra de Cinema ? muito legal. E est? pertinho da gente, e eu sempre venho, trago a fam?lia, passamos aqui dois ou tr?s dias. A homenagem a Ruy Guerra, a minha gera??o tem ele como uma grande refer?ncia na quest?o cultural, na quest?o do pr?prio cinema brasileiro. Ent?o acho que ? simb?lico para uma gera??o. E o que eu encontrei de amigos dessa gera??o eu acho que Tiradentes acertou de fazer essa homenagem esse ano a Ruy Guerra, um dos maiores fazedores de cultura desse pa?s", disse Biel cuja estada em Tiradentes vai at? quarta-feira, dia 25. J? Cristiano Rodrigues (foto abaixo) s? conseguiu ficar durante o fim de semana, mas sempre faz quest?o de ir. E mais uma vez aprovou o que viu.

"Estou impressionado com a garotada, muita gente jovem. E a sele??o de filmes est? cada vez melhor. Filmes assim dif?ceis de chegar no mercado. Eu acho interessante porque tem aquele tipo de filme que ? filme de festival. Que vem para questionar, que vem para bagun?ar o coreto j? estabelecido. Isso ? muito legal. Ver gente jovem vibrando com novidade", disse o professor, sentado em uma mesa de bar da pra?a, ao lado de Marcos Pimentel (foto abaixo), que mais uma vez exibe um curta-metragem na Mostra de Tiradentes.

"? muito bom estar presente sempre porque ? a forma de voc? ter contato com o p?blico diretamente ali e ver a rea??o de cada um ao ver o que voc? est? projetando. Mas tamb?m tem uma outra coisa. Fazendo cinema a gente v? muito pouco os filmes. Como os sistemas de exibi??o s?o muito prec?rios, voc? conta nos dedos as vezes que voc? pode ver. Eu s? posso ver o que eu fiz se eu estiver no festival onde foi selecionado. E como n?o passa constantemente no cinema, o filme tem que ser selecionado, e voc? estar dispon?vel. At? aqui em Tiradentes ? super curioso. Eu j? participei da Mostra de Tiradentes em seis edi?es, mas eu s? pude vir em duas", explica o diretor de "O Maior Espet?culo da Terra", um dos dois filmes juizforanos exibidos na Mostra. O outro ? "A feira dos imortais", anima??o de Leo Ribeiro.

Ver os filmes perto do p?blico ? uma sensa??o diferente para qualquer ator ou diretor. Mesmo para os j? experientes, que fazem quest?o de dar sua palavra ou dizer o que est?o pensando. Malu di Martino, por exemplo, que dirige "Mulheres do Brasil", tem motivos especiais para se emocionar na cidade hist?rica.

"Voc?s n?o t?m id?ia de como ? bonito ver uma casa cheia assim. ? muito emocionante para mim estar em Tiradentes, porque meu primeiro filme foi exibido pela primeira vez aqui, na quinta edi??o da Mostra", contou a diretora, que subiu ao palco levando v?rias atrizes do filme, entre elas Roberta Rodrigues, que faz a porta-bandeira Telma, em um dos meandros da hist?ria. Paulo Betti, por sua vez, fez quest?o de fazer uma considera??o sobre seu filme que seria exibido. "? um filme baseado em uma hist?ria real. O personagem realmente existiu e n?s fizemos esse filme com muito carinho e com muito amor. ? a hist?ria de um homem negro, vencedor no mundo dos brancos", contou Betti.

Cultura total

Os shows ap?s o fim de cada um dos dias deixa claro que a mostra ? de cinema mas n?o s? disso. Mas a maior manifesta??o da cultura diversa pode ser visualizada nos cortejos que passeiam pelas ruas hist?ricas nos fins de tarde. Malabaristas, homem cuspindo fogo, bandas, bonecos do Z? Pereira, batucada, capoeira, pernas de pau e muita, muita gente. Descendo as ladeiras, conseguiram espa?o at? para o futebol. Embora o cortejo fosse para celebrar os 288 anos de Tiradentes e os 304 anos de funda??o do arraial que deu origem ao povoado, o ano de Copa do Mundo tamb?m foi lembrado. Bandeiras do Brasil e camisas verde-amarelas povoaram uma parte de um dos desfiles, que desceu a rua Direita at? a pra?a principal. E faz lembrar um carnaval.

Ao som de samba e muito batuque, crian?as e adultos fizeram a festa sob aplausos de quem estava nas janelas das casas hist?ricas. Ali?s, casas n?o. Lojas e pousadas. A voca??o tur?stica de Tiradentes ? t?o forte que a impress?o ? de que ningu?m mora l?, no Centro. Tudo ? transformado em lojas de artesanato, produtos t?picos, restaurantes e, principalmente pousadas. N?o d? nem para se surpreender ao entrar em uma loja de m?veis antigos e ser convidado para um grande caf? ou um almo?o na cozinha do por?o, sem precisar comprar ou pagar nada.

Tudo para agradar os cerca de 35 mil visitantes esperados durante a mostra. Eles ocupam 98% das vagas em pousadas durante essa ?poca do ano, e s? causam um engarrafamento de gente nas ruas na medida em que noite vai caindo. Muitos nem acham vaga em Tiradentes e recorrem ? vizinha S?o Jo?o del-Rei. Durante o dia as ruas at? ficam vazias, pois os shows e eventos at? altas horas da madrugada acabam fazendo com que muitos troquem de fato o dia pela noite. Mas a qualquer hora que decidam sair, v?o encontrar op?es de lazer seja para conhecer igrejas e constru?es hist?ricas ou comprar algum produto nas barraquinhas que se aglomeram pr?ximo aos locais de exibi??o de filme.

Cinema diferente
Ver atores perambulando n?o ? a ?nica coisa que difere as exibi?es de filme em Tiradentes das outras, em cinemas comerciais. A come?ar pelo car?ter in?dito da maioria dos filmes. O que se v? em Tiradentes ou n?o chegar? ou demorar? muito para entrar em cartaz nos cinemas na maioria das cidades do pa?s. Muitos filmes e poucas salas, j? que apenas 5% dos munic?pios brasileiros possuem cinema. Talvez isso explique ainda mais a import?ncia da mostra, principalmente por permitir a exibi??o de filmes mais complexos e que n?o entrar?o no circuito comercial.

Outra quest?o que faz toda a diferen?a ? a gratuidade da sess?es, o que provoca um movimento interessante no cinema. A todo momento entram e saem pessoas da tenda. Se algu?m n?o est? gostando, sai e vai ver o filme da pra?a, e vice-versa. Em filmes mais pol?micos ou chocantes, mais comum ainda. Em "A Concep??o", dirigido por Jos? Eduardo Belmonte, as cenas de orgias tiraram muita gente da sala, mas quanto mais gente sa?a, mais gente entrava. ? assim. E quem resiste at? o final, ?s vezes at? de madrugada, espera o fim do filme e bate palma, como s? acontece em festivais. Sabe-se l? se em algum lugar, do seu lado, no meio da tenda, na beiradinha, escondido ou n?o, est? um ator ou o diretor esperando exatamente para saber qual a sua rea??o com o que deu tanto trabalho para fazer.

Leia tamb?m como foi a abertura da Mostra de Tiradentes


Mat?ria escrita pelo rep?rter Ricardo Corr?a, em janeiro de 2006, na nona edi??o da Mostra de Tirandentes


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