Preven??o para o uso do ?lcool
Semin?rio em JF discute a implementa??o de medidas para detec??o do uso de risco do ?lcool por pacientes das UBS

Ricardo Corr?a
Rep?rter
05/04/2006

"Prevenir ? melhor do que remediar". N?o existe frase mais antiga e mais comprovada quando o assunto s?o pol?ticas p?blicas de sa?de. Seguindo exatamente essa mesma linha - de que ? mais barato e mais eficiente evitar os problemas do que trat?-los depois - ? que est? sendo desenvolvido, em Juiz de Fora, um projeto gerenciado por uma comiss?o de t?cnicos, estudiosos, administra??o p?blica e sociedade civil. O alvo: indiv?duos que englobam o grupo de usu?rios de risco do ?lcool.

O nome complicado do p?blico-alvo refere-se, na verdade, ? cerca de 25% dos pacientes atendidos nas Unidades B?sicas de Sa?de de Juiz de Fora, segundo estimativas preliminares coletadas por um projeto que teve origem em 2003. O tema de pesquisa do professor Telmo Ronzani, coordenador do curso e psciologia da UFJF, deu origem, essa semana, ao II Semin?rio sobre Preven??o ao Uso de Risco de ?lcool na Aten??o Prim?ria, promovido pela Comiss?o Permanente que leva o mesmo nome, a Coppera.

A id?ia do semin?rio e do projeto que est? sendo colocado em pr?tica ? capacitar os profissionais de aten??o prim?ria de n?vel superior, ou seja; aqueles que trabalham em Unidades B?sicas de Sa?de, para que possam identificar os casos de uso de risco do ?lcool, al?m de permitir que eles possam educar e sensibilizar a popula??o para os riscos do consumo exagerado dessa droga.

A professora Maria L?cia Formigoni (foto ao lado), doutora pela Unifesp, de S?o Paulo, explicou que a id?ia surgiu de estudos realizados nos Estados Unidos, na Su??a e na ?frica do Sul, em meados de 1998. A id?ia foi trazer para o pa?s, implementando t?cnicas que melhor se adequassem ? nossa realidade. Juiz de Fora foi escolhida por ser uma cidade de m?dio porte, e que seria representativa em rela??o ? regi?o sudeste. Os n?meros de Juiz de Fora, com cerca de 50 mil pessoas dentro do p?blico-alvo, aproximadamente, traria um perfil parecido com a m?dia da regi?o, o que enriqueceria o estudo.

A id?ia ? simples. O programa chama-se "audit", e consiste na aplica??o de um question?rio de dez quest?es simples aos pacientes das Unidades B?sicas de Sa?de. Atrav?s desse question?rio, seria poss?vel identificar se o usu?rio utiliza o alcool com baixo risco, se existe um alto risco ou se ele j? ? dependente da droga. O p?blico-alvo do projeto ? apenas esse segundo grupo, de pessoas que podem vir a ter problemas ou j? est?o come?ando a ter problemas causados pelo ?lcool, mas que podem ser recuperados atrav?s da sensibiliza??o e conscientiza??o que pode ser realizada pelos profissionais da sa?de.

"Normalmente quando o paciente procura ajuda para se tratar ele j? est? dependente. J? utiliza o ?lcool h? 15, 20 anos. E nessa fase ? muito dif?cil reverter, porque o h?bito j? est? estabelecido. A id?ia do projeto ? detectar isso no in?cio para tratar", diz a professora Maria L?cia Formigoni, que explica um outro objetivo: quebrar o estigma de que o usu?rio de ?lcool ? um viciado, "uma pessoa de pouco car?ter".

"A Organiza??o Mundial de Sa?de entende como um problema de sa?de. Ent?o buscamos fazer com que as pessaos encarem isso como doen?a, com repercuss?es", explica Maria L?cia, que lembra o fato de que o paciente n?o costuma ter no??o disso.

"Muitas vezes ele procura uma UBS em busca de um tratamento de gastrite ou outro problema que ? decorrente do uso do ?lcool. Uma das fun?es ent?o ? mostrar que o problema de sa?de, ou muitas vezes um problema de relacionamento, est?o relacionados ao uso do ?lcool.

"Tentar achar o limite e detectar em que situa??o a pessoa est? bebendo demais. Normalmente essas s?o aquelas que focam todo o seu lazer onde tem ?lcool. Se n?o tem ?lcool n?o tem gra?a".

Conscientiza??o
O professor ?rikson Felipe Furtado, da USP, ressaltou a presen?a da imprensa na coletiva do projeto como um primeiro passo que a cidade est? dando em rela??o ? essa conscientiza??o e ? discuss?o p?blica do tema.

Para o professor Telmo (? direita na foto acima), o gasto m?nimo com o projeto e o retorno que pode ser obtido garantem a validade da proposta. "N?o se pode pensar simplesmente na capacita??o dos funcion?rios para aplicar o question?rio. ? um projeto muito mais amplo", explicou.

De acordo com Jos? Eduardo Campolina (no centro da foto), do P?lo de Educa??o Permanente da Macrorregi?o Sudeste, o projeto "est? longe de ser apenas uma ferramenta importada para ser utilizada". ? uma discuss?o que envolve gestores, t?cnicos, formadores, controle social, atrav?s dos conselhos, ongs, como os Alc?olicos An?nimos e outros segmentos da sociedade. Para ele, isso "? o que garante a lonvegidade e a efetividade dos trabalhos".

A presen?a do AA no projeto, de acordo com o professor Erikson Felipe Furtado, ajuda a dar mais credibilidade ao que est? sendo dito aos pacientes. "Os membros do AA est?o em condi?es melhores de falar sobre o tema por terem vivido a situa??o", lembra o professor paulista.


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