Milhares de trabalhadores protestam no Centro Servidores da PJF e professores da rede municipal se unem por aumento de salário e podem decretar greve geral na próxima semana


Guilherme Arêas
Repórter
24/4/2009
Em arquivo:
  • Servidores municipais paralisam atividades nesta sexta
  • PJF nega reajuste salarial em primeira reunião com sindicatos

Milhares de trabalhadores paralisaram as atividades e saíram às ruas na tarde desta sexta-feira, 24 de abril, em protesto contra a administração municipal. Os manifestantes exigiam reajustes salariais, recusados pela Prefeitura no último dia 16. De acordo com os organizadores, duas mil pessoas, entre servidores e professores, participaram da caminhada pelas ruas do Centro. Uma nova paralisação ocorre na próxima quarta-feira, dia 29, quando os servidores voltam às ruas e decidem se entram em greve. Caso os trabalhadores cruzem os braços, essa pode ser a maior greve já realizada pelos servidores municipais.

Durante a manifestação organizada pela CUT, Sindicato dos Servidores Públicos Municipais (Sinserpu) e Sindicato dos Professores (Sinpro), os trabalhadores seguiram para o prédio da Prefeitura Municipal. Ao chegarem, o local estava protegido por homens da Polícia Militar, que impediram o avanço dos manifestantes. Com gritos de ordem, os trabalhadores se revoltaram ainda mais. Um grupo cogitou enfrentar os policiais para continuar a manifestação no pátio do prédio, mas os organizadores não acataram a ideia.

A Polícia Militar informou aos manifestantes que o prefeito já não estava mais no prédio da PJF. O secretário de Administração e Recursos Humanos, Vitor Valverde, aceitou receber uma comissão para conversar, mas os organizadores do protesto não aceitaram. Sem sucesso nas negociações, o grupo seguiu pelas ruas do Centro da cidade até o calçadão da rua Halfeld.

Foto da manifestação Foto da manifestação Foto da manifestação

De acordo com a PJF, a paralisação dos servidores atingiu 95% dos professores da rede municipal, 80% dos funcionários da Secretaria de Obras e 20% da Empav e da Secretaria de Transporte e Trânsito. No Demlurb, apenas os caminhões do lixo hospitalar, dos supermercados e da dengue saíram das garagens. Da Secretaria de Atividades Urbanas, cerca de 40 servidores aderiram à paralisação.

Duas Unidades Básicas de Saúde (UBS) fecharam as portas e 17 funcionaram parcialmente. Outras 24 funcionaram normalmente, mesma situação das Regionais Leste e Oeste, HPS e Pam Marechal. Ainda segundo a PJF, os funcionários da Cesama, Agenda JF e os 506 trabalhadores que atuam no prédio da Prefeitura tiveram suas atividades normais durante o dia. Pelas contas do Sinserpu, 85% dos funcionários aderiram à paralisação, o que representa cerca de 13.600 trabalhadores.

Foto da manifestação Foto da manifestação Foto da manifestação
Campanha salarial 2009

Antes de saírem pelas ruas do Centro, os trabalhadores se reuniram em assembleia. Nas escadarias do prédio da Câmara Municipal, no Parque Halfeld, o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais discutiu a recusa da Prefeitura em conceder aumento de salário para a categoria. O presidente do Sinserpu, Cosme Nogueira, considera falta de respeito da administração o índice zero de reajuste para este ano. "Não vamos admitir que os funcionários sejam prejudicados por essa política do prefeito."

Durante a assembleia, os servidores votaram pelo indicativo de greve e por nova paralisação na próxima quarta-feira. A hipótese de interromper o atendimento aos idosos durante a campanha nacional de vacinação neste sábado, dia 25, foi levantada, mas não foi aceita pela direção do sindicato.

A Central Única dos Trabalhadores (CUT) divulgou uma carta, na qual "repudia o índice zero de reajuste salarial". O comunicado ainda acusa a PJF de culpar a crise econômica mundial como motivação para não atender à campanha salarial dos servidores. Em nota, o Partido dos Trabalhadores de Juiz de Fora (PT) criticou o governo municipal pelo reajuste do IPTU e por "aumentar as tarifas de água e esgoto com critérios inspirados na numerologia".

Os sindicalistas pedem um reajuste salarial inflacionário de 6%, apontado pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Entre as reivindicações do funcionalismo público municipal, estão ainda a reposição de R$ 150 para reestruturação da tabela salarial, o reajuste de 12% nos vencimentos e o aumento do valor do tíquete-alimentação, de R$ 50 para R$ 90

Foto da manifestação Foto da manifestação

Ao mesmo tempo em que os servidores decidiam sobre os rumos da campanha salarial de 2009, os professores da rede municipal realizavam a assembleia da categoria no Teatro Pró-Música. Os trabalhadores vão se juntar aos servidores municipais na assembleia do próximo dia 29 e há chances de deflagrarem greve. "Essa manifestação de hoje é um reflexo da insatisfação de todos os funcionários da Prefeitura", disse o presidente do Sinpro, vereador Roberto Cupolillo (Betão - PT).

Além do aumento salarial, os educadores lutam por reajuste de 19,2%, referente à correção do valor do Fundeb, aumento de R$ 450 para R$ 600 da verba anual para compra de materiais pedagógicos e especialização, além da inclusão de diretores e vice-diretores no pagamento da reunião pedagógica mensal e o reajuste de 10% sobre o salário. A categoria quer a implantação do piso salarial nacional de R$ 1.132 para 40 horas semanais.

Foto da manifestação Foto da manifestação

Para o presidente da CUT Regional Zona da Mata, Péricles de Lima, a paralisação na próxima quarta-feira pode representar um fato inédito na história da cidade, caso todos os sindicatos que representam os funcionários da administração municipal decidam pela greve. "Vamos fazer outra grande manifestação na próxima semana e nossa expectativa é de realizar uma greve geral de todos os setores da rede municipal. Temos que nos unir com uma arma única."

Manifestação nas ruas do Centro

A mobilização dos servidores municipais, que se iniciou no Parque Halfeld, causou tumulto nas ruas do Centro. Os manifestantes do Sinserpu fecharam parte da avenida Rio Branco em passeata até encontrarem com os professores, que esperavam na porta do Teatro Pró-Música. Juntos, eles desceram o calçadão da rua Halfeld até a avenida Getúlio Vargas.

Ao passarem em frente à Sede da Secretaria de Educação, no prédio do CCBM, os trabalhadores protestaram contra a política educacional da secretária Eleuza Maria Rodrigues Barboza. Alguns motoristas ficaram impacientes e avançaram sobre a calçada.

Foto da manifestação Foto da manifestação Foto da manifestação

Ao chegarem em frente ao prédio da PJF, mais tumulto no trânsito. A avenida Fancisco Bernardino ficou fechada por cerca de 40 minutos até que os manifestantes deixassem o local. Os motoristas tentaram desviar o trajeto pela Praça da Estação, mas foram surpreendidos com o engarrafamento também na rua Halfeld.

A fila de carros se estendeu pela avenida Getúlio Vargas e pelas principais ruas do Centro. Com o horário de saída de escolas e de muitos trabalhadores, o buzinaço e a impaciência dos motoristas foram inevitáveis.

Os textos são revisados por Madalena Fernandes


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