Itinerários dos ônibus no Estrela Sul não atendem a todos Como os coletivos não atingem todas as áreas do bairro, estudantes e trabalhadores são obrigados a se arriscarem em trilha de barranco

Pablo Cordeiro
*Colaboração
3/9/2009

Itinerários e horários dos ônibus que vão ao Estrela Sul continuam sendo alvos de reclamações dos moradores e frequentadores do bairro. Em novembro, o ACESSA.com noticiou a falta de segurança no local e a insatisfação em relação ao transporte público. Apesar de algumas providências já terem sido tomadas, não foram suficientes para resolver o problema.

Atualmente, os trabalhadores e estudantes reclamam que existem poucos ônibus que atendem a avenida Luz Interior e que os horários disponibilizados não coincidem com o expediente de trabalho e a demanda de uma faculdade particular próxima. Segundo a profissional de uma empresa local, Mônica Alves, os problemas em relação aos horários são diários, prejudicando a entrada e saída do serviço. "Muitas vezes temos que chegar antes ou depois do horário de trabalho. No horário de almoço ou caso aconteça alguma urgência, não podemos contar com os ônibus, pois eles passam poucas vezes."

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Apenas as linhas 524 (São Mateus) e 526 (Cascatinha/Vale do Ipê) atendem a avenida. De acordo com os horários divulgados pela empresa responsável pelas linhas, os intervalos e a frequência da passagem dos coletivos não atendem a um padrão semelhante aos horários comerciais (Confira tabela ao lado).

O estudante Hugo Bonfatti  conta que já chegou diversas vezes atrasado no emprego por causa da falta de transporte e pelos horários. "Sou muito prejudicado pelos horários. Isso quando os ônibus não atrasam. Sem falar que nas férias o número de ônibus, que já era reduzido, diminui, pois não há aulas na faculdade." Segundo Mônica, inúmeros e-mails já foram enviados à Secretaria de Transportes e Trânsito (Settra) com as reclamações e até com sugestões de solução. "O 524 e o 526 sobem um atrás do outro. Se um deles fizesse o contorno e passasse pela avenida Luz Interior, um grande desconforto seria evitado. Isso não levaria mais do que três minutos", sugere.

A aluna da faculdade localizada na avenida Luz Interior, Priscila Teixeira, destaca que já presenciou atrasos nas linhas. Ela se diz insatisfeita com o intervalo entre os ônibus.  "Quem tem aula à noite nem sempre pode pegar o primeiro ônibus. Precisam esperar o segundo que demora mais 30 minutos". Segundo comunicado enviado pela faculdade, a instituição mantém contato permanente com a Settra para que haja uma solução que satisfaça não apenas aos alunos, mas também a todos os usuários.

A Settra informou que há dois meses foi realizada uma reunião junto à comunidade e a representantes da instituição de ensino para discutirem os horários das linhas. De acordo com a assessoria, nesta ocasião, todos manifestaram satisfação com as mudanças feitas. A Settra informou que não tomou conhecimento dos e-mails encaminhados e que as reclamações devem ser feitas através do telefone (32) 3690-8218. Em relação à disponibilização de mais linhas na avenida Luz Interior, a secretaria repassou para a fiscalização o estudo da possibilidade.

Jeitinho brasileiro

Para contornar o problema, os estudantes e trabalhadores utilizam o "jeitinho brasileiro". Quando não conseguem pegar as linhas específicas para a avenida, costumam pegar as que param no bairro Santa Cecília. De lá, utilizam uma trilha em um terreno particular para chegarem ao Estrela Sul. O caminho liga a rua Geraldo Miguel Miana, no Santa Cecília, à avenida Luz Interior.

Porém, a prática oferece perigo aos pedestres, já que não fornece segurança e há chances da pessoa sofrer um acidente. Pâmela Menon trabalha nas proximidades e conta que uma vez caiu no barranco. "Quando chove, é impossível passar por causa do barro. E subir o morro do Estrela Sul também é perigoso, pois é muito deserto."

Cláudia Marques ressalta que uma vez foi assaltada na travessia da trilha. "Fui abordada por três caras armados com revólver, às 15h30. Me assaltaram, mas por sorte a polícia conseguiu pegar os autores. É um absurdo ter que depender de carona, só porque o ônibus não pode mudar três minutos no itinerário para nos atender. Acho que a situação só vai mudar quando acontecer algo realmente mais grave."

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Segurança

O comandante do setor São Mateus, Cascatinha, Alto dos Passos e Bom Pastor, tenente Gouvêa, afirma que sempre esteve ciente dos perigos da região e que as providências já foram tomadas. "Desde o meio do ano passado, existe uma viatura preventiva para o patrulhamento especial na região. Das 16h às 23h, a viatura faz a ronda para atender, principalmente, os alunos que saem das aulas e os trabalhadores."

Ele conta que também existe uma base específica para aquele local, na rotatória do bairro Cascatinha. Segundo dados divulgados pelo tenente Gouvêa, em julho e agosto foram feitos 36 registros relativos às avenidas Luz Interior e Alexandre Leonel. Destes, 20 foram operações de rotina, quatro furtos de celular e 12 pedidos de averiguação.

 

*Pablo Cordeiro é estudante do 9º período de Comunicação Social da UFJF

Os textos são revisados por Madalena Fernandes


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