Usuários demoram até 1h para chegarem à UFJF de ônibusÀs 7h e às 18h, ônibus sobem lotados e muitas vezes não param nos pontos. Da Zona Norte, coletivos alteram a rota e sobem com o dobro da lotação

Pablo Cordeiro
*Colaboração
26/3/2010

O transporte coletivo prejudica os estudantes da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) que precisam utilizá-lo para irem até o campus. A lotação nos ônibus, os atrasos nos horários, as portas fechadas nos pontos de parada e até a alteração na rota das viagens são as principais reclamações. Com o acréscimo de aproximadamente 1.700 alunos na graduação este ano e o aumento previsto para os próximos anos de mais cinco mil estudantes, o problema pode atingir níveis extremos.  

Para o aluno Lucas Mendes, os piores horários são às 7h e partir das 18h, quando, além dos alunos, muitos trabalhadores usam os ônibus. "Nesses horários, os ônibus sobem sempre muito cheios. Na avenida Independência, passam direto e, quando param, estão sempre muito lotados. Costumam passar também fora dos horários", destaca. O estudante também acrescenta que a linha 599 - São Pedro trafega com número de passageiros superior ao permitido.

"Já tive que esperar mais de 30 minutos só para pegar o ônibus. Dentro do coletivo a demora pode chegar a uma hora em um trajeto que de carro leva poucos minutos. Até entendo que nos horários de pico o trânsito influencia, mas a empresa deve buscar outras soluções, como colocar mais carros nos horários de pico", define Mendes. O estudante Rafael Silva prevê o agravamento do problema com o aumento dos alunos provenientes do programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni). "A quantidade de ônibus sempre foi um problema. Com a inclusão dos alunos do Reuni será um caos total."

Atualmente, a UFJF possui cerca de 14 mil estudantes na graduação e 5.700 nos programas de especialização, mestrado e doutorado. Não é possível discriminar a quantidade estimada de alunos que utilizam as linhas 755 - Zona Norte/UFJF, 525, 535 e 545 - Universidade, e nem dos usuários que usufruem das linhas para outros destinos. No entanto, a administração superior da UFJF já sabe do problema e da gravidade que ele pode atingir nos próximos semestres. A instituição já, inclusive, recebeu reclamações de alunos.

Através de contato por e-mail, o pró-reitor de Planejamento e Gestão da instituição, Alexandre Zanini, salienta que a UFJF já enviou um ofício à PJF solicitando estudos sobre a possibilidade de ampliação do atendimento dos ônibus urbanos aos estudantes e à comunidade da universidade. "Este pedido foi feito para antecipar os problemas porventura gerados pela ampliação do número de alunos provenientes do Reuni", escreve. Segundo ele, pela expansão prevista, o número de estudantes irá atingir 20 mil em pouco tempo.

Uso diariamente a linha e é normal pegar o ônibus com quatro filas de passageiros em pé, quando o normal seriam duas.

Ainda de acordo com o pró-reitor, após reclamação de alunos em uma reunião realizada há algumas semanas, dizendo que eles permanecem nos pontos de ônibus por 40 minutos, a UFJF reforçou o pedido feito por ofício à PJF. A universidade declara que não recebeu resposta. "Não há, no entanto, como a UFJF intervir na questão do transporte público da cidade e, por isso, aguarda providências", conclui. A Secretaria de Transporte e Trânsito (Settra) informou que não recebeu nenhum ofício encaminhado pela instituição.

O Diretório Central dos Estudantes (DCE) apresentou à reitoria, no semestre passado, um pedido no semestre passado abordando a demanda por mais ônibus na UFJF. "Este ano encaminhamos novamente a solicitação", explica a coordenadora geral do DCE, Fabíola Paulino. A acadêmica destaca que esta discussão será debatida entre os alunos no dia 7 de abril, às 10h, no anfiteatro do Instituto de Ciências Exatas (ICE).   

Quatro filas nos ônibus da Zona Norte

estudantes no ponto de ônibus na UFJFSegundo a aluna de Educação Física da UFJF, Letícia Moreira, o problema da lotação no ônibus 755, da Zona Norte, já atingiu o extremo faz tempos. "Uso diariamente a linha e é normal pegar o ônibus com quatro filas de passageiros em pé, quando o normal seriam duas. Isso ocorre nos horários de 5h30 e 6h30. Por causa da lotação, o motorista não consegue cumprir os horários e acabo sempre chegando atrasada nas aulas. O pior é que se a pessoa perder esses horários, só poderá pegar outro coletivo às 10h50", explica.

Segundo a acadêmica, o problema existe desde 2007, quando começou a utilizar o serviço. Ela diz que quando havia o terminal na Zona Norte, dois ônibus eram disponibilizados e a lotação era normal. Letícia conta que diversos abaixo-assinados já foram feitos e que também enviou um e-mail para a Associação Profissional das Empresas de Transporte de Passageiros de Juiz de Fora (Astransp) descrevendo o caso. O órgão respondeu dizendo estar encaminhando a reclamação para a empresa responsável tomar as devidas providências.

Itinerário alterado causa mais 30 minutos de atraso

Outro problema observado por Letícia, que aflige os estudantes usuários da linha 755, é um acréscimo no itinerário do ônibus não previsto no caminho habitual. "O ônibus está saindo da UFJF, indo para o trevo da curva do Lacet, parando no ponto do shopping e depois retornando para o itinerário normal. Uma vez cheguei no portão do São Pedro às 8h e fui chegar na faculdade de Educação às 8h30", explica. Letícia conta que esse acréscimo surgiu este ano. Nos caminhos descritos no site da PJF, este trajeto não consta nem nos itinerários de ida e nem nos de volta do coletivo. A Settra explica que a extensão na rota não consta na página, pois não é considerada itinerário. Segundo o órgão, nos estudos feitos não consta atraso e a extensão é uma forma de atender à população que precisa ir à Asconcer

Settra não aponta reclamações dos usuários

Segundo a assessoria de comunicação da Settra, nenhuma reclamação oficial sobre o problema foi registrada na central de atendimento, que atende pelo telefone (32) 3690-8218. Conforme a informação, para que a empresa tome as providências e possa fazer as pesquisas de público é preciso oficializar as reclamações.

Os textos são revisados por Madalena Fernandes

*Pablo Cordeiro é estudante do 10º período de Comunicação Social da UFJF


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