Abastecimento de água deve ser normalizado até domingoProprietários de salões de beleza e restaurantes registram prejuízo. Enquanto isso, distribuidoras de água mineral têm aumento de 400% nas vendas

Aline Furtado
Repórter
4/6/2010

Depois de quase 48 horas de trabalhos no local onde rompeu a rede tronco de uma adutora da Companhia de Saneamento Municipal (Cesama), a água foi religada na tarde desta sexta-feira, 4 de junho.

Entretanto, segundo informações da assessoria de comunicação da companhia, como as caixas de água estão vazias ou quase vazias, o reabastecimento deve ser normalizado na madrugada de sábado, 5, para domingo, 6. As regiões mais centrais receberão a água mais rápido, enquanto as mais altas e periféricas devem demorar um pouco mais a ter o abastecimento normalizado. Assim, a sugestão é que a população continue economizando água.

"Os funcionários já estão trabalhando na compactação, que é a etapa final do fechamento da vala", explica o gerente de manutenção da Cesama, Márcio Augusto Pessoa Azevedo. As causas do rompimento ainda estão sendo investigadas, mas o órgão afirma que o acidente não foi ocasionado por falta de manutenção. Não há estimativa do número de pessoas que ficaram sem água na cidade, mas apenas a região Norte, localizada a partir do bairro Fábrica, não foi atingida.

O trânsito de carros continua interrompido na área do rompimento, no sentido Manoel Honório-Centro. A orientação é que os motoristas busquem rotas alternativas.  Com o fechamento do buraco que se abriu no asfalto, a expectativa é de que o tráfego seja liberado na via na próxima segunda-feira, dia 7.

Falta de água causa prejuízos

A falta de água provocada pelo rompimento da tubulação, responsável pelo abastecimento das regiões central, Sul e da Cidade Alta, trouxe prejuízos à população da cidade. Na quinta-feira, dia 3, assim como nesta sexta-feira, 4, alguns estabelecimentos comerciais permaneceram de portas fechadas, exibindo avisos de não funcionamento devido à falta de água.

De acordo com a cabeleireira Érika Clavilho, os atendimentos só continuam sendo realizados no caso de clientes já agendadas. "Com o feriado de Corpus Christi na última quinta-feira, temos uma reserva de água, que dá para atender a estas clientes. Mas estamos racionando e não temos feito agendamentos até que a situação seja normalizada. Unhas estão sendo feitas com água mineral. E, no caso da falta de água continuar, teremos que usar água mineral também para lavar os cabelos."

A cabeleireira e manicure de outro salão, Maria Aparecida Barros, lamenta o prejuízo. "Tivemos que desmarcar todas as clientes que iam fazer cabelo. Só estamos fazendo as unhas, mesmo assim usando água mineral."

A atendente de um restaurante localizado no Centro da cidade, Marcela Jerônimo, afirma que, embora não saiba contabilizar os prejuízos referentes à última quinta-feira e esta sexta, 4, a falta de água mudou toda a rotina do estabelecimento. "Atrapalhou demais. Estamos utilizando água mineral para cozinhar e lavar. Mas, ao longo do dia, foi preciso reduzir o número de pedidos atendidos porque até a água mineral acabou e tivemos dificuldade em comprar mais."

O proprietário de um bar e restaurante localizado próximo ao local do rompimento da tubulação, Eduardo Oliveira Guerra, relata que não registrou prejuízo com relação à queima de motores de freezers, entretanto, perdeu clientes por ter ficado durante longo período de portas fechadas. "Precisei fechar a loja por volta das 13h30 do dia do rompimento e não abri no dia seguinte. Além disso, como o bar foi alagado, depois de a água ser retirada, ficou a lama e, agora, é a poeira", lamenta.

"Com apenas três clientes desmarcadas devido à falta de água, perdi R$ 900. Elas fariam procedimentos no cabelo. Fora isso, como não pude trabalhar na tarde do dia do rompimento, estou tendo prejuízo desde então", conta a proprietária de um salão de beleza localizado na região alagada, Isabel Aparecida Araújo.

Motivos para comemorar

Enquanto alguns contabilizam os prejuízos, outros comemoram o aumento nas vendas. É o caso da proprietária de uma distribuidora de água mineral, Cristiane Alves Rodrigues. "O telefone não para de tocar. Percebemos um aumento entre 400% e 500% no volume de vendas." O gerente de outra distribuidora, Rosier Roni Enk, conta que os estoques estão reduzidos devido à grande procura pela água.

Com os hábitos adotados em seu restaurante modificados em função da falta de água, o gerente Everton Carmo afirma que o fechamento de alguns estabelecimentos comerciais de Juiz de Fora nesta sexta-feira, dia 4, fez com que fosse verificado aumento do movimento.

"Creio que as pessoas que têm o costume de almoçar em outros lugares tenham vindo para cá. Assim como aqueles que não conseguiram cozinhar em casa devido à escassez ou à falta de água." No local, copos de vidro foram substituídos por descartáveis e a carne, que geralmente é servida em um prato à parte, foi colocada no prato principal. Além disso, o banheiro não estava funcionando.


Entre na comunidade de notícias clicando aqui no Portal Acessa.com e saiba de tudo que acontece na Cidade, Região, Brasil e Mundo!