Quarta-feira, 2 de janeiro de 2013, atualizada às 18h45

Juiz de Fora sedia o XII Encontro de Folia de Reis neste sábado

Andréa Moreira
Repórter
Encontro de Folia de Reis

Roupas coloridas, músicas e as tradicionais bandeiras brilhantes irão invadir Juiz de Fora neste sábado, 5 de janeiro, no XII Encontro de Folia de Reis. O evento será realizado na praça Antônio Carlos, no Centro, a partir das 17h, com a participação de 11 grupos da cidade. "Este encontro reúne grupos que representam uma das maiores manifestações culturais do nosso país," ressalta o presidente da Associação das Folias de Reis e Charolas de Juiz de Fora, André Luís Brasilino. 

Para ele, a tradição das Folias de Reis é muito forte na cidade. "Percorrendo outros locais de Minas Gerais, posso perceber como as folias têm presença em Juiz de Fora. Isso se deve ao interesse que a juventude possui. Antigamente, os grupos eram formados por cerca de 15 pessoas. Hoje, boa parte das folias possuem 20, 22 integrantes." Brasilino também ressalta que existem critérios para participar dessa apresentação. "Os grupos passam por um processo de quatro anos de avaliação, para, enfim, poderem fazer parte do festival. Afinal, a Folia de Reis, além do lado cultural, tem também a parte folclórica e religiosa."

Além das apresentações, o evento terá a cerimônia de benção das chaves, presidida pelo padre Guanair. Participam do encontro os grupos Resposta do Oriente - Jesus Vivo, A Caminho de Belém, Viagem dos Três Reis Magos, Esplendor do Pai Eterno, Estrela de Belém, “Estrela D’Alva, Estrela da Guia, A Estrela da Guia, Caminho da Salvação, Sagrado Coração de Jesus e Sinal dos Três Reis Magos do Oriente.

A tradição

De origem portuguesa, a Folia de Reis chegou ao Brasil no século XVI. Enquanto no país europeu as apresentações tinham a finalidade de divertir o povo, no Brasil, têm um caráter religioso. A Folia de Reis é formada por cantadores e instrumentistas, que percorrem casas entre os dias 24 de dezembro, véspera de Natal; e 6 de janeiro, Dia de Reis. "Logo que chegou ao nosso país, a Folia de Reis adquiriu uma identidade própria. Essa manifestação cultural representa a visita que os três Reis Magos fizeram ao Menino Jesus, levando a mirra, o ouro e o incenso como presentes. Já os foliões levam até as casas, mensagens de paz, alegria e prosperidade," explica Brasilino.

Atuante há 20 anos em um grupo de Folia de Reis, o presidente da associação ressalta que, normalmente, essa tradição passada de geração a geração. "Meu interesse teve início quando ainda era criança, pois meu avô liderava um grupo. Me encantei pelas toadas (versos cantados pelos integrantes), pelas roupas coloridas e pela forte manifestação cultural que o grupo trazia."

Encontro de Folia de Reis Encontro de Folia de Reis

Os integrantes

Com violas, sanfona, reco-reco, triângulo, pandeiro e outros instrumentos, os foliões vão de porta em porta, cantando as tradicionais toadas de entrada, quando se pede permissão ao dono da casa para entrar, e a canção da despedida, na qual os foliões agradecem as doações e a acolhida. "Percorremos vários locais de Juiz de Fora, e também outras cidades da região para levar a mensagem da Folia de Reis. E isso só é possível graças à generosidade das pessoas, pois durante nossas viagens recebemos desde comida até local para dormir," revela Brasilino.

O presidente da associação explica que entre os personagens da Folia de Reis estão o mestre folião, o contra-mestre, os Três Reis Magos, os palhaços, foliões e o mascote, esse representado por uma criança menor de 12 anos. "Cada personagem possui sua função dentro da folia. Uma das mais típicas e intrigantes é a do palhaço, que representa os soldados de Heródes, o qual queria matar o Menino Jesus. Por isso, o palhaço representa o mal e nunca pode ficar à frente da bandeira ou entrar dentro de uma casa."

Já o mestre e contra-mestre são os donos de conhecimentos, portanto, são eles que comandam os foliões. Eles são responsáveis por organizar a logística do grupo, o trajeto, horários e os instrumentos, além de improvisarem os versos cantados nas residências.Os reis magos Baltasar, Melquior e Gaspar seguem a Estrela de Belém até o local em que Jesus nasceu, levando presentes. Os foliões são homens simples, geralmente de origem rural. O bandeireiro ou alferes da bandeira tem a função de carregar a bandeira do grupo. O estandarte é apresentado ao chefe da residência e, logo após, a folia recebe os donativos oferecidos pelas famílias.

Matias Barbosa

A vizinha Matias Barbosa também irá promover um encontro de Folia de Reis. O evento, que está na quinta edição, irá acontecer neste domingo, 6 de janeiro, a partir das 17h, na praça Peter Birkeland. Além dos grupos da cidade, o encontro também irá receber foliões de outras cidades.

Os textos são revisados por Juliana França

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