Moradores do Morro da Glória pedem mais segurança na região

Foram três ocorrências em 2013 e seis nos dois primeiros meses de 2014

Lucas Soares
Repórter
26/03/2014

Moradores da rua doutor Edgar Quinet, no Morro da Glória, estão assustados com o aumento da violência na região. Se antes as ruas desertas à noite eram sinônimo de tranquilidade para os habitantes, hoje é um sinal de preocupação. Os números fornecidos pela Polícia Militar (PM) confirmam. Em 2013, foram três ocorrências registradas na região, que também engloba as ruas Catarina de Castro e Cosette de Alencar. Já nos dois primeiros meses de 2014, o número de registros dobrou.

De acordo com a síndica de um condomínio na rua Edgar Quinet, Rita de Cássia Ferreira, o número de ocorrências é alto. "Tem acontecido muitos furtos e danos ao patrimônio, principalmente à noite. Após às 21h, a rua fica deserta, já que é uma área residencial. Tem coisas que acontecem que nem registramos boletim de ocorrência, pois ocorrem na madrugada, por volta de 1h30 e 2h30. Quando o dia amanhece já roubaram", lamenta. As principais ocorrências em que não foram registrados boletins de ocorrências são referentes a dano ao patrimônio. "Neste condomínio, que eu posso afirmar, já roubaram aparatos do jardim, lâmpadas e até mesmo uma câmera de segurança", diz.

Um dos registros que foi feito o boletim foi quando um apartamento foi invadido. "Acordei e vi que tinham entrado em um apartamento. Chamamos a polícia apenas para fim de registros, pois não sabemos sequer a hora que tudo aconteceu. Fomos prontamente atendidos, chegaram rápido, mas os bandidos já tinham levado muita coisa", explica a síndica. Em relação ao patrulhamento, Rita garante que tem tido um maior efetivo na área. "Tenho reparado que existem policiais durante o dia, mas a noite realmente falta. Evito ficar sozinha a noite, não facilito, evito o máximo dar bobeira", garante.

O policial militar aposentado João Roberto Santos, também morador da região, cita outro problema da área. "O que eu observo muito no dia a dia aqui na rua são pessoas fazendo uso de entorpecentes, principalmente à noite. Pra ser sincero, possivelmente não são as mesmas pessoas que furtam. São pessoas bem vestidas, que parecem ser estudantes. Essa é uma coisa que me incomoda, costumam juntar até cinco usuários juntos. Quando eles percebem a presença de moradores na sacada, eles saem. Isso cessa por volta de 22h, horário em que começam a chegar, acredito eu, esses ladrões", comenta.

O guardador de carros Mário Lúcio Souza alega ser credenciado pela Prefeitura e trabalha na esquina das ruas Catarina de Castro e Cosette de Alencar há 16 anos. Ele alega que a situação tem piorado nos últimos meses. "Acontecem muitos furtos na noite: bonés, celulares, bolsas... Carros eu garanto que nunca aconteceu enquanto estou aqui. Mas a situação de uso de drogas é constante, principalmente com estudantes dessas faculdades próximas, no horário do intervalo deles", conta.

Mato na região

Um dos problemas citados por Rita e João Roberto é o mato que fica entre as ruas Cossete de Alencar e Mariano Procópio, cruzando a linha do trem. De acordo com Rita, muitos desses ladrões chegam ao local por ali. "Tem um prédio em construção abandonado na Rio Branco onde ficam vários indivíduos. Eles saem do local, passam pelo matagal e chegam aqui em cima, praticando esses furtos", diz. Já João Roberto, afirma ter visto uma situação estranha certa vez. "Eu acordo muito cedo, por volta de 5h30. Estava na sacada e vi dois rapazes entrando no mato com uma sacola. Pouco depois, eles saíram com outra roupa, sem a sacola. Talvez seja um material furtado de algum lugar, mas não tive nem tempo de fazer alguma coisa pois eles desapareceram logo em seguida", conta.

Prefeitura se manifesta

Por telefone, a assessoria de comunicação da Secretaria de Atividades Urbanas (SAU) da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) informou que o prédio citado pelos moradores na avenida Rio Branco já foi notificado várias vezes informando que a construção está com o muro caído e que moradores de rua ocupam o local. Sempre que notificado, o proprietário cumpre o que é determinado pela fiscalização e restaura o muro. Já sobre o matagal, a SAU informa que ainda não foi possível determinar quem seria o responsável pela região, pois há imóveis residências e comerciais no local, além da linha de trem da MRS Logística S.A.

Uma câmera de segurança já foi roubada de um dos prédios. O mato na região. Rua Cossete de Alencar No jardim do prédio de Rita, as lâmpadas foram levadas. As outras câmeras de segurança não inibiram a ação dos infratores. No entanto, Rita investe em segurança e, após certa hora, a entrada no condomínio só é permitida com digitação de senha. Na Avenida Rio Branco, prédio abandonado serve de casa para moradores de rua. No detalhe, o muro caído. Um colchão foi visto pelo Portal ACESSA.com dentro da construção abandonada.

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