Em oito meses, 165 casos de estupro são registrados em Juiz de Fora
Os números fornecidos pela Secretaria de Estado de Defesa Social ainda apontam 42 tentativas de violação sexual na cidade
Repórter
16/09/2014
Cento e sessenta e cinco estupros consumados nos oito primeiros meses de 2014. Os números fornecidos pela Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) revelam a vulnerabilidade em que vivem mulheres e crianças em Juiz de Fora, principais vítimas deste tipo de crime no mundo, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU).
Os registros ainda apontam outras 42 tentativas de estupro na cidade. Em todos os 207 casos de violência sexual verificados entre janeiro e agosto de 2014, apenas 46 pessoas, com idades entre 20 e 88 anos, foram identificadas como autores, incluindo duas mulheres.
De acordo com a titular da Delegacia da Mulher, Regina Gomide, o número assusta. "São muitos casos na cidade, mas a Casa da Mulher está proporcionando a visibilidade da violência contra a mulher, que tem mais coragem para denunciar toda forma de abuso e violência. Temos cursos ministrados para vítimas de estupro, e as mulheres têm mais consciência dos direitos delas, se sentindo acolhidas. Mas o grande gargalo ainda é o silêncio. Aqui é um espaço de encorajamento, que ela sabe que tem um centro que pode solicitar a confecção do boletim de ocorrência, sai com a guia para fazer o exame de corpo de delito, além de ter orientações", diz.
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Por outro lado, os dados do Controle de Operação da Polícia Militar (Copom) apontam para 67 casos apenas. Destes, cinco foram registrados no Centro da cidade, bairro com maior índice de registros, segundo a PM. A diferença de registros, segundo Regina, acontece porque muitas mulheres preferem ir à Casa da Mulher, ao invés de procurar a Polícia Militar (PM). "Aqui é um lugar para elas, então elas ficam encorajadas a quebrar o silêncio e denunciar. Nós só lidamos com isso, então é mais fácil nos procurar", comenta. Veja, no gráfico abaixo, as regiões onde a PM registrou os 67 casos.
Segurança
Segundo a Polícia Militar, como um número elevado de crimes de estupro acontecem em locais que não são possíveis a fiscalização do órgão, é necessário tomar medidas preventivas. "Orientamos as pessoas que evitem conversar com estranhos, redobrem suas atenções quando transitarem em locais ermos e em horários de pouco movimento, e que jamais deixem de registrar a ocorrência quando forem vítimas do crime de estupro. Quando a Polícia Militar se depara com uma vítima deste crime, é providenciado, quando oportuno, o seu encaminhamento a um hospital para que possa ser medicada. Posteriormente, em caso de prisão do autor, esta mesma vítima é levada até a presença da polícia judiciária para a adoção das medidas pertinentes", diz a assessoria de comunicação da 4ª Região PM.
Apoio social
Por outro lado, existem serviços públicos e gratuitos de auxílio às vítimas. Na própria Casa da Mulher, a vítima de violência sexual conta com apoio nas áreas de Psicologia, Assistência Social, e Direito, com um uma representante da Defensoria Pública e um advogado, além de contar com a Delegacia de Mulheres. No local também são ministrados cursos de capacitação para mulheres vítimas de violência.
Por meio da Secretaria de Desenvolvimento Social (SDS), a Prefeitura de Juiz de Fora oferece em um dos três Centros de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) da cidade, todo tipo de ajuda para as vítimas.
"A vítima que procura um dos Creas é acolhida por uma equipe especializada, com assistente social, psicólogo e advogados. É feito um estudo, a vítima é acolhida, ouvida e recebe orientação jurídica, além de fazermos um encaminhamento para a saúde, fazendo uma articulação em rede com serviços assistenciais de outras políticas públicas, como órgãos de garantia de direito", comenta a supervisora de acompanhamento dos Creas, Rita de Cássia do Nascimento.
Ainda segundo Rita, as equipes do Creas só podem agir contra o autor do crime mediante denúncia, que pode ser feita gratuitamente pelo telefone 0800 283 7991. O sigilo é garantido.
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