Quinta-feira, 27 de novembro de 2014, atualizada às 18h10

Moradores questionam processo de implantação de mineradora em Humaitá

Eduardo Maia
Repórter

Moradores do povoado de Humaitá, zona rural de Juiz de Fora, questionam o processo de licenciamento e instalação de um empreendimento minerário de areia quartzito no Morro da Boa Vista, que poderá ser votado no Conselho Municipal de Meio Ambiente (Comdema) no dia 2 de dezembro. O interesse surgiu por parte da empresa Trater Pesados Rental Ltda, que está pleiteando ambos os licenciamentos desde 2010.

A indignação se dá, segundo o moradores, pelo desconhecimento do processo que tramita no Comdema desde aquela época. Na audiência realizada pela Secretaria de Meio Ambiente da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) na noite da última quarta-feira, 26 de novembro, técnicos do poder público e da empresa ouviram as reivindicações para que sejam minimizados os impactos ambientais e sociais e garantida a preservação da fauna e flora local.

O pedido de pesquisa e exploração da área foi registrado sob o número 6817/2010, inclusive com a publicação em uma edição do jornal Diário Regional, no espaço destinado à publicidade institucional. Os moradores alegaram que não sabiam da tramitação do projeto no Comdema, vindo a ter conhecimento apenas no mês passado. Vereadores que participaram da reunião no bairro entrarão com um requerimento para adiar a votação de urgência do dia 2.

"A comunidade não tinha conhecimento que essa mineração ia ser instalada aqui, só no dia 20 de outubro que fomos avisados e a nossa comunidade vai ser prejudicada. Nossa estrada não é para os caminhões pesados que vão frequentar, as áreas que serão disponibilizadas que eles vão atingir dentro da comunidade de Humaitá. A gente não é contra que eles entrem, mas a gente tem que participar dessa discussão", afirma a presidente da Associação Pró-Melhoramento do Distrito de Humaitá, Lenir Maria de Almeida Lopes.

Segundo a presidente, são reivindicadas a preservação de nascentes de água, das cachoeiras e a garantia de permanência de animais silvestres no local. "A gente já contou oito nascentes de água no morro. Outro lugar que queremos preservar é o santuário que existe no alto da serra, um local onde há mais de cem anos as pessoas fazem promessas e alcançam graças. Todo ano, uma peregrinação é feita no dia 1º de maio e tem missa, leilão, procissão. A gente vai deixar acabar com tudo isso assim?", questiona.

Na reunião com representantes da empresa realizada na Escola Municipal Coronel Emílio Esteves dos Reis, foram apresentadas aos moradores as estratégias para a retirada do mineral. Ao Comdema, foi entregue um abaixo assinado solicitando que seja indeferida a licença prévia e de instalação da mineração, além de exigir a realização de estudos de impactos ambientais.

Em nota, a Secretaria de Meio Ambiente da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) informou que não pode disponibilizar a íntegra do projeto, a menos que a empresa o faça. Eles explicaram que "a Audiência Pública tem caráter democrático para que o Poder Público possa ouvir a comunidade diretamente envolvida com o empreendimento e seus impactos, antes da tomada de decisão de concessão ou não das licenças ambientais, no caso, a critério do Comdema", explica.

Segundo o vereador Roberto Cupolillo (Betão - PT), que participou da reunião, os parlamentares também irão convocar uma audiência na Câmara Municipal. Já está prevista para esta sexta-feira, 27, uma reunião com moradores e representantes do Comdema na sede do legislativo municipal.

A ACESSA.com tentou o contato por telefone e e-mail com a Trater Mineração e Construção Pesada, mas não obteve retorno. 


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