Coletivos protestam contra morte da psicóloga e outros casos de feminicídio
Coletivos de Juiz de Fora vão se reunir na tarde desta sexta-feira, 22 de junho, para lembrar a morte da psicóloga Marina Gonçalves Cunha, encontrada no dia 31 de maio, no Bairro Aeroporto. O ato está marcado para começar às 18h, em frente ao Banco do Brasil, no calçadão da Rua Halfeld. O objetivo é cobrar que o empresário, 38 anos, marido da vítima e assassino confesso, seja preso, além de chamar atenção para a luta contra casos de feminicídio na cidade. A ação ocorre em conjunto com os coletivos Maria Maria - Mulheres em Movimento e Mulheres Medicina - UFJF, com presença de amigos e familiares de Marina.
Segundo o irmão da vítima, Marino Liberato da Cunha Júnior, a mobilização é muito importante para a família. "Ir e ver as pessoas, permitirá que sejamos acolhidos nessa hora de dor", destaca. Ele explica que as manifestações têm surgido de forma espontânea, muito pelo senso coletivo de impunidade, mas que os familiares também estarão presentes no ato. "Os nossos amigos têm se solidarizado. Não há palavras para mensurar o carinho deles com a gente e, principalmente, pela memória de Marina".
Uma das integrantes do Coletivo Maria Maria, Laiz Perrut, explica que movimentos decidiram fazer a mobilização, após o assassino e esposo de Marina conseguir habeas corpus. "A gente não podia deixar passar em branco. A Marina sofreu toda essa violência e foi morta. É uma violência ainda maior contra nós e toda a família, um assassino confesso ser solto". Ela completa que as integrantes do grupo conversaram com os familiares antes de agendar o ato, para não desrespeitá-los neste momento de dor. "Nosso objetivo é denunciar estes casos de feminicídio em Juiz de Fora e no Brasil, principalmente em Minas Gerais. Além de denunciar a soltura do assassino".
Nota de repúdio
Na última terça, 19, os dois coletivos, com assinatura também do Conselho Regional de Psicologia (CRP), publicaram, nas redes sociais, uma nota em solidariedade à família da vítima e de repúdio à soltura do empresário que confessou matar a esposa por esganadura, durante uma briga. No mesmo dia, Marina faria 36 anos. O crime aconteceu no dia 21 de maio, no apartamento onde eles moravam com seus três filhos, entre 2 e 6 anos, no bairro São Mateus.
"Por dias o assassino confesso, fingiu com frieza e tranquilidade ter sido abandonado pela esposa, juntamente aos três filhos do casal de 2 a 6 anos de idade. A família de Marina, no entanto, desconfiou de seu desaparecimento, uma vez que não receberam qualquer notícia dela, o que os levou, depois de dias de aflição, à identificação do corpo encontrado pela polícia dia 31 de maio em um matagal no bairro Aeroporto, apresentando fortes sinais de violência e tentativa de ocultação da identidade". O homem confessou o crime e foi preso no dia 7 de junho, tendo sido registrado pelo vídeo das câmeras de segurança do prédio que moravam saindo, supostamente, com o corpo da vítima em um carrinho de supermercado.
O texto diz que "a família da vítima e toda a população juiz-forana espera por um julgamento justo, entretanto, não é o que vem acontecendo". Na sexta passada, 14, o desembargador do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) deferiu um pedido de habeas corpus, permitindo que o acusado responda em liberdade. A autoridade teria julgado não estar comprovado que o suspeito apresenta perigo para a sociedade.
"Mais uma vez vemos a verdade: as vidas das mulheres não importam, tampouco as vidas das crianças que perderam a mãe nesse ato brutal. Assim, hoje, quando a vítima estaria celebrando seu aniversário, lançamos essa nota para manifestar nosso total repúdio à soltura, pois uma pessoa que age de forma fria e cruel, contra a própria esposa e mãe de seus filhos, não pode ser considerada indefesa para a sociedade, respondendo em liberdade. Afirmamos mais uma vez que o crime cometido foi 'Feminicídio', um ato brutal e covarde, e deve ser julgado enquanto tal!".
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