Sem levar nenhuma estatueta na cerimônia do Oscar 2024, um dos mestres da direção cinematográfica Martin Scorsese saiu injustiçado, mesmo com um trabalho memorável, importante e arrebatador, que ele nos concedeu com seu filme ‘Assassinos da Lua das Flores’.

E uma das obras mais importantes de sua carreira, que também foi injustiçada na premiação Hollywoodiana, está em catálogo na Netflix, e que merece muito a atenção de quem é fã desse gênio da sétima arte.

Quando Martin Scorsese criticou a Marvel por não considerar os filmes da indústria dos heróis cinema, pareceu arrogante, presunçoso e até recalcado. Ainda que possivelmente seu discurso tenha sido relativamente ofensivo, ele sabia exatamente o que estava falando.

Isso porque o cinema é muito mais que entretenimento. E embora uma obra ou outra das indústrias de produção populares conseguem imprimir temas e reflexões sociais importantes (vide Pantera Negra, Mulher Maravilha e Capitã Marvel), a maioria quase absoluta é apenas distração e não arte, como o cinema deve de fato ser considerado.

Mas deixando a crítica ao puro entretenimento de lado, ao observarmos o novo filme de Scorsese, é inegável o fato de que cinema está além de efeitos especiais e estúdio verde. Muito além da pirotecnia, o cinema é uma arte que provoca, transgride, causa desconforto (com propósito de causar movimento) e reflexão.

E O Irlandês é uma obra-prima em todos os aspectos: o filme é primoroso desde a iluminação a edição; do roteiro bem construído à direção magnifica (sem presunção); Fotografia marcante e direção de arte impecável. Trilha sonora e atuações brilhantes, a trama é muito mais que uma sequência narrativa de um homem que deixa de ser caminhoneiro para se tornar um assassino integrante da máfia italiana.

Irishman é um verdadeiro estudo de personagem, que ultrapassa as histórias convencionais de gângsteres, trazendo os efeitos direitos e realistas na vida de uma pessoa que envereda nas veias do crime organizado.

E apesar da sinopse resumida, ao assistir essa obra que vale frisar, tem exatas três horas e meia de duração, a narrativa minuciosa e provocativa, nos captura para acompanhar a trajetória desse protagonista nada convencional, embora se enquadre em um enredo possivelmente justificativo, entregando para o espectador, uma construção perfeita e humana da torpeza como uma extensão da personalidade.

E embora o filme não seja para todos os públicos, é indiscutível que ele é sim, cinema de verdade, que sabe exatamente o que provocar quem provocar e porque provocar. Um dos melhores filmes da carreira de Scorsese.

Nota: 10 (Disponível na Netflix)

Divulgação - O Irlandês

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Clayton Inacio da Silva

Séries e Filmes

É advogado empresarial e crítico de cinema. No campo jurídico, atua na esfera administrativa, cível e consumerista, além de elaboração e análise de contratos públicos e privados. Como crítico, analisa e comenta filmes de todos os gêneros, que são lançados no cinema e em plataforma de streaming, além de análises de séries, minisséries, animações e documentários, dando ao público uma pequena dimensão sobre a relevância de cada obra com foco em despertar o interesse pela arte e incentivando à cultura.

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