Dando sequência ao filme que reuniu os grandes monstros e titãs que duelaram no primeiro longa, alguns anos se passaram e agora, as criaturas que existiram antes de nós, agora convivem harmoniosamente, desde que ninguém invada o espaço do outro.
Enquanto Kong vive no lugar chamado Terra Oca, tentando se adaptar, Godzilla passeia pelos oceanos, até que um chamado misterioso o desperta para uma nova ameaça. E ao descobrir que o sinal de alerta vem da terra do Gorila gigante, uma nova expedição se aventura nesse lugar para tentar descobrir o que os sinais recebidos podem representar.
Inicialmente é preciso reafirmar que a franquia dos Titãs e primatas não deve, em hipótese alguma, ser levada a sério. E não se trata de direcionamento à alienação, uma vez que o entretenimento não é um contraponto da definição de cinema, pois a diversão, também é um fragmento da arte.
Contudo, a problemática surge quando esse entretenimento, busca se servir de ideias reflexivas, criando assim obrigatoriamente a necessidade da logicidade de sua construção narrativa e, esse novo filme dos monstros adorados, mais uma vez, se enreda por esse caminho tortuoso.
Isso porque, ao inserir discursos filosóficos e humanos no roteiro, a história toma um rumo inadequado àquilo que toda construção de mundo e os eventos que se sequenciam querem proporcionar. Se a arte de entreter é o elemento principal da trama, as suas subtramas devem se respaldar nessa referência objetiva do roteiro e nesse longa, novamente vemos o exagero de se voltar a dramaticidade para a humanidade, quando na verdade, a narrativa deveria funcionar única e somente em torno das criaturas que, como repisado em quase todos os filmes que integram essa franquia, existem antes dos humanos e sabem exatamente o que são e para que são.
E acertadamente, essa sequência dá mais espaço para essas criaturas estabelecerem seus reinados e existências, onde o espectador consegue abraçar a trama e se divertir quando não há o elemento humano tentando protagonizar uma história que não lhes pertence. O que não significa dizer que não há boas cenas com os esses seres dotados de raciocínio. Em certos momentos, é possível se divertir com alguns dos personagens, mas suas investidas são rasas em muitos momentos, causam irritação ao abordar falas desnecessárias como explicar o contexto de uma cena que por si só, é plenamente entendida pelo espectador.
Ainda, a conveniência de certas resoluções, colocam a história novamente dentro desse aspecto genérico e idiotizado da construção lógica do roteiro, que cumpre corroborar, só se perde ao tentar dar razão humana para sua elaboração, criando essa gangorra entre o prazer do entretenimento e a falta de criatividade do convencimento narrativo.
No entanto, é importante frisar que há muito mais qualidade nesse segundo filme que reúne o nosso primata e a criatura assombrosa de Godzilla. Aliás, o monstro radioativo aqui finalmente ganha o seu tom mais sombrio e, ainda que muito longe da sua originalidade, consegue se enquadrar no seu propósito precípuo da sua criação. E com isso, temos muitas cenas grandiosas de ação, de luta entre esses seres que empolgam e divertem, fazendo valer a experiência de uma distração para quem só quer desestressar com um filme genérico mas que desperta a endorfina do prazer da diversão.
Godzilla e Kong é um filme raso em seu aspecto narrativo, mas que tem muito mais qualidade que a obra anterior do duelo dos dois gigantes, com mais espaço para essas criaturas que nos proporcionem ótimos momentos de distração, diversão e que dentro desse contexto proposto é uma excelente opção para dar uma esticada ao cinema.
Nota: 6.7
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