FOTO: © Jader Souza/AL Roraima - Dez cidades do Norte e Centro-Oeste respondem por 20% das queimadas

Nas últimas semanas, as imagens devastadoras das queimadas têm nos lembrado de uma realidade alarmante e cada vez mais próxima: a crise climática. No centro deste cenário sombrio, encontramos não apenas o impacto ambiental direto, mas também a falta de consciência e responsabilidade de muitos que perpetuam este ciclo de destruição. Recentemente, ao ler uma reportagem sobre o aumento das queimadas, me deparei com um termo que, embora chocante, descreve, de certa forma, a gravidade da situação: “suicídio coletivo”.

Esse termo, em seu sentido mais amplo, sugere uma destruição que não afeta apenas uma região ou um grupo específico, mas que coloca em risco a sobrevivência de todos nós, como um coletivo. O conceito pode parecer extremo, mas reflete uma realidade desconcertante onde ações individuais, muitas vezes impulsionadas por ignorância ou interesses pessoais, contribuem para um desastre de escala global.

As queimadas não são apenas um fenômeno natural exacerbado pela mudança climática; elas são, muitas vezes, o resultado de decisões humanas – desde a prática de queimadas para expansão agrícola até a negligência e o desrespeito pela legislação ambiental. O que faz com que essa situação seja ainda mais alarmante é a falta de uma consciência ambiental robusta por parte de muitos responsáveis por essas ações. É como se estivéssemos, de fato, caminhando para um suicídio coletivo, um suicídio não apenas da natureza, mas da própria qualidade de vida humana.

No entanto, a boa notícia é que o cenário pós-pandemia tem trazido mudanças significativas no comportamento dos cidadãos. Pesquisas recentes mostram que, após os desafios impostos pela pandemia, muitos se tornaram mais conscientes e exigentes em relação a questões ambientais, sociais e de governança (ESG). Este movimento crescente em direção a um consumo mais responsável e sustentável é um reflexo direto de uma sociedade que está começando a entender a interconexão entre nossas ações e o futuro do planeta.

A conscientização e a responsabilidade ambiental não são apenas responsabilidades das grandes corporações ou dos governos. Cada um de nós tem um papel crucial a desempenhar. Isso vai desde a maneira como consumimos e descartamos resíduos até a forma como nos engajamos em questões locais e pressionamos por políticas públicas mais rígidas. Pequenas ações podem, sim, fazer uma grande diferença.

A crise climática é um desafio coletivo que exige uma resposta coletiva. Não podemos mais nos dar ao luxo de adiar a nossa responsabilidade ou ignorar os sinais. Se quisermos evitar um futuro onde o termo “suicídio coletivo” se torne uma descrição literal de nossa realidade, é imperativo que cada um de nós tome atitudes concretas e conscientes para proteger o meio ambiente.

Como cidadãos, devemos usar nosso poder de escolha para apoiar práticas sustentáveis e exigir mais responsabilidade das empresas e dos governos. Se o pós-pandemia nos ensinou algo, é que a mudança é possível e que a nossa voz e ações podem moldar um futuro mais sustentável. Não podemos ignorar o nosso papel neste cenário e devemos agir com urgência e determinação para garantir que a devastação que testemunhamos não seja um prenúncio de um futuro irreversivelmente sombrio.

Nosso planeta precisa de um compromisso coletivo com a preservação. É hora de refletir sobre nossas ações e de assumir a responsabilidade que é, acima de tudo, um reflexo da nossa consciência e respeito pela vida em todas as suas formas.

© Jader Souza/AL Roraima - Dez cidades do Norte e Centro-Oeste respondem por 20% das queimadas

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Flávia David

A transformação é socioambiental

Empreendedora Socioambiental. Presidenta e fundadora do Instituto EPROS. Atua há mais de 10 anos com consultorias socioambientais para o terceiro setor. Possui mestrado e doutorado em Ciência Política pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Pesquisadora de Política e Meio Ambiente, se dedica às pesquisas relacionadas à implementação da Logística Reversa e o combate à Crise Climática, sempre com olhar intersetorial e interseccional para uma real mudança socioambiental.

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