Se fosse ensinar a uma criança a beleza da música não começaria com partituras, notas e pautas. Ouviríamos juntos as melodias mais gostosas e lhe contaria sobre os instrumentos que fazem a música.

Aí, encantada com a beleza da música, ela mesma me pediria que lhe ensinasse o mistério daquelas bolinhas pretas escritas sobre cinco linhas. Porque as bolinhas pretas e as cinco linhas são apenas ferramentas para a produção da beleza musical. A experiência da beleza tem de vir antes.

Rubem Alves


Partindo da reflexão do pensamento de Rubem Alves, pensemos: para ensinar a uma criança a beleza da educação, não é necessário começar com os escritos dos livros didáticos, fórmulas matemáticas ou regras gramaticais. Poder-se-ia, ao invés disso, explorar as maravilhas do conhecimento, compartilhar histórias fascinantes e descobrir o mundo ao nosso redor. Em outras palavras, ao invés de iniciar o processo de ensino e aprendizagem com conteúdo e sua mensagem direcionada à mente do educando com conceitos abstratos, iniciar-se-ia uma jornada educativa com experiências sensoriais e práticas. Para exemplificar, poder-se-ia explorar a natureza, observando as plantas e os animais, investigando os mistérios das estrelas no céu noturno e os segredos das marés e correntes dos oceanos.

Nesse ambiente de exploração e curiosidade, os educandos seriam estimulados a fazer perguntas, a imaginar e a experimentar aquilo que se apende. Nesse caminho de aprendizagem, cada descoberta abre portas para novas perguntas e novos aprendizados. À medida que o encanto da educação se manifesta, as crianças, jovens e adultos naturalmente buscarão compreender os conceitos e teorias que subjazem às suas experiências. Elas desejarão entender as "bolinhas pretas" da matemática e as "notas" da linguagem, não como imposições tediosas, mas como recursos para desvendar os “mistérios” do mundo que as cercam.

Neste sentido, é fundamental perceber que os livros, as fórmulas e as regras gramaticais são apenas instrumentos no processo educacional. Assim como as partituras na música, elas são meios para um fim maior: a busca pelo conhecimento e pela compreensão do que se aprende. Na arte de educar, a experiência do encantamento deve sempre vir antes do rigor acadêmico. Assim, desenvolve-se nos educandos o despertar pela aprendizagem, inspirando-os e despertando-os, para que eles próprios busquem desvendar a aprendizagem do mundo, ávidos por explorar as infinitas possibilidades que a educação oferece em sua potência.

Portanto, ao nos embrenharmos nessas experiências estéticas, onde o belo, a admiração se tornam o “despertar” e, assim, protagonistas no processo de ensino e aprendizagem, percebemos caminhos alternativos ao conhecimento. Ao cultivarmos essa relação íntima entre a educação e a beleza, não apenas preparamos mentes ávidas por conhecimento, mas também despertamos os educandos para explorarem os mistérios infinitos que o saber tem a oferecer.

Banco de imagem - Do Encanto à Compreensão: Caminhos para a Prática Educativa

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Jungley Torres

Filosofia

possui formação em filosofia e pedagogia. Área de pesquisa e atuação: desdobramento dos aspectos ontológicos, existências, hermenêuticos, da subjetividade e fenomenologia. Estudo de discursos e saberes que constituem as práticas educativas; Educação e Linguagem, com enfoque no discurso pedagógico contemporâneo.

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