SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - "Não sou fã de terror, mas cresci assistindo aos melhores filmes de vampiro", afirma Demián Bichir, 59, ao F5. "São filmes como 'Mulheres Vampiro'. Quer dizer, nada vai bater isso. Era o lutador de wrestler mexicano El Santo lutando contra vampiras. Cara, é um clássico! Esse é o meu favorito."
Agora, o ator mexicano volta a explorar esse universo fantástico na série "Deixa Ela Entrar", que estreia nesta sexta-feira (21) no serviço de streaming Paramount+. A trama é baseada em um livro sueco que já havia rendido duas adaptações para o cinema -uma no país nórdico, dirigida por Tomas Alfredson, e outra americana, com direção de Matt Reeves.
"Tenho um longo romance com a Suécia, sou um grande admirador de tudo o que vem de lá", conta o ator, que foi indicado ao Oscar em 2012 e já trabalhou com diretores como Tarantino e Oliver Stone. "Acho que tem algo na arte e nos artistas suecos muito similar aos latinoamericanos", avalia. "Nós somos muito intensos e abertos aos diferentes temas e gêneros."
Com origens na terra do Nobel, também fez a versão americana de "The Bridge" (2013-2014) e a peça "A Sonata dos Espectros", de Strindberg, logo que se mudou para Nova York. "Por coincidência, também falava, de certa forma, de vampiros", afirma. "Ou pelo menos de um tipo de vampiro."
Claro que o filme sueco, que fez sucesso no circuito cult e em festivais, acabou entrando no radar do ator. "Eu era muito fã", admite. "Fiquei curioso para ver como iam adaptar uma história que durava duas horas em dez episódios. E acho que fizeram isso de forma muito graciosa e mágica, porque acabaram trazendo muitas camadas nas tramas e subtramas."
Na série, Bichir interpreta Mark, um pai que dá o sangue (literalmente, em alguns momentos) pela filha, Eleanor (Madison Taylor Baez). Há dez anos, a menina foi transformada em vampira e não pode ver a luz do dia. Para evitar que ela mate pessoas, ele sai em busca de formas de fornecer alimento para a criança, enquanto busca uma cura definitiva para o problema.
"O que eu procuro é muito simples: ótimas histórias, roteiros sólidos, bons personagens --com sorte, um personagem memorável, que as pessoas possam ter em seus corações e mentes para sempre", afirma. "E é isso que achei quando li o roteiro da série."
Há personagens que não existem no original e foram criados para a série, como o da cientista Claire Logan (Grace Gummer). "Isso faz tudo ficar mais variado e rico", avalia o ator. "Espero que as pessoas sintam isso ao verem a temporada completa."
Para o ator, a série trata de até onde as pessoas vão pelos filhos. "Isso é exatamente o que os pais e mães fariam", avalia. "No caso de Mark, ele é pai e mãe ao mesmo tempo. Ele teve que se tornar e faz isso melhor do que ninguém. Se ele tiver que dar o próprio sangue, vai dar."
"Tem algumas linhas que ele está disposto a cruzar se isso significar o bem-estar da filha", adianta. "Ele quer preservar a integridade dela, mantê-la a salvo e longe do pecado. Mas, para isso, ele precisa se tornar o pecador."
Apesar do aspecto fantástico, ele diz se identificar de alguma forma com o personagem. "Tem muitas coisas que nos aproximam, assim como há coisas que nos distanciam", comenta. "Também sou pai de uma linda garotinha. Ela tem 11 anos, então isso me conecta diretamente e de forma muito próxima à história. Também sou muito determinado e faria tudo pela minha filha, assim como Mark."
Outro aspecto em comum é o fato de que Mark é um chef de cozinha, embora comece a série desempregado. "Eu amo cozinhar", garante o ator. "Não sou tão incrível quanto ele, mas sou bom e me divirto bastante cozinhando e compartilhando o que faço."
Além disso, assim como ele, o personagem é um imigrante nos Estados Unidos. "Sei como é se sentir diferente em um país onde as pessoas não se acostumam a isso", afirma. "Por tudo isso, acho que a série vai muito além do gênero, ela fala sobre como é difícil ser diferente."
Na opinião dele, esse é um dos motivos de os vampiros fazerem tanto sucesso na ficção ao longo dos anos. "Vampiros são exatamente isso, os azarões, os forasteiros. São párias que precisam viver nas sombras, sem poder pegar luz solar. Acho que milhões de pessoas conseguem se identificar com isso."
Bichir comemora o fato de a produção ter uma família latina como protagonista. "Acho muito bonito que essa versão seja com mexicanos, especialmente em um país como os Estados Unidos, onde ainda estamos falando sobre imigração e onde os estrangeiros ainda precisam superar muitos mais obstáculos do que quem nasce aqui", comenta.
Ele reconhece que isso é algo que tem reflexos no mundo todo. "A imigração é o maior fenômeno do mundo, está em todos os lugares", lembra. "Como seres humanos, nós sempre nos mudamos de um lugar para outro, seja para ter um clima menos ou para ter mais comida, é assim que somos. Eu acredito em romper fronteiras, e é isso que a arte faz."
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