Velha fórmula, grande sucesso?
Em meio a uma crise financeira, a Rede Record decidiu investir pesado na contratação de Xuxa Meneghel. E a notícia, como era de se esperar, gerou uma enorme repercussão em março deste ano, já que a apresentadora passou praticamente três décadas vinculada à Rede Globo. E, na mesma proporção, foi a expectativa para sua estreia na nova emissora, que aconteceu há quase dois meses.
Em meio a todos tipos de especulações sobre o novo programa, o apresentador Ratinho fez seu prognóstico ao Estado de Minas: "A Xuxa vai perder da gente. No começo, os três primeiros dias ela vai arrebentar, mas depois vai perder. Ela não dava Ibope nem na Globo. Por que daria na Record? Isso só mudará se vier com uma grande ideia, mas acho que não é o caso."
E Ratinho estava coberto de razão. Apostando milhões de reais na apresentadora e em seu prestígio, parece que a Rede Record se esqueceu do mais importante: o formato do programa. A fórmula é a mesma utilizada em outros canais: um auditório, entrevistas e algumas atrações sem graça. Mas a dificuldade de conduzir um programa ao vivo e a falta de um fio condutor, sem dúvida, são os principais problemas enfrentados para atrair um maior público telespectador.
Com isso, Xuxa tem amargado o terceiro lugar em índice de audiência, ficando atrás da Rede Globo e do SBT. Seu programa alcançou o segundo lugar somente duas vezes até hoje: no dia de estreia e na última semana de setembro, após o fim da novela Verdades Secretas, da Rede Globo. A fragilidade da produção é tamanha, que somos conduzidos constantemente a referências do passado, como o programa infantil conduzido por Xuxa durante anos na Rede Globo, seus filmes e músicas. Com um leve tom de nostalgia, parece que tentam nos lembrar que a apresentadora ali presente um dia fez muito sucesso.
Já que a legião de fãs da Xuxa é insuficiente para sustentar o programa em segundo lugar nas noites de segunda-feira, a Rede Record deveria fazer o mesmo que suas concorrentes – pensar melhor no formato da atração e tentar recuperar o alto valor investido. Basta olhar para a concorrência direta. Se Patrícia Abravanel consegue se manter na vice-liderança, isto não se deve à força de sua personalidade, mas àquilo que está sendo oferecido ao telespectador, nesse caso, um show de talentos inspirado em um programa internacional de sucesso em vários países.
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Ana Paula Ladeira é Jornalista pela Universidade Federal de Juiz de Fora e Doutora em Comunicação Social pela Universidade Federal Fluminense. Pesquisa assuntos relacionados especialmente à TV.
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