Paulo César Paulo César 23/12/2011

Diretor de Os Incríveis revigora franquia Missão Impossível e leva Tom Cruise de volta ao estrelato 

Com uma receita já conhecida pelo público, Missão Impossível 4: Protocolo Fantasma tinha tudo para ser mais uma baboseira cheia de cenas de ação surreais, conduzidas pela trilha musical já imortalizada. Entretanto, sob a batuta do especialista em dirigir animações, Brad Bird, o filme se revigora e ganha um toque de humor agradável, que misturado aos clichês básicos do cinema hollywoodiano, fazem Tom Cruise escalar de voltar ao topo da lista dos astros do gênero de ação.

O filme se desenvolve em torno de uma ameaça de hecatombe nuclear alardeada por um extremista conhecido como Cobalto (Michael Nykvist). Para impedi-lo, o agente Ethan Hunt (Tom Cruise) é resgatado em uma prisão russa e mandado ao Kremlin para roubar os códigos de ativação dos mísseis antes do vilão. Mas a missão fracassa, e o governo americano promulga o Protocolo Fantasma, fazendo com que o Estado não reconhecesse nenhuma atividade de seus agentes. Resta então a Hunt, juntamente com sua equipe, Dunn (Simon Pegg), Jane (Paula Patton) e Brandt (Jeremy Renner), agirem por conta própria e percorrer meio mundo para impedir a catástrofe.

Logo de cara é possível perceber qual será a tônica do longa, cenas de impacto com um ar diferenciado na forma de conduzir as ações. O diretor consegue dar vida a um roteiro obsoleto, tendo em vista que ante ao cenário político-econômico atual, esta tensão nuclear entre E.U.A e Rússia é assunto ultrapassado. Sendo assim, seu propósito é levar o público ao êxtase com sequências vertiginosas, entremeadas por esquetes de humor conduzidas, principalmente, pelo humorista Simon Pegg. Nesse espírito, ação e comédia, o filme é quase uma adaptação para a "realidade" de Os Incríveis, do próprio Bird.

O diferencial deste MI4 faz dele o melhor depois do visceral dirigido por Brian DePalma em 1996. Já que o segundo filme, de John Woo, extrapolou nas explosões e nos embates a lá Power Rangers, e o terceiro, de J. J. Abrams, há uma tentativa estúpida de dar um ar dramático ao frenesi constante, o que não combina.

Tom Cruise está em estado de graça. É com certeza o personagem que mais gosta de interpretar, tanto que entrou no clima e gravou a vertiginosa sequência no Burj Abdalah (Maior arranha-céu do mundo) sem dublês, suspenso por um emaranhado de cabos de aço. Dedicação ou loucura? Para ele ultimamente as duas sentenças são uma só. Como já dito, Simon Pegg é um dos responsáveis pelo sucesso do filme, já que suas caras, bocas e tiradas evitam que o filme caia em textos prolixos. Outra grande sacada foi escalar Jeremy Renner, que é um dos mais talentosos atores do momento, pois demonstra uma versatilidade enorme por saber fazer bem uma ponte entre a seriedade e a trapalhada. Já Paula Patton não entrou no clima. Não conseguiu convencer ninguém como agente durona, muito menos como femme fatale.

Por fim, acaba que o saldo é positivo, principalmente para Brad Bird, que, com méritos, terá mais oportunidades de desenvolver seu trabalho fora do mundo das animações, e Tom Cruise, de volta ao cume da montanha de egos de Hollywood. Apesar de não conseguir ser tão bem engendrado quanto O Ultimato Bourne e nem mais interessante que Atração Perigosa, o filme cumpre sua meta proposta pelo diretor: o entretenimento.



Paulo César da Silva é estudante de Jornalismo e autodidata em Cinema.
Escreveu e dirigiu um curta-metragem em 2010, Nicotina 2mg.

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