Paulo César Paulo César 17/3/2012

Triângulo amoroso encabeçado por dois espiões é a aposta do diretor McG na comédia Guerra é Guerra

Chega a ser interessante a constatação de como está difícil, nos dias atuais, chegar a um cinema para se ver uma boa comédia. É sempre aquela fórmula batida, seja nas descerebradas e subversivas tipo Todo Mundo em Pânico, nas românticas enjoativas ou em bobagens non sense de Adam Sandler e companhia.

Em Guerra é Guerra, o público até chega a se interessar, pensando ser uma história nova, entretanto, a cada minuto que passa, a sensação de deja vu vai aumentando e o filme se segura mais pela ação frenética do que pela comédia em si.

Na trama, Lauren Scott (Reese Whiterspoom) é uma mulher bem-sucedida, que depois de ser deixada pelo namorado, procura um novo amor em um site de relacionamentos. Lá se interessa pelo sensível e amoroso Tuck (Tom Hardy), entretanto, também se interessa pelo excêntrico FDR (Chris Pine). O que ela não sabia é que os dois são companheiros de trabalho na CIA, e quando ambos descobrem estar interessados pela mesma mulher, travam um duelo particular, cheio de aparatos a la James Bond, para provar quem merece o coração da moça.

Ao ler a sinopse é até fácil ser seduzido, porém o roteiro de Timothy Dowling e Simon Kinberg enche o filme de clichês e abusam da capacidade intelectual do público. A forma como tudo acontece é superficial, tornando a inclusão do vilão (clichê mais básico de todos), uma mera e desnecessária formalidade. Tudo é resolvido de maneira rápida e rítmica, sem contar que de uma forma inocente, quase infantil.

O jeitão "imbecilóide" de algumas situações do filme se dá muito pelo diretor McG, que buscou a aura de seus maiores sucessos comerciais, As Panteras 1 e 2. Apesar disso, este foi seu trunfo. O modo como conduziu tudo de forma frenética, resumindo o envolvimento de Lauren com os namorados a pequenos spots conduzidos por uma trilha sonora qualquer, deu mais espaço à criatividade dos adversários em usar suas ferramentas de trabalho, o que deixou o longa com mais cara de ação do que comédia. Isso provavelmente é o principal dentre os (poucos) atrativos que se desenvolvem em seus 97 minutos.

Reese Whiterspoom parece não ter se sentido à vontade na pele de uma mulher mais sedutora do que estúpida, como se acostumou a desempenhar em outros do gênero. É perceptível que seu papel, com o passar do tempo, vai se tornando coadjuvante no triângulo amoroso. Chris Pine é convincente quando em ação, mas seu tipo arrogante o deixa caricato demais. Quem prova talento mesmo é Tom Hardy, depois de ser o intenso lutador de Guerreiro e pragmático como um agente "sério" em O Espião que Sabia Demais, mostrou desenvoltura e soube ser cômico.

Quem quiser ver um produto de ação com fundo cômico, provavelmente vai gostar de Guerra é Guerra, porém, se iludidos pela premissa, tiverem intenção de distribuir boas gargalhadas, o filme vai ficar devendo. E muito.



Paulo César da Silva é estudante de Jornalismo e autodidata em Cinema.
Escreveu e dirigiu um curta-metragem em 2010, Nicotina 2mg.

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