Paulo César Paulo César 20/11/2012

Saga Crepúsculo chega ao fim com batalha épica no irregular Amanhecer parte 2

Finalmente a ansiedade dos fãs chegou ao fim. Depois de quatro filmes de muito romance e incerteza, A Saga Crepúsculo chega ao fim com Amanhecer parte 2 – O final. Com um tom sonolento no início, mas turbinado com uma épica cena de batalha no fim, este capítulo derradeiro do fenômeno teen criado por Stephane Meyer pode ser considerado o melhor de toda a franquia, ainda que muito limitado cinematograficamente.

Quando viu sua amada ficar por um fio para dar a luz à herdeira, Edward (Robert Pattinson) não viu outra saída a não ser transformar Bella (Kristen Stewart) em uma imortal. Agora, ambos poderão desfrutar seu amor por toda a eternidade, porém, primeiro terão de lidar com os novos poderes da moça, cuidar de sua filhinha Renesmee (Makenzie Fox), que cresceu aceleradamente, e enfrentar a fúria dos Volturi, que acreditam que os Cullen são criminosos por terem transformado uma criança. Para isso, contarão com a ajuda de vampiros dos quatro cantos do planeta, além, é claro, do agora protetor da menina Jacob (Taylor Lautner) e de toda sua matilha de lobos.

De nada adianta falar da mitologia bizarra criada por Stephane Meyer e do quanto deixa a desejar, o que interessa é como o roteiro de Melissa Rosenberg foi desenvolvido para melhor agradar os fãs da saga que já faturou mais de 2,5 bilhões de dólares na bilheteria. E se manteve o que foi visto nos longas anteriores. O texto é pobre e as falas são falsas e, muitas vezes, desnecessárias. O início do filme é a pior parte, pois o ingresso de Bella à sua nova natureza (morta) é superficial, e a jovem nem consegue passar o desconforto que é se adaptar-se à nova situação. Tudo acontece de sopetão, e mesmo com a ressalva já feita, é difícil aturar vampiros com poderes de X-Men.

A conexão de Jacob com a pequena Renesmee não é convincente, mesmo com os esforços de Lautner. E dá até para entender, pois é tão estranho este fenômeno de imprinting que um aprofundamento poderia ser compreendido como pedofilia. Além disso, problema talvez do livro, parece que há uma preocupação em fazer com que a existência da filha do casal protagonista seja direcionada a ser uma compensação amorosa para o jovem lobisomem, detentor de grande carisma entre os adeptos do best-seller. Forçada de barra até aceitável na manipulação sentimental do livro, porém nas telonas soa novela das seis demais... Haja paciência!

Quando entram em cena os Volturi, a tensão dramática injeta ânimo à história e numa sacada inteligente, seguramente a melhor coisa feita em toda a saga, traz um desfecho surpreendente ao combate voraz no final. O diretor Bill Condon soube dar dinâmica à batalha e sua experiência com musicais deixou o ritmo alucinante, levando os espectadores ao êxtase. Tem, ainda, índios vindos do Brasil, mas com uma caracterização bem Apache, mostrando que a produção não teve nem mesmo a preocupação em pesquisar a respeito dos indígenas brasileiros. Dá certa vergonha de assistir algo tão estereotipado.

Em um saldo geral, Kristen Stewart sai como entrou. Não conseguiu dar uma outra concepção à Bella, que teria de ser forte e sexy, continuou inexpressiva e com os mesmos trejeitos que carrega em todo personagem que interpreta. Pattinson tem muito menos texto e tempo de cena que a companheira, o que não faz muita diferença e nem justifica porque tem tido tantas chances em Hollywood, é só mesmo um rostinho bonito. Taylor Lautner é a figura mais carismática de toda a saga e seu Jacob teve mais méritos na dualidade que enfrentou, principalmente na segunda e terceira parte da franquia. Neste longa, fica mais restrito pelo péssimo texto dos diálogos e a relação forçada com a menina. Sua carreira pode dar certo em filmes de ação.

Apesar de todas as limitações fílmicas, Amanhecer parte 2 é, ao lado de Lua Nova, o melhor longa da saga. Mas, para que a história tivesse algo cinematográfico mais pungente, a produção teria, no mínimo, de ser mais caprichada. O que fica para os fãs de Crepúsculo é a melancolia de ter de se contentar com o fim, agora no audiovisual, da querida história, e para quem só gosta mesmo de ver bons filmes, fica apenas a certeza de que tudo não passou de um frenesi de um conto de fadas superestimado por adolescentes consumistas.



Paulo César da Silva é estudante de Jornalismo e autodidata em Cinema.
Escreveu e dirigiu um curta-metragem em 2010, Nicotina 2mg.

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