Victor Bitarello Victor Bitarello 16/05/2014

De carisma, de talento e de "Blue Jasmine"

cinemaRosto. Esta é uma parte do corpo que sem dúvida vale muito no mundo cinematográfico, em especial no hollywoodiano, que é tão profissional e trata o cinema como uma indústria. Lá, não só de talento vive um ator ou atriz. Um rosto diferente, bonito, mas não somente bonito, mas marcante, é fundamental. Temos muitos rostos maravilhosos, como Gael García Bernal, Amanda Seyfried, Channing Tatum, Penélope Cruz (aliás, esta tem o provável melhor rosto do cinema atual). Entre eles podemos incluir uma atriz fabulosa chamada Cate Blanchett. Cate tem um rosto lindo, clássico, profundo, misterioso. E a atriz, como um todo, tem uma elegância ímpar, uma atuação brilhante em tudo que faz. Cate é uma estrela! Uma grande estrela. E, como tal, ela aparece num filme chamado "Blue Jasmine".

"Blue Jasmine" conta a história de Jasmine, nome adotado por Jeanette – que não gostava do nome que tinha – uma mulher que viveu uma vida de luxo em Nova York e, após o término do casamento e da prisão do marido, se vê obrigada a ir morar com a irmã, Ginger, numa casa humilde em São Francisco. Seu drama pessoal a faz começar a falar sozinha em público ou com estranhos, sobre suas histórias e intimidades. Quando percebe que para conseguir se reerguer ela precisará começar do zero, ela decide fazê-lo, trabalhando como recepcionista e frequentando um curso de informática. Durante esse reencontro das irmãs, Jasmine, a todo tempo, critica os homens que passam pela vida de Ginger, que começa a se questionar se merece alguém mais civilizado para estar consigo, que não o mecânico Chili.

"Blue Jasmine" foi o responsável por Cate Blanchett levar seu segundo Oscar para casa, desta vez como atriz principal. E foi um prêmio mais do que justo. Enquanto a academia já premiou alguns trabalhos chatos e arrastados como Natalie Portman, em "Cisne negro", ou Gwineth Paltrow, por "Shakespeare apaixonado", Cate tem um trabalho denso e forte (aliás, força é uma característica marcante na atuação dela em geral). Ela LEVA o filme. Outra coisa também é que ela captou muito bem a essência da estrela "Woodyaliana", coisa que era muito bem feita pela diva mor dele, Diante Keaton. Woody Allen é um apaixonado pelas estrelas e Cate agradeceu sua confiança com louvor.

O filme tem excelentes trabalhos de atuação no geral. Sally Hawkins, no papel da divertida Ginger, está muito bem. Sua indicação ao Oscar de atriz coadjuvante também foi bem justa. Me surpreendeu a indicação para roteiro original. A história do filme não é interessante. O filme vale pelo prazer das atuações, pela limpeza e categoria da direção e, principalmente, pelo deleite do estilo de Woody Allen. Um cara que eu custei a gostar, mas depois que me aprofundei mais em sua obra, me apaixonei. Alguns diretores são como escritores. Levam a seus filmes não somente uma história a ser contada, mas um estilo, algo que é deles, a "cara" deles. É o caso de Allen.

"Blue Jasmine". Cate Blanchett. Woody Allen. Gostei.


Victor Bitarello é bacharel em Direito pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), pós-graduado em Direito Penal e Processual Penal pela Universidade Candido Mendes (UCAM). Ator amador há 15 anos e estudioso de cinema e teatro. Servidor público do Estado de Minas Gerais, também já tendo atuado como professor de inglês por um período de 8 meses na Associação Cultural Brasil Estados Unidos - ACBEU, em Juiz de Fora. Pós graduando em Direito Processual Civil.

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