“Olhos da Justiça”: que papelão!
Quando eu fui assistir “Olhos da Justiça” (“Secret in Their Eyes”), eu já tinha feito uma leitura da sinopse, e imaginei que colocariam Julia Roberts com franja na primeira fase, já que haveria uma passagem de anos, e esse recurso é comumente utilizado, para dar aquele ar de juventude, alterando a aparência da personagem na etapa posterior. Só que, no caso do filme, não tiraram a franja, no que eu vi uma lógica inteligente, já que o personagem dela, em virtude do enorme sofrimento que passa, perde a vontade de viver. Esquece de si e até mesmo de um senso de
vaidade. Num primeiro momento, isso parecia dizer que eu estava diante de um bom filme. Parecia.
No elenco principal, temos Julia (no papel de Jess), Nicole Kidman (no personagem Claire) e Chiwetel Ejiofor (como Ray), ator indicado ao Oscar, em 2014, por “12 anos de escravidão”. Os investigadores da divisão antiterrorismo do FBI, Jess e Ray, têm suas vidas alteradas bruscamente após o assassinato de Carolyn (Rae Graham), filha de Jess. No entanto, como o assassino é um rapaz infiltrado entre um grupo suspeito de terrorismo, a chefia da divisão decide protegê-lo das investigações, o que impede a promotora Claire de atuar no caso. Ray decide sair do FBI e, após vários anos, ele encontra um ex-detento que acredita ser a pessoa que matou a menina e inicia uma investigação, o que vai ser o desenrolar da segunda parte do filme.
“Olhos da Justiça” é inspirado em um fabuloso filme argentino, vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro em 2010, “O segredo dos seus olhos” (“El Secreto de Sus Ojos”). O longa argentino é um filme muito, mas muito bom mesmo. No entanto, “Olhos da Justiça” é o extremo oposto! É horrível, horrível! Nem copiando deu certo. Tentaram fazer uma coisa com um final bacana, surpreendente e tal. Uma trama do tipo “thriller”. Só que a ação é composta de cenas muito estúpidas, o que nos cansa demais enquanto assistimos. É claro que, para esse tipo de filme acontecer, eles acabam tendo que enrolar um pouco (porque, em regra, é o que acontece em filmes de ação). Mas o roteirista tem que conseguir fazer isso sem nos entediar. Ray é estúpido demais! O final do filme só é surpreendente para quem não assistiu “O Segredo dos Seus Olhos”, o que até pode se dizer que tudo bem, já que é uma obra declaradamente baseada e é bem provável que a maioria do público não conheça o argentino. Mas o roteiro adaptado ficou muito ruim. Ficou confuso ao longo do filme. O personagem de Julia tem uma carga dramática bem intensa, coisa que a atriz sempre consegue levar bem. Só que o problema dela é que ela tem um trabalho de expressão muito forte, um rosto muito marcante. Então ela fica chata se o diretor não souber conduzi-la. E ela sabe também seu pontos fortes, que tendem a dar efeito. E usou as mesmas coisa de sempre, o que fez ficar batido. Ela tem condição de fazer muito melhor.
O que tem de bom no filme é o trabalho da Nicole. Ela conseguiu manter seu nível o tempo todo. A direção fraca e as falhas de roteiro de Billy Ray não conseguiram atrapalhar sua atuação, que costuma ser muito boa.
“Olhos da Justiça” não é nem um pouco recomendável de se assistir. É uma péssima escolha de ida ao cinema. Uma grande perda de tempo!
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Victor Bitarello é bacharel em Direito pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), pós-graduado em Direito Penal e Processual Penal pela Universidade Candido Mendes (UCAM). Ator amador há 15 anos e estudioso de cinema e teatro. Servidor público do Estado de Minas Gerais, também já tendo atuado como professor de inglês por um período de 8 meses na Associação Cultural Brasil Estados Unidos - ACBEU, em Juiz de Fora. Pós graduando em Direito Processual Civil.
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